Mestre Fuleiro
Resposta ao texto:
Diga-me o seu nome, e dir-te-ei quem és!
Mestre Moraes
Admirado Mestre Antônio!
Não sei seu nome tamanha a fama de seu sobrenome, também não sei se o Sr é Bahiano ou Carioca, mas isto não vem ao caso.
Quando comecei a estudar a origem dos nomes, caí na Bíblia, cujos nomes (e não sobrenomes, que parecem que ninguém tinha lá salvo excessões, como: José de Arimatéia ou Jesus Nazareno que indicam localidade) sempre significam algo importante.
Já na vida Tonho é corruptela de Antônio, Zé de José, Guará de Guarabira e Pastinha e Moraes de......
Na Capoeira tinha o Antônio Ferreiro, o José Peixeiro, mas Marcos Capoeira ou Mestre Benício, porque eram jogadores ou Professores da mesma. Bimba, Canjiquinha, Leiteiro, etc, já vieram com seus respectivos apelidos, que como conta a História da/na Capoeira era para dificultar a rápida identificação pela policia!
Se Moraes e Pastinha não é o nome, é Apelido!
Se voçe estiver conversando com alguém que voçe não sabe o SobreNome e vir outro e falar: E aí Aranha, como vai? Voçe pensará quie é o apelido do mesmo, certo Mestre Gilberto? Portantanto Pastinha poderia ser por ele andar com uma peqquena pasta e Moraes, igual ao Mestre Canjiquinha, por dizer constantemente: Morô Moraes, se não morô, não mora mais!
No exterior o Sobre(acima do nome?) Nome é maior, exemplo:
Dom Pedro e seus mais de 15 nomes eram menores que seu Sobre-Nome:
D'Orleans e Bragança!
Aqui no Brasil um ícone foi/é(?) Carmen Mayrink Veiga!
Os 3 Pilotos Tri-Campeões de Formúla 1 fizeram seus sobrenomes?
Os jogadores de Futebol no Brasil e talvez no Mundo consegue impor seus nomes!
A parteira fez uma aposta com a mãe de Manoel dos Reis Machado e quando ele nasceu, a parteira falou:
É Bimba!
Expressão popular Bahiana para orgão sexual masculino!
Com a vinda dos Cristãos Novos ( embora Cristãos, foram denominados Novos, pois tinham que deixar algumas Tradições Judaícas) em fuga por causa da Santa Inquisição na Europa, ao chegarem aqui, adotaram sobrenomes de arvores, peixes, locais, flôres, animais e outras, para dificultar sua identificação!
Flôres: rosa, cravo,...
Arvores: laranjeira, maçaranduba, pinheiro, palmeira, mata.....
Aves: curió, bicudo, passarinho, pinto....
Peixe: camarão, sardinha....
Locais: serra, pedreira, Bahia, Maranhão, Ytapoã...
Outros: feio, furtado, Botelho Ferro, segura, carrasco...
Animais: carneiro, coelho, leão, barata, cobra, leitão..... .
Com uma boa dose de coincidência poderíamos ter:
Ana Cravo Pinto
Ana Segura Pinto Furtado
Ana Botelho Pinto Feio
Que estranho, centenas de famílas vivendo a décadas com sobrenomes de animais, carneiro, coelho, leão, barata, etc, e não se sentirem/sentem humilhadas!
Estarão anestesiadas ou as pessoas com quem se relacionam não acham humilhantes estes sobrenomes?
Não vou dizer que o Sr está errado no seu intento, porque citando a infeliz piada contida no livro:
Ser Negro no Brasil hoje de Ana Lúcia E. F. Valente da Editora Moderna, no capítulo:
Racismo a Brasileira, pag 24:
Porque o preto não erra?
Porque errar é humano!
Acredito que a lutas melhores do que esta de acabar com essa pseudo tradição. Tradição?
Quando foi que aprendi a classificar pessoas pela aparência?
Foi na Escola Primária!
Aprendemos a identificar, brancos, amarelos, vermelhos e negros, isso antes de Michael Jackson e suas operações.
Nasci no Morro dos Cabritos no RJ, como outros nasceram no Pavão, Cantagalo, Macacos, etc. Estudei no Paraná e Santa Catarina entre 1958/65 e lá conheci uma garota negra com o nome de Vera Lúcia Regina dos Santos ! Mais tarde estudando a História do Brasil tive que decorar os 15 nomes de Dom Pedro!
Já brincavamos com o nome Jacinto Filho, como anos mais tarde surgia a:
Mulher de Riacho Fundo casa com homem de Pau Grande!
Nunca vi la, uma só gravura ou a palavra Capoeira nos livros escolares referindo-se ao jogo/luta!
Quando foi que conheci a Capoeira no Rio de Janeiro?
Depois de 1970!
