quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O MESTRE: REAL OU FANTASIA ?!



O MESTRE: REAL OU FANTASIA ?!

"Olha o jogo do mestre...
(côro: mestre, mestre!)
eu também quero ser mestre!
Mestre também quero ser...
nunca igual a você!
Olha o "joguinho" do mestre!"



Era mais ou menos 1976 e eu já tinha recebido gratuitamente da Capoeira - nessa época ela dava! - o Super Poder, a sensação brucelínica de enfrentar 3 ou 4 sem medo. Nesta data grassava nos "cine-poeiras" a onda Kung Fu, com 2 filmes novos por dia a preço de banana.
Assim, eu almoçava Bruce Lee na Cinelãndia nas minhas duas horas de almoço e jantava KungFu em Botafogo, saindo do cinema às 10-11 horas da noite para a minha casa, em Copacabana. Foram duas semanas nessa patifaria e só sobrou na minha memória, além dos filmes de Bruce Lee, estes dois clássicos:
"A Morte em minhas mãos" e "Cinco dedos de violência".


Abandonei essa loucura após o filme cujo herói tinha uma trança de 1,50 metros e girando a cabeça, derrotava todos com ela. Vieram mais vagabundos, êle fez trejeitos de mão e imediatamente seu corpo começou a inchar, transformando-o em um baiacu humano. Não satisfeito, "plantou bananeira" com o dedo indicador, enquanto lutava de cabeça para baixo, equilibrando no dedo seu pêso baleia.


Aí, tirei meu time. Tinham tirado o glamour marcial, trocando-o pelo surrealismo fantástico. Até isso acontecer, dava gosto ver os filmes, cujo enredo era sempre um super-aluno enfrentando alunos de outras academias e, finalmente, o mestre da mesma, de quem apanhava, mas deixava seu "cartão de visita":
Sou aluno do mestres fulano!
Aí o mestre espancador ía lá academia ou templo do super-aluno para enfrentar e perder para o super-mestre! É claro que o super-aluno não surgia do nada, era mostrado seu sofrido e esforçado inicio, de como era difícil falar com o mestre!


 MASSIFICAÇÃO
O "boom" da Capoeira fez surgir tipos interessantes:
o Mestre Oficineiro, o Mestre Escritor, o Mestre Empresário e o Contratante!

                                                                      Bira Rasta na Síria!

O Mestre Oficineiro:
Quase sempre um nome de peso na Arte, (faz workshops, palestras, etc) vive com a agenda lotada, a ponto de um ter dito que seu casamento estava "em perigo". Já outro, famoso no RJ por escolher a dedo quem podia participar de seus eventos, ouviu esta do contratador 171:
Eu não presto mas eu te amo"!
Os mestres oficineiros são altamente requisitados por causa de um pedaço de papel:
O Certificado (ou Diploma) de Participação.



O Mestre Escritor:
"Espártaco" esteve aqui e trouxe a tiracolo famoso escritor, ao qual chamou de Mestre, pelos relevantes escritos em prol da Arte. Fiquei triste, afinal aquela máquina de jogar/lutar tinha suado muito para receber o título. Já o Escritor...


O Mestre Empresário:
É mais visível nos grandes Grupos, que têm espetacular oferta de produtos para a Capoeira e o capoeirista, com produção própria ou em parceria com empresas.

                                                                          Leiteiro e Bira Rasta!

O Contratador:
"DidiLero" é uma pessoa muito educada, carismático, gentil e quando me solicitou apoio, não neguei. Passou-me a impressão de que gostava da Arte, embora não se dedicasse. Fez as duas academias de Capoeira mais bonitas daqui e contratava pessoas de fora do Estado para dar aulas na mesma, ficando êle só na administração. Na última vez que o vi, estava êle num colégio classe A, sentado e com uma planilha, dizendo quantas "negativas" (25) o filhinho de papai teria que fazer usando um tênis como amortecedor. A planilha, com movimentos estipulados para cada aluno, tinha validade de 2 meses, que é quando o autor da mesma viria visitá-lo novamente.
Saí o mais rápido que pude!
Me lembro de por 2 vezes estar em uma academia, chegar um capoeirista de renome e o professor oferecer o comando da academia ao mesmo, a fim de que dividisse seus conhecimentos com os alunos. Hoje o desprestígio, digo, o conhecimento está tão massificado que qualquer joverm professor dispensa os conhecimentos dos mais velhos.
Êles estão certos?!


