sábado, 19 de novembro de 2011

O Lendário Capoeirista Ciríaco x o Judoka e Pé de Bola!



Em 1904 a Marinha de Guerra do Brasil tinha acabado de contratar, diretamente do Japão, um grande campeão e professor de ju-jutsu, o japonês Sada Miyako. Foi o que bastou para despertar, em atuante grupo de acadêmicos de medicina, a idéia de um tira-teima com a capoeiragem brasileira.

Apresentaram, como oponente ao japonês, o campista (Município de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro), o Senhor Francisco da Silva Cyríaco, mais conhecido como Cyríaco Macaco Velho. Francisco da Silva, mestre de vários desses universitários, era considerado um dos maiores, senão o maior capoeira brasileiro da época.


 Depois de natural relutância, autoridades (inclusive autoridades militares) e o Sr. Pachoal Segreto, proprietário-administrador do Pavilhão Internacional, resolveram aceitar o desafio.
Em muito pouco tempo, Brasil e Japão tomaram conhecimento do resultado da luta. Cyriaco, com surpreendente rabo-de-arraia vencera o campeão que, perplexo, não aceitou a revanche que, ainda no tablado, lhe foi oferecida pelo capoeira.
Na verdade Sada Miyaco esportivamente estendera-lhe a mão para comprimentar o capoeirista, en troca recebeu um violento golpe de capoeira e acabou perdendo a luta devido o golpe desleal.


A foto publicada pela Careta é prova absoluta do combate,O fato é que esta matéria da Careta é marcante. Até pelo fato de ter registrado o confronto de Mestre Cyríaco com o campeão japonês Sada Miyako, contratado pela Marinha de Guerra do Brasil. Confronto oficial, formal, fartamente divulgado pela mídia, com bilheteria, e que contou com a presença de aficionados de luta, da sociedade em geral e de autoridades públicas da então Capital Federal. O que joga por terra, entre outras coisas, a "folclórica" versão que, muitos anos mais tarde, Getúlio Vargas, impressionado com um jogo de capoeira, assinou decreto liberando sua prática.
Exemplar da famosa Revista Careta, de 29 de maio de 1909.


"Cyriaco, como todos sabem, venceu em poucos minutos, no tablado do Concerto Avenida, o até então invencível Sada Miaco, professor japonez da luta jiu-jitsu. Cyriaco, natural de bom gênio, mas destro e conhecedor de capoeiragem como poucos quis repetir a dose, no que não consentiu o japonez vencido. Isto vem provar mais uma vez as vantagens da capoeiragem como exercício, que há longo tempo preconizamos pelas columnas do Jornal do Brasil, vantagens que subiriam mais se fosse methodizado o exercício, expurgados os golpes misteriosos e mortaes".
(Revista da Semana, 30 de maio de 1909 - Domingo - Anno IX - 472)

  “Em "A Pacotilha", São Luís, segunda feira, 14 de junho de 1909, há uma noticia que tem por titulo "JIU-JITZÚ" - certamente transcrita de "A Folha do Dia" - do Rio de Janeiro (ou Niterói):

"Desde muito tempo vem preocupando as rodas esportivas o jogo do Jiu-Jitzú, jogo este japonês e que chegou mesmo a espicaçar tanto o espírito imitativo do povo brasileiro que o próprio ministro da marinha mandou vir do Japão dois peritos profissionais no jogo, para instruir os nossos marinheiros.
"Na ocasião em que o ilustre almirante Alexandrino cogitava em tal medida, houve um oficial-general da armada que disse ser de muito melhor resultado o jogo da capoeira, muito nosso e que, como sabemos, é de difícil aprendizagem e de grandes vantagens.
"Essa observação do oficial-general foi ouvida com indiferença.
"A curiosidade pelo jiu-jitzu chega a tal ponto que o empresário do "Pavilhão Nacional", em Niterói, contratou, para se exibir no seu estabelecimento, um campeão do novo jogo, que veio diretamente do Japão.
"Ha alguns dias esse terrível jogador vem assombrando a platéia daquela casa de diversões com a sua agilidade indiscritível, com os seus pulos maquiavélicos. Todas as noites o campeão japonês desafia a platéia a medir forcas com ele, sendo que, logo nos primeiros dias de sua exibição, se achava na platéia um conhecido "malandrão".

    "Feito o desafio, o "camarada" não teve duvidas em aceitar, subindo ao palco.

    "Depois de tirar o paletó, colete, punhos, colarinho e as botinas, o freguês "escreveu" diante do campeão, "mingou" abaixo do "cabra"; este assentou-lhe a testa que o japones andou amarrotando as costelas no tablado. A coisa aqueceu, o japonês indignou-se, quis virar "bicho", mas o brasileiro, que não tinha nada de "paca" foi queimando o grosso de tal maneira que a policia teve que intervir para evitar ... o japonês.

    “'A Folha do Dia' narra o seguinte: 'Diversos freqüentadores do Pavilhão Nacional vieram ontem a esta redação apresentar o Sr. Cyriaco Francisco da Silva, dizendo-se o mesmo senhor vencido o jogador japonês que se exibe atualmente naquela cada de diversão.

    "O Sr. Cyriaco é brasileiro, trabalhador no comercio de café e conseguiu vencer o seu antagonista aplicando-lhe um "rabo de arraia" formidável, que no primeiro assalto o prostrou.