Como a maioria dos capoeiristas pelo menos do Rio de Janeiro aprenderam o nome de Mestre Bimba?
Depois de sua morte, quando alguém fêz esta música:
Quem não se lembra
Quando a notícia correu
Era no cair da tarde
Berimbau silenciou
Atabaque se calou
O pandeiro emudeceu
Morreu, Manoel dos Reis Machado
O famoso Mestre Bimba
Criador da Regional....
Em 1975 quando entrei para a Capoeira, só conhecia na Zona Sul do RJ, a Academia de Mestre Peixinho. Tempos depois o Mestre Camisa apareceu no CEU, Casa do Estudante Universitário no Bairro do Flamengo.
Desconheço se havia alguma no Centro mas ja se ouvia falar de Mestre Touro e Dentinho na Zona Norte! Em 1980 a coisa melhorou com Mestre Neco e Arthur Emídio no Leme, Camisa no Asa e Clube Guanabara em Botafogo, Mestra Sandrinha no Pavãozinho, Pai de Santo em Jacarepaguá, Mestre Gilberto na Barra, Pantera na Tijuca, Poeira em Padre Miguel e as Rodas de Caxias, Nova Iguaçu, Quinta da Boa Vista e Feira de São Cristovão!
Ou seja:
Ha menos de 40 anos ela era desconhecida na maioria dos Estados!
Salvo engano de minha parte o Boom se deu através da Rede Globo com Mestre Boneco na apresentação de Malhação!
Em seguida o carismático Marcelo Farias fez o papel de um aluno de Capoeira numa novela!
Apesar dos mais de 100 anos, a sua evolução/involução é recente e começou com Mestre Bimba e a sua similar da Angola, a Luta Regional Bahiana!
Pastinha deu uma mãozinha também, pois recebeu o Grupo Nossa Senhora de Conceição da Praia com uniforme nas côres azul e branco e mudou o nome para Centro Esportivo de Capoeira Angola e as côres para preto e amarelo!
Hoje temos a preocupante Capoeira Gospel, Capoeira Holistica, fora as que não vingaram:
Aero Poeira, HidroCapoeira!
Hoje as pessoas não conseguem separar o que fazem de sua Religião, assim temos: Igreja do Maradona, Igreja do Elvis Presley, Igreja dos Surfistas e ja temos Roda de Capoeira dentro de Igrejas Católicas e Templos Evangélicos. Falta só um doido varrido om coragem para criar a Noooosssa Igreja!
Aleluia irmão, Oh Glória!
Concordo com o Sr que certos apelidos são de lascar, como: Diabo, Capeta, etc.
Meu filho com quem treinas?, pergunta a mãe.
Com o Capeta! responde o filho.
Em um lugar do Brasil o apelido é extremamente necessário, pois existem centenas de Josés da Silva. Lembro deste verso de um Baião:
É Zé de lá, é Zé de cá, é Ze de baixo, Zé de riba, como tem Zé na Paraíba!
Pode o apelido pejorativo ser maior que a obra do agraciado?
Desconheço a História de Mestre Boneco, mas Mestre Burguês deu a volta por cima e se hoje não é invejado, e admirado! Mestre Camisa o mais novo dos 3 irmãos, Camisa Rôxa e Camisa Preta, era Camisinha quando preservativo era Jontex!
O capoeirista evangélico Porco fez a 1ª Bíblia da Capoeira e se virar Pastor será Pastor Porco?
O cantor-músico Branca di Neve nos premia com esta composição:
Qual é a côr de Deus!
Mazinho Xerife - Luiz Carlos Xuxu - Branca Di Neve)
Você sabe a cor de Deus ?
Quem sabe não revela,
Você sabe a cor de Deus ?
Quem sabe não revela.
Em vez do apart'aid, aperte a mão do negro,
O negro tem direito de viver,
Negro é paz, negro é amor, não faz a guerra,
O negro também é a esperança desta terra.
O seu sofrimento,
É como um lamento,
Que corta os quatro cantos,
Num canto de sentimento.
Fraternidade, igualdade, liberdade,
E tendo um universo cheio de felicidade,
Fraternidade, igualdade, liberdade,
E tendo um universo cheio de felicidade.
Na África tem negro com sofrimento,
Aqui também o negro tem seu lamento,
No mundo inteiro o negro tem seu sentimento.
Você sabe a cor de Deus ?
Quem sabe não revela,
Você sabe a cor de Deus ?
Quem sabe não revela
E a Lei......?
Enquanto houver Negros que gostam de seus apelidos, como: Neguinho da Beija-Flor, PretaGil, Moreno, Preto, Grafite, Branca di Neve, nós não Negros vamos vivendo neste impasse, quando será crime chamá-los assim!
Temos nomes de animais na Sociedade e na Capoeira?
