segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mestre Valter&Grupo de Capoeira Liberdade!

Homenagem a Mestre Valter!


Mestre Valter (1955-2010) e Mestre Beto!

Mestre Bicudo mais conhecido como Mestre Valter caiu do céu aqui na Cidade Nova 6 em Ananindeua, Pará. Conheci-o por acaso quando passava na Arterial 5 e ouvi o som do berimbau.
Conheço minha má fama por isso não parei na primeira vez que vi o seu espaço, por sinal inacreditávelmente pequeno, uns 3x4 metros!

Fui passando e olhando por vários dias até confirmar que não era alguém que eu conhecia e portanto tambem não me conhecia. Determinado a conhecer esse novo professor de Capoeira do pedaço fui e pedi para ver seu trabalho. Permitiu me colocando dentro do exiguo espaço enquanto dava aulas para uns 5 abnegados alunos.



Mestre Valter se mostrou um bom professor, educado, muito técnico, exigente, sério, extremamente incentivador do aluno que demonstrasse fraqueza no executar de um movimento.
Era tipo da pessoa que faz amizade fácil, com um olhar penetrante e um sorriso cativante. Me conquistou totalmente e resolvi dar força ao Grupo que florescia com um pouco de meu conhecimento, que é/era tocar e cantar.

Logo o nosso som a beira da pista principal trouxe mais alunos e ficou impossivel continuar naquele espaço.
Mudou-se para outro, mais perto de minha casa e 1 metro maior!
Nesta altura do campeonato ele ja estava bem divulgado no bairro e visitava meu maior inimigo, o Patinador!

Por isso me afastei de Mestre Valter mas não da amizade dele e no dia em que ele resolveu inaugurar a nova academia 4x4 metros veio me convidar e falou que também tinha convidado o ícone da Capoeira do Bairro: O Patinador!
Falei que era/é impossível eu estar aonde o Patinador estiver e ele compreendeu. Avisei que se preparasse pois o Ícone não é de perder a viagem e não deu outra.

Foto Carlos Rauda

O ìcone chegou com uns 15 alunos cada um com o seu berimbau e embora Mestre Valter tivesse avisado que era uma inauguração com pouco tempo de duração, o cara não se preocupou com isso. Se a academia só com os alunos do Mestre ja ficava cheia, imagino com os 15 do ícone!
Exímio na arte de se promover o Patinador tomou conta do evento!

Mandou seus alunos colocarem os berimbaus no chão e foi um a um afinando os mesmos. Os possiveis minutos para a apresentação do jogo dos alunos e depois a roda livre foram se esvaindo, sem que a educação de Mestre Valter lhe permitissem acabar com aquela presepada!
Depois desse fatídico evento nem o Mestre, nem seus alunos visitaram mais a academia do Patinador!

Mestre Valter, Ori, Junião, Leiteiro e Adauto! Foto Carlos Rauda

Quis Deus que essa nova mini academia fosse bem ao lado de amplo e abandonado Centro Comunitario e o apelo da comunidade cujos filhos praticavam essa Arte forçou a dona do centro -eleita pela comunidade- a abri-lo!
Foi a glória:
O Centro com 10x20 metros em poucas semanas estavam lotado e uns alunos vinham do Patinador!

Mas alegria de pobre dura pouco e embora o Centro só usasse 2 lampadas de 60 wats a conta vinha pelos 15 reais!
Só para comparar eu hoje durmo com uma lampada acessa e uso tv 18 horas por dia e minha conta é abaixo de 4,00 reais!
Mesmo assim Mestre Valter e seu Grupo de Capoeira Liberdade conseguiu fazer um dos mais belos Batizados, vindo quase todos os melhores Capoeiristas da época e de lugares muito longe como Castanhal!

Coloco 4 fotos Cortesia de Carlos Rauda para á apreciação daqueles lá estiveram e puderam homenagear essa figura ímpar, grande perda para a humanidade, querido de todos:
Mestre Valter!

A gente morre, a terra come
Fica a fama
Morre o homem!

aDeus, aDeus/ eu vou agora/ eu vou para o céu/ vou jogar Angola!

Da esquerda para a direita: Mestre Beto e Gigante de corda Azul nos Berimbaus!
Jogando: Mestre Leão!Foto Carlos Rauda

Porque coloquei a história do Patinador?
Porque na volta que o mundo deu, na volta que o munda dá, um aluno do Patinador, o Gigante, é hoje um professor de vários polos do Grupo de Capoeira Liberdade do tão querido Mestre Valter!
Sou eu sou eu quem vem lá.....

Colagem: Leiteiro Arte gráfica e serigráfica: Nelson Guedes!

PS:
Fiz esse refrão em homenagem ao grupo, adaptando-o a esse lindo samba da Escola de Samba do Estácio!
O negro na senzala cruciante
Olhando para o céu
pedia a todo instante
e em seu canto
lamentos de saudade
Apenas uma coisa:
Liberdade!
Liberdade, liberdade, liberdade
é o grupo de Capoeira mais bonito da cidade
Liberdade, liberdade, liberdade
Aqui não tem traição, mentira ou falsidade
Liberdade, liberdade, liberdade
é Valter, Gigante e Ori, com respeito e amizade
Liberdade, liberdade, liberdade
Aqui o professor tem, dedicação e capacidade
Liberdade, liberdade, liberdade
eu falei mais liberdade, eu disse liberdade
Liberdade, liberdade, liberdade


Mestre Beto jogando com um aluno! Foto Carlos Rauda

http://www.bercodosamba.com.br/coluna_negritud...
A Estácio de Sá teve seus “dias negros”: 1972 -
RIO GRANDE DO SUL NA FESTA DO PRETO FORRO
(Nilo Mendes, Dario Marciano)
O negro na senzala cruciante/ Olhando o céu pedia a todo instante
Em seu canto e lamentos de saudade/ Apenas uma coisa: Liberdade!


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