    "O brasileiro jogou descalço e o japonês pediu que não fosse continuada a luta.
    "Ficam assim cientes os que se preocupam com o novo esporte que ele é deficiente. Basta estabelecer o seguinte paralelo: no jiu-jitzu a defesa é mais fácil que o ataque; na capoeiragem a grande ciência é a defesa, a grande arte é saber cair.

    "Sobraram razões ao nosso oficial general quando dizia que o brasileiro 'sabido, quando se espalha, nem o diabo ajunta'.". (Grifos nossos).

Pé de Bola!
Em outubro de 1915 teve uma apresentação em Belém no Bar Paraense (era um Cine tetro e bar localizado dentro da Fabrica de cerveja Paraense CERPA - localizado na avenida da Independencia hoje é um conjunto habitacional com nome de independencia no centro de Belém aconteceu um confronto envolvendo o judô e a capoeira, o japonês do Kodokan, o Satake ( amigo de Conde Koma) lutou contra o capoeirista Pé de Bola e venceu a luta por imobilização, ou seja não foi o Conde Koma que lutou com o Pé de Bola como relata o Stanley Virgilio em seu livro e a mídia do jiu-jitsu no Brasil.

Alguns anos depois um outro combate entre as duas modalidades aconteceu com o patriarca da Familia Gracie, Carlos Gracie acompanhava de perto tudo que aconteciam no mundo das lutas, certo dia ouviu uma história antiga, que o deixou indignado, a respeito de um japonês chamado Sada Miyako que se dizia lutador de jujutsu, e que fora vítima de uma farsa.Antes de iniciar a luta com o capoeirista Cyríaco, muto famoso no Rio de Janeiro, Miyaco esportivamente estendera-lhe a mão para comprimentar o capoeirista, em troca recebeu um violento golpe de capoeira, um forte chute no rosto.

Esse confornto aconteceu em 1904, no Pavilhão Internacional. Ao tomar conhecimento do acontecido, Carlos ficou furioso com o que considerou uma deslealdade.Quando outro famoso capoeirista valente, o estivador Samuel fez referências desrespeitosas ao jujutsu, Carlos Gracie sentiu-se atingido, viu que era chegada a hora de vingar Sada Miyaco, dando uma lição naquela turma de capoeiristas.
Foi Carlos Gracie ao jornal e desafiou Samuel.
A luta entre Carlos e Samuel foi realizada na Associação Cristã de Moços, o juiz foi um professor de educação física. Foi uma luta sem regras, porém antes do início da luta, Carlos e Hélio fizeram uma demonstração de jiu-jitsu.
Os relatos afirmam que o Capoeirista Samuel era forte e muito ágil. Carlos exigiu que o mesmo usasse uma camisa para o combate, nos primeiros contatos dos lutadores na luta corpo-a-corpo a camisa se desfez.
Fou uma luta dura, Carlos conseguiu derrubar mas Samuel não era um oponente fácil, Carlos montou e socou muito Samuel, mas o capoeirista resistia, a luta durou cerca de dez minutos até Carlos aplicar um estrangulamento frontal, desesperado o capoeirista ataca os testículos do jujutsuka o levando a quase desmaiar, se recuperando Carlos encaixou-lhe uma chave de braço, mas Samuel escapou mordendo-lhe a perna.
Novamente Carlos consegue a montada e começa uma sequência de golpes que por pouco não termina com a vida de Samuel que persistia mas nada podia fazer para se defender.
O público separa os lutadores e o juiz, apesar de constatar a superioridade do jujutsuka, deu a luta como empate alegando não ter havido uma desistência de Samuel.


O Texto acima e abaixo foi extraido do blog Judo Tradicional Goshinjutsukan
[nickname]http://judotradicionalgoshinjutsukan.blogspot....[/nickname]




“Praticar uma arte marcial como simples treino esportivo equivale a cultivar flores num jardim de cimento; não produz flor nem eficácia.  
Os esportes estão codificados por regulamentos estabelecidos para suprimir o máximo de perigo; é o objectivo do esporte. As artes marciais devem fomentar a audácia, o sangue-frio, a resistência, o golpe de vista, diante dum ataque armado ... dum combate em que se pode perder a vida ... não um título; é o objectivo das artes marciais”. 
Tadashi Abe (7.º dan de Aikido)




Uma queda! 
Um golpe! 
Não terminam o combate, se a queda for amortecida, se o golpe foi superficial ... porquê considerar-se vencedor por destes factores? 
O esporte é generoso em fazer crer no milagre! 
Se o combate for real ... se a mão segura uma faca ... essa glória será talvez póstuma. Entre a teoria e a prática, entre o esporte e a realidade, pode haver a diferença da vida e da morte”.  
Tadashi Abe (7.º dan de Aikido)





"A meta final do JUDÔ KODOKAN é o aperfeiçoamento do indivíduo por si mesmo, desenvolvendo um espírito que deve buscar a verdade através de esforço constante e da sua total abnegação, para contribuir na prosperidade e no bem estar da raça humana"
"Nada sob o céu é mais importante que a educação!
Os ensinamentos de uma pessoa virtuosa podem influênciar uma multidão; aquilo que foi bem aprendido por uma geração pode ser transmitidas a outras cem."
Jigoro Kano

Fonte : http://www.capoeira.jex.com.br/