Vejamos: touro, calango, suino, macaco, urubu, corvinho,cobra, etc.Conheci e treinei com o Cobra Preta, Negro, determinado, exigente, competente, dedicado, conhecedor e amante da Arte-Capoeira!
Participei de uma Oficina com Cobra-Mansa e achei-o carismático e provavelmente todos esses adjetivos acima. Meu aluno Angolinha do Pará foi treinar no RJ com o Contra Mestre Urubu por sinal aluno de Cobra Mansa.
E de quem Cobra Mansa é aluno?
Do jogador Edmundo é que não é!
Me lembrei da comediante de Zorra Total:
Faça oque eu digo, mas não faça oque eu faço!
Me enganei, é:
Isssssooooooo Poooooode!
Isssssooooooo Nãooooo Pooooode!
Meu amigo Negro após receber meu comentário no seu texto no Blogspot falou;
Porque voçe perde tanto tempo com picuinhas?
Meu amigo tem um nome que significa;
Sol Nascente, mas tem um apelido na Capoeira que significa:
moeda quilombola, lobo, ave, serra, time e futebol, duas cidades e nas cidades uma infinidades de estabelecimentos comerciais com o nome da cidade!
Por enquanto o saldo negativo na Capoeira está assim:
Mudou-se a côr da calça de Angola, alguns evangélicos estão tirando o atabaque e trocando algumas músicas por Hinos.
Um deles até recebeu a graduação de seu grupo das mãos divinas!
Campeonatos de Passo-a-dois, desvalorização do Título de Mestre com as suas divisões: Mestrando, Mestre Aspirante, Mestre Efetivo, Mestre de Honra, Mestríssimo, Grão Mestre,..... .
Eles estão acrescentando enquanto o Sr quer tirar?
Vi que seu texto concorre ao Prêmio Cultura e se for pago em dinheiro, o será pelo mesmo governo que liberou 1 milhão para os desabrigados de Santa Catarina. Até agora um ano depois só chegou 80 mil por culpa da Burrocracia!
Será pago pelo mesmo governo que não ajudou em nada as 3 mães negras do Morro da Providência, cujos 3 filhos negros, honestos, trabalhadores, provaveis arrimos de famílas, entregues por débeis mentais fardados a facção rival e covardemente assassinados! !
Aonde estava/está o Movimento Negro Carioca ou Brasileiro?
Isto aconteceu na República Federativa dos Estados Unidos do Brasil, mas se fosse nos Estados Unidos da América?
Será que os Negros de lá são mais negros que os daqui?
Será que o premiado escritor, Carioca/Baiano, (quem nasceu antes de 1964 no hoje Rio de Janeiro, nasceu na Baía de Guanabara, governado na época por Negrão de Lima!) com esse dinheiro não poderia colocar um Out-Door levantando a poeira deste tenebroso fato?
Seria um gol de Trivela alavancando a sua provavel campanha!
Salve Mestre Fuleiro!
é de Lorena
matou galinha
temperô com querozena!
Tenho dito!
ENTRE LINHAS & ENTRELINHAS
Somente ontem, 20 de junho/2009, tomei conhecimento do texto de mestre Moraes -- sobre os apelidos na Capoeira -- mas o artigo traz tantos "ganchos" que me foi impossível ignorá-lo.
Afastado voluntariamente desta luta (nem sempre muito leal!) desde 6/1993, quando um "mestre-patinador" vulgo "C. Angoleiro" quase matou meu irmão a pauladas, na presença de 15 alunos e um visitante/praticante americano (Jim S....), sinto-me intimado a comentar trechos do pitoresco escrito do doutor Moraes "Diga-me o seu nome e dir-te-ei quem és", postado em seu blog
http://mestremoraes.blogspot.com/ em 11 de maio pp., mas meus comentários só farão sentido para quem ler antes o texto citado acima.
A meu ver a obra é uma imensa "casca de banana", na qual a maioria escorregou feio... pois, mais do que criticar apelidos, a mensagem é um libelo contra os Batizados.
Não há "envolvimento das elites" na Capoeira... e se, no distante passado, houve algum bispo, ministro do Império ou jornalista de renome envolvidos com ela, eram todos (mulatos, na maioria) gente do povo. Manifestação popular (?!) com elite dentro são os desfiles nos Sambódromos, num "carnaval de bobagens" que o povo verdadeiro paga apenas para ver e de longe. A tal "classe média" do Brasil mal consegue quitar as prestações do carro velho e a escola particular dos filhos.
Mestre Moraes admite que (a Capoeira? a elite?) "absorveu elementos EXTERNOS, ligados à escravidão" como não utilizar calçado, usar calças na canela. Faltou pouco para declarar que foram os senhores de engenho que "INVENTARAM" a Capoeira.
Embora praticada por escravos, êle praticamente lamenta que ela simbolize a ESCRAVIDÃO e vai além, declarando que sua confirmação "como mais uma manifestação de matriz africana passa por uma pesquisa mais apurada".
A perda do próprio nome -- argumento maior do texto -- se torna relativa no Brasil. Angolas e nagôs, entre muitos outros povos africanos, eram separados, as famílias desfeitas vendidas para locais distantes. Não falando português (talvez até falassem, Luanda era possessão reinol), poucos se lhes importava serem chamados de Beneditos ou Franciscos.
Definir o Batizado (na Capoeira ou fora dela) como "mais uma forma de racismo" é pura sandice de mestre Moraes, mesmo que a maioria dos apelidos fosse pejorativa, afirmação da qual discordo.
Moraes incorre em dois êrros: a) aceita que as elites entraram na Capoeira e o Batizado seria consequência disso; e b) apelidar o aluno só se constituiria RACISMO se o praticante fosse mulato ou negro. Na época da criação do Batizado (e da Cap. Regional, junta êle na mesma frase!), nos anos 50/60 do século passado, eram poucos os negros na Capoeira, à excessão da Bahia e Maranhão, salvo engano meu. Frequentei a Capoeira da zona sul carioca -- onde Moraes atuava, aliás -- entre 1975 e 80, em diversos grupos e locais, sem ver nelas mais do que 2 ou 3 negros.
Quanto aos negros alforriados, depois da Lei Áurea possibilitou-se a muitos deles retornarem para a África. Imagina-se que recuperariam lá os nomes de seus ancestrais africanos... ledo engano! Luanda tem bairros inteiros de Duartes, Santos, Gomes, Souzas e Silvas, todos orgulhosos de suas origens... brasileiras.
Mas, se a elite deu na marra seu sobrenome ao ex-escravo, providenciou imediatamente a TROCA do seu próprio. Resumindo, Moraes virou Morais, os Matos e os Rebelos acrescentaram mais um T ou L ao sobrenome, o S virou Z e assim por diante.
Escravizados já na própria África -- por via de disputas tribais (ainda existentes 5 séculos depois) e devido a dívidas, furtos e outros crimes -- o africano adulto não teria como esquecer seu nome E ORIGEM.
Batizados ainda nos portos da África? Com a imensa falta de missionários para a catequese, fica dificil se imaginar um jesuita a postos só para "renomear" o escravo, sem anotação ou registro algum... até porque a Igreja Católica considerava o Negro um ser SEM ALMA, por isso concordava com a escravidão. Nas fazendas, sim, graças aos barões cristãos isso faria sentido.
E juntos, pelo infortúnio, na mesma senzala continuavam inimigos: se um nagô planejasse fuga, haveria sempre um benguela, um bantu, quimbundo, cambinda, congo, fulah ou angola para denunciá-lo ao capataz. Isso é História...
(Consulte-se o diário dos cientistas SPIX & von MARTIUS, que cruzaram o Brasil por 10 ou 15 anos, para mais detalhes.)
Andar descalço e com calças pelas canelas nunca foi "privilégio" de escravos: quase todos os pobres da Idade Média na Europa andavam assim, calçados eram caríssimos e longas roupas arrastando no chão eram luxo da realeza. A Angola baiana, cansada das perseguições de uma polícia venal, corrupta e injusta -- qualquer semelhança com os dias atuais é mera "coincidência" -- deu ares mais decentes (?!) (ou brancos ?) às suas rodas e festas, definindo a calça social e o SAPATO como partes integrantes de sua prática.
Fotos antigas do "brinquedo" no cais dos portos baianos (ou em praias próximas) mostram angoleiros descalços e com sapato, rodas só com 2 berimbaus e sem atabaque, até porque a falada TRADIÇÃO nunca existiu na Capoeira, onde a qualidade maior de quase todos é o CINISMO e sua filosofia (se é que têm alguma ?!) é... "faça o que eu digo, mas não o que eu faço!" Isso perdurará pelos séculos afora.
Doutor Moraes se preocupa com um pequeno aspecto (os apelidos) da Capoeira, quando parcela maior -- instrutores, professores, mestríssimos e grãos-mestres -- está a deturpá-la e "modernizá-la" sempre mais.
Chulas racistas (dá no Negro / pega esse Negro...), rodas nas ruas que viram verdadeiras batalhas e os preceitos antigos (vulgo tradições) sendo desrespeitados a toda hora são coisa comum.
Essa confederação-maravilha inventou toda sorte de aberrações, em seus primeiros dias (1992/3), inclusive festivais de "passo-a-dois" e campeonatos infantis. Admitia considerar como velhos Mestres (?!), dezenas de preguiçosos oportunistas que se dedicaram muito pouco à Capoeira... e sabiam menos ainda. Como os 2 baluartes desse "deserto de quase tudo" no qual pago todos os meus pecados.
Esses dois ESPANTOS têm uma estória de vida inacreditável... se o têrmo IMPOSSÍVEL não estivesse ligado à Capoeira. Um, com diploma de aluno de Pastinha -- embora sequer tenha conhecido o Mestre -- quase não deu aulas em 35 anos de "mestrância". O outro, pior ainda: foi (ou é?!) um dos elementos mais nefastos da Capoeira nacional.
Quando se criou em Salvador a ABCA -- com os velhos Mestres da Angola (em 1991?) -- enviei extensa carta com a "biografia" dos 2 contadas a mim por êles mesmos, em 60 minutos de entrevista gravada, em 1989.
Tudo inútil... o ícone maior da Capoeira contemporânea baiana viria anos depois dar seu aval de angoleiro respeitado a uma das maiores farsas que tive o desprazer de presenciar na vida. Antes que alguém me desminta, convivi intimamente com esses 2 "fenômenos", satisfazendo-lhes vários caprichos (entre 1987 e 1989), até ver o descompromisso de ambos com a Capoeira que juram representar.
Não posso me alongar mais, embora os deslizes cometidos por mestre Moraes dêem para "fazer uma feira", tal a quantidade. Conheci Moraes num jogo memorável com (em 1976?) num clube na Ladeira do Leme que. dizem os boatos, funcionava como cassino.
Quase todos os velhos professores do Grupo Senzala nessa época (1975/80) se diziam alunos vindos de Bimba ou, pelo menos, da Regional Baiana. Os uniformes ("abadás") eram longos, cobriam a frente do pé e alguns tinham UMA ALÇA que passava pela sola. Eram de lycra, cintura alta quase cobrindo o umbigo. Hoje, vejo fotos de Batizados onde o aluno expõe "meio rabo" para a platéia e um trazia o nome do grupo estampado de um lado a outra da bunda.
Os NOMES, como as caras e os títulos, hoje em dia ENGANAM ao mais sagaz dos filósofos e não vai ser mudando apelidos que iremos melhorar isso. Como bem diz o amigo... "a História está repleta de fatos", que o sr. cita sem esclarecer, além de frases que são verdadeiros enigmas.
Os apelidos, nos antigos, protegiam SEUS NOMES REAIS e não serviam "para se esconderem da polícia" (?!), absurdo intencional da parte do Autor. A "explicação" sobre a investida policial contra homônimos carece de sinceridade e clareza, a não ser que Moraes admita que cada "capoeira" perseguido tinha um bandido COM IGUAL ALCUNHA.
É obrigação de quem me lê (ou leu o artigo de me. Moraes) consultar o romance da capoeiragem chamado O CORTIÇO, de Aluísio de Azevedo. Famintos, sem casa nem trabalho, os ex-escravos uniam-se em cortiços, as "cabeças-de-porco" ou, dos Morros próximos, desciam à noite com paus e pedras, a assaltar quem encontrassem pelas vielas e caminhos.
-- "Aqui, del Rey!" -- substituido ao sabor dos tempos por... "Acuda", "Valha-me, Deus" ou "Socorro" -- tornou-se o têrmo mais usado pela plebe ignara, abandonada à própria sorte por uma polícia preguiçosa e covarde.
A sanha policial contra os "capoeiras" tinha intenção original: providenciar VOLUNTÁRIOS para as Guerras contra o Uruguai (1864/65) e o Paraguai (1865/69) ou, no Nordeste dos "cabras de LAMPIÃO", prover milícias, as "volantes", para combater os fanáticos do Antônio CONSELHEIRO (1895/97), mais dois apelidos a fazer História. Como filho de barão não podia ser soldado, "limpava-se as cadeias" (no país inteiro) da escumalha que enchia seus porões.
Por falar em guerras, como o Brasil ignorara os tratados de 1817 e 1827 e a Lei de 1831 -- que exigia o fim do tráfico de africanos -- a Grã-Bretanha em 1845 declarou guerra aos navios negreiros, além de proibir ao Brasil comerciar com qualquer nação, exceto ela. Nenhum motivo cristão a impeliu, dizem que os "tumbeiros" capturados iam parar nas costas da Jamaica, Antilhas e Cuba, ainda com escravos.
A produção nacional de açucar, mais barata pela mão-de-obra escrava, e o comércio francês farto e variado, incomodava os súditos da velha Rainha. Com a desculpa de impedir o tráfico, capturavam navios comerciais aos montes, "às pencas".
O Brasil criou a pêso de ouro um tribunal internacional para condená-la (espécie de ONU), mas perdeu tempo, dinheiro e a causa. Ninguém ousava ir contra o poderio naval da Inglaterra, com uma esquadra de 1200 barcos, o terror dos 7 mares.
Daí, quando INGLESES aportaram aqui, verdes ou azuis, alforriados ou livres, foram postos a ferros. Afinal, a elite da época estava sendo privada das sedas e perfumes, dos vinhos, licores e champagnes, espelhos e vitrais, calçados e chapéus, corpetes e espartilhos, pintores, arquitetos e até LIVROS com as idéias de liberdade, igualdade e fraternidade.
Quanto à ANCESTRALIDADE do nome, só a tem quem OS PAIS instruíram para compreender isso. Iracemas oriundas de romances famosos, Albertinhos e Gabrielas nascidos de novelas de TV ou as "Lêyddis Khêittys" que os pais modernos "adaptam" do inglês para dar aos filhos não têm ORIGEM, afora as Louises e Francinettes, os Jean, Charles e François "importados" de França. Da raiz latina (ou grega) vieram 80% dos nomes atuais, sejam êles de santos, reis ou plebeus e suas preocupações com as "plagas européias" fazem pouco sentido.
ESCRAVA de todos nós, a CAPOEIRA segue mais LIVRE do que nunca... com ou sem BATIZADOS, iniciação tribal que existe no seio da Humanidade desde os tempos das cavernas.
Embora o amigo tenha esquecido (?!) é na África que os nomes, por tradição, se fazem acompanhar de apelidos. Primeiro, relativos ao DIA DA SEMANA em que se nasceu... depois, referindo-se à ocupação dos pais, local de nascimento, qualidades de algum membro do clã, vegetação, animais, etc. Em quase toda a Ásia e em boa parte da Europa é o NOME DE FAMÍLIA (leia-se, o sobrenome) que tem valor.
Como rito de iniciação, o Candomblé é um dos exemplos clássicos de "batismo", no caso de mulheres ("yaôs"), pois homens ligados a êle raramente vi. Em geral, apenas como "abatalás ou ogãs" (não sei se é a mesma coisa!), tocadores de atabaque nas cerimônias.
Capoeirista "macumbeiro" se contava nos dedos, até porque macho e religião não se atraem.
Moraes termina conclamando os Movimentos Negros... os mesmos que deixaram os sagrados movimentos das "yalorixás" virarem a "dança da rodinha ou da garrafa" SEM DAR UM PIO. São entidades "políticas"... ficam a espreitar um incauto qualquer que, num gesto discriminatório, possa lhes dar palco e câmeras para suas vaidades.
Dentro deles, nenhum projeto artistico a favor das crianças negras, nenhum cadastro de artistas negros, nenhuma pressão sobre o Poder público para favorecer essa imensa maioria de desassistidos e ignorados.
Quanto à Lei 10.639, a única da qual ouvi falar ordenava o ensino da História da África nas escolas públicas... não tratava nem de Capoeira e nem de apelidos.
Caro mestre: o senhor me surpreendeu... ao contrário.
Espero que sejas mais feliz no próximo artigo. Com todo o respeito,
"NATO" AZEVEDO
(escritor e poeta)
Meu texto "ENTRE LINHAS & ENTRELINHAS" ensejou, num megasite cultural, o comentário abaixo, que reproduzo SEM O NOME DA AUTORA, para evitar-lhe os aborrecimentos que estou tendo agora, apenas por expor minha opinião:
Perfeito! Esse papo de 'cultura popular' é herança do CPC, dos anos 60. A Capoeira, um dos poucos e grandes legados do Brasil à humanidade, é fruto de fenômenos sociais, como toda grande manifestação cultural de massas. E quanto à presença da 'elite branca', dá-se o mesmo que no Blues americano. Não fosse a presença maciça da classe média, ávida e curiosa em qq lugar, a capoeira teria desaparecido. Conheci e pratiquei um pouco nos anos 70, em Copacabana e S. Cristóvão, com um colega de trabalho, mulato classe média baixa. Hoje, a Capoeira é praticada nos EUA e Europa, graças a este tipo de divulgação 'classe média'. A juventude negra e favelada migrou para o terrível 'fanqui' e sua boçalidade. Este tornou-se a 'cultura popular', para desgosto dos CPCistas. Nos EUA, o negro só pensa em RAP, outra bbosta. Largou o Blues nas mãos brancas universitárias.Não li o artigo (não o encontrei), mas conheço o discurso. Quanto a batizados e sobrenomes, nossos 'heróis' continuam sem sobrenome. É Martinho da Vila, Zico, Pelé, Roberto Carlos, Xuxa, Leonardo 'do Milan', Chitãozinho e Xororó, Lula(lá fora é Lula da Silva), Robinho, Dunga,Fernando Henrique(lá fora Pres. Cardoso),Getúlio, etc... E por aí vai ... Poucos famosos têm sobrenome, embora tenham sido 'batizados". Continuamos na Idade Média. Apenas jornalistas e escritores têm sobrenome.
(uma jovem) Rio de Janeiro (RJ) · 27/6/2009 -- 08:07
A CANOA VIROU...
"CAPOEIRA é o jogo na roda...
tudo o mais é (apenas) consequência
disso. Ou, em outras palavras, o resto
pouco importa !"
NESTOR CAPOEIRA -- numa "releitura"
particular de "Nato" Azevedo.
"Vou me embora desta terra,
que aqui não posso ficar.
Vou dar descanso ao meu nome...
vou dar sossego ao lugar."
"auto" (trecho de peça) cantada por
mestre "LUA", em Niterói, em 1977/78
E morreu ontem, 26/junho 2009, o maior artista negro do Mundo, talvez -- em quantidade de fãs e admiradores -- maior do que Pelé, Cassius Clay ou Carl Lewis, o velocista que "derrotou" Hitler. A TV Record registrou que, só na lista telefônica da capital paulista, existem DUZENTOS Michael Jackson, a jogar por terra (ou no mar) a teoria da ANCESTRALIDADE DO NOME, um dos temas mais importantes do artigo de mestre Moraes, sem considerarmos nomes "criativos" juntando metade do nome paterno com parte do nome da mãe.
Mas até mesmo NO TÍTULO... "Diga-me o SEU NOME e te direi quem és!" o texto é um equívoco, a não ser que o Autor seja mediúnico ou pitonisa. Há certa dose de "pré-conceito" na afirmação e que poderia desqualificar a obra.
Meu nome é CINCINATO ("nascido simples", na origem latina da palavra)... e daí?! Aliás, quase minto, meu nome é CELSO, que recebi na pia batismal e que o pai, dizendo ser nome DE POBRE -- seria essa a tal "ancestralidade"? -- trocou pelo pomposo e sonoro prenome citado acima. E se eu disser que, além de crismado LUÍS (por escolha minha), no hospital onde nascemos, gêmeos, a certidão de vacina BCG traz os "nomes" de Cosme e DAMIÃO ? E agora, mestre Moraes ?!
No tempo em que estudamos no Primário, nos anos 60, o nome de batismo se chamava PRENOME cuja definição, nos dicionários da época era "nome que ANTECEDE o nome de família". Mas, isso é outra história !
O escritor Pedro (do latim "Petrus") não é doutor, embora lecione História em universidade ou faculdade. Contudo, errei por pouco, caro Professor Moraes... a "ancestralidade latente" em seu PRENOME me permite tal liberdade. Senão, vejamos: o primeiro Papa da cristandade, um Czar de imenso poder na Rússia de 1700 e tal e o meninO-Imperador que govermou o Brasil por quase 30 anos.
Da meia dúzia (ou mais) de temas que mestre Moraes pincela em seu texto, boa parte é verdade pela metade... ou nem isso! A presença das elites -- no plural, não sei porquê! -- na Capoeira, a polêmica ancestralidade, o tal Batismo dos quase-escravos nos portos africanos -- declaração que seria transposta de obra de João Reis -- dificil de se crer pelo simples fato de que eram raríssimos os missionários naquela época e porque a Igreja, que mantinha escravos em seus Colégios jesuitas e na paróquias, via no Negro "um ser SEM ALMA".
Tem mais: "a prática de batizar o aluno (e dar-lhe um apelido) seria mais uma forma de RACISMO". Tal afirmativa se refere aos grupos de Capoeira atuais, onde o número de mulatos e negros continua modesto. Embora tal "ritual" não conste das tradições da Capoeira, CONSTA DA HISTÓRIA DO NEGRO que a gerou, apenas aqui no Brasil, acrescentaria Moraes.
E voltamos ao início de tudo: os ancestrais do negro Manoel e do mulato Vicente BATIZADOS nos portos de Benin, Congo, Moçambique e Sudão -- obrigado pela contribuição, mestre Cobra Mansa! -- ou na chegada do navio negreiro no Rio ou Salvador, com um terço da carga macabra, por vezes nem isso.
Quanto aos APELIDOS nos Grupos, se A MAIORIA deles (metade mais 1) hoje em dia fossem mesmo pejorativos, seriam estúpidos os alunos que os aceitassem e mais estúpido ainda o "instrutor" -- me recuso a chamar de Mestre um sonso desses -- que, vivendo da mensalidade dos alunos, quizesse depreciá-los tanto.
Portanto, outra "meia verdade" do texto infeliz de mestre Moraes, embora ainda existam apelidos RACISTAS mesmo (até no futebol), por se referirem à côr da pele. GRAFITTE é um deles, que a Imprensa nacional repete a toda hora e os tais Movimentos Negros fingem não ver nem ouvir.
E chegamos aos BATIZADOS, o alvo principal dos "rabiscos" de mestre Moraes. (Seria êle um dos tais ELEMENTOS EXTERNOS ligados à Capoeira?!) Recebi emails que quase me acusavam de DIFAMAR o autor e diziam ver rancor contra êle no meu texto. A interpretação de uma obra depende do (des)conhecimento de cada leitor... não me aborreço com isso.
Embora concorde (com êle!) na extinção dos apelidos, TODOS ÊLES, defendo com unhas e dentes os BATIZADOS, "batismos" -- isso é coisa de crente! -- ou que outro nome um Vieira qualquer venha dar para a festa, o evento.
BATIZADOS são a única vez no ano em que o Grupo de Capoeira se mostra -- muitas vezes de forma inadequada -- para a comunidade onde está e é quando os pais vão conferir o quê e como o filho/filha está aprendendo e o TIPO de professor ou Mestre (valha-me Deus, Senhor São Bento!) que dirige o Grupo.
Mestre Moraes sai do seu sagrado silêncio para admitir que seu texto era realmente "uma casca de banana" -- enfim, acertei uma! -- mas que foi eu quem escorregou nela. Isso é uma questão de ponto de vista. Reclama que não defini em que região do imenso continente negro OS APELIDOS, por tradição, estão ligados AO NOME, embora NÃO NEGUE minha assertiva.
Aponta que confundi POVO com ETNIA, "neologismo politicamente correto" mas que RENEGA o que eu, Moraes e quantos mais que frequentaram a EP nos anos 60 aprenderam. Hoje, nos livros escolares, a RAÇA é uma só... a HUMANA ! Em que muda meu argumento saber que BANTU não é povo, raça, grupo, dialeto ou culto mas, sim, ETNIA? "A ordem dos tratores não altera o viaduto", acrescenta meu irmão, o piadista da família.
Para finalizar, mestre Moraes argumenta que nas fotos citadas por mim (de angoleiros baianos em 1950 e tal, em rodas nas praias e no cais) fica dificil identificar quem é ou não escravo (?!) e que "EM CERTAS CIRCUNSTÂNCIAS o calçado definia quem era escravo ou senhor".
Assim, é covardia: tal expressão permite a negação ou confirmação de absolutamente TUDO. No Brasil daqueles tempos meia cidade usava sapatos... e não tinha escravos simplesmente porque era CONTRA A ESCRAVIDÃO, como o jornalista José do Patrocínio ou o "saca-molas" " Tiradentes", para ficar só nesses.
Dou por encerrada a questão, quem quizer que continue...
"NATO"AZEVEDO
(escritor e poeta "de latrina")
O comentário abaixo faz parte do texto:
A canoa virou!
7 -- quanto ao BATIZADO, o nome é impróprio para o que se faz na Capoeira. Afinal, o aluno formado ou o contramestre passam por teste IGUAL ao do iniciante... logo, se a Capoeira ADOTAR O NOME REAL do praticante, o graduamento (ora chamado de "Batizado") continuaria sem problemas. Portanto, caro Moraes, ponto prá mim.
"PAU que dá em Chico, dá em
Francisco", meu caro PAUlinho... você me repreendeu por ser "a favor"
(?! -- ou quase isso) dos apelidos e vejo você a APELIDAR seu
correspondente de... "RABIOLA", a linha que mantém a "pípa" numa
direção. (OBS.: apelido exato, perfeito, para quem o recebeu.)
E voltamos a regra número 1 da Capoeira, desde sempre:
"FAÇA O QUE EU DIGO, MAS NÃO O QUE EU FAÇO"!
Dou por ENCERRADO esse triste momento de minha... hesitei por 20
dias em questionar o texto de me. Moraes, sabia o que esperava. No Rio
de outrora SÓ HAVIA a "luta do pau" e o boxe, ambos de origem inglesa e
uma tal SINHOZINHO, "capoeira" SEM MÚSICA e quase sem ginga. A
capoeiragem carioca VEIO COM MÚSICA... agora, de Pernambuco, segundo
Itamar.
Então, NÃO É CARIOCA"... e ponto final!
Então, NÃO É CARIOCA"... e ponto final!
LAMENTO não responder aos que enviaram comentários ao meu texto. DESCULPEM, não tenho estômago para mais nada!
CINCINATO PALMAS AZEVEDO
(ANANINDEUA, Pará, BRASIL)
http://gigi-proffissaomaeemtempointegral.blogspot.com/2011/04/queridas-amigas-osem-primeiro-lugarpeco.html
PS: Vai um chá de Picão, Assacu, CusCus, Sacanagem, (palito com Tira-Gosto]. ....
Fecho com estas bebidas que poucos conhecem!!!