                                                                Bira Rasta e Mestre Leopoldina

  Bira Rasta é, digamos, um jogador de Capoeira Angola com razoável experiência no assunto, adquirida com suas viagens no Brasil e para o exterior. Anos atrás deu uma Oficina de Capoeira Angola numa cidade distante da capital. Tempo passou e Deus mandou uma epidemia de Capoeira Angola para a capital e um dos "atingidos" foi o Bispo -- 60 anos muito bem vividos na sombra e água fresca -- que logo se travestiu de angoleiro.
A notícia da epidemia chegou na distante cidade e quem tinha feito a Oficina com Bira Rasta, quis a 2ª dose da vacina. Mandaram um representante para contratar Bira Rasta mas, não o encontrando, o sujeito foi ao nome mais famoso:
O Bispo!

                                                                  Bira Rasta na Holanda!

Êle não pensou duas vezes, viagem com tudo pago e uma Oficina para mais de 30 alunos. Só que o Bispo não sabia que êles estavam embasados por um cara que sabia das coisas, enquanto o Bispo mal sabia rezar! Os participantes da oficina pediram o dinheiro de volta.
O representante foi em cima do Bispo:
"O senhor é um enganador"!
O Bispo retrucou:
'O enganador é você"!
Eu "entrei de sola" no assunto:
'O Bispo tem razão... se você contrata pela fama, corre risco"!
O que avalia e conceitua na moderna Capoeira Angola até um cego sabe:
É a Encenação, a "papagaiada", o "não me toque que eu sou mestre"!




MESTRE?????
Roda de domingo na praça, Juju Balinha -- nome conceituado na área -- se deliciava num "jogo de compadre". De repente, surge na sua frente "Sussuarana", representante de um megagrupo. Juju foi pro jogo e não demorou a cair em 3 arrastões dados por Sussuarana.
Parou o jogo e, de dedo em riste, esbravejou:
"Você não pode fazer isso comigo, porque eu sou mestre"!








O SUPER-MESTRE

Quem já leu Bruce Tegner sabe que êle é um forte candidato ao título. É capaz de ensinar uma bolinha de gude se defender do ataque da outra. Mas aqui nesta cidade Quincas, o desleal coelho, é imbatível. Conheci-o em 1987 com uns 20-25 anos, já extremamente dedicado a viver fazendo o mínimo de esforço possível. Nasceu autodidata e usava esse dom muito bem, comprando livros de artes marciais num dia e se apresentando como professor da mesma no outro.
Assim tentou ser professor de karatê numa universidade, mas não tinha comprovante de faixas... porém, foi (ou é ?!) "pofessô" de Capoeira, de KungFu, muay-thai e boxe tailandês!




UM DIA COM QUINCAS, o desleal coelho
Começamos (as visitas) por uma casa de armas, que nos serviu café, enquanto Quincas mostrava o que tinha prometido ao dono, para divulgar a loja:
500 xeroxs gigantes e mais 4 faixas de 4 metros cada.
Quincas tinha visto minhas colagens artísticas sobre Capoeira e fazia montagens com desenhos de Capoeira e o nome da empresa. Apresentava aos comerciantes, que acreditavam que êle ía fazer a divulgação e lhe davam uma parte dos custos totais em dinheiro.
Na casa de armas êle apresentou uma faixa de papel de 3 metros de comprimento e 1 palmo e pouco de largura, mais umas 5 folhas gigantes e umas 10 normais, ambas em xerox. O dono do comércio disse:
-- Você me enganou, mas sou homem de palavra e vou pagar!
Foram 800 reais em dinheiro da época, 1988. Saímos dali e entramos numa livraria, aonde êle comprou 5 discos e 5 livros "Galo Já Cantou", de Nestor Capoeira. Pagou apenas 2 livros e 2 discos e convenceu o vendedor que voltaria para pagar o resto!
Almoçamos e fomos a 2 Cinemas, nos quais entramos de graça, graças a lábia do sujeito.
De um comerciante ouvi isto, por culpa dêle:
"Capoeira é uma porcaria, não sei como você pode gostar desse troço!"
Visitei-o no outro dia e êle me serviu água num pote plástico de margarina.
Nunca mais falei com êle!

Tempos depois Quincas foi visto num uniforme de seda preta, conduzindo o grupo de kung fu do professor que sabia os 109 golpes da garça azul do rabinho branco e a perninha quebrada.
Como diria um mestre:
"um espanto"!
O certo nessa "lenga-lenga" é que aparentemente os mestres não dão mais aulas, viraram "gerentes" ou garotos-propaganda de seus Grupos. Numa oficina na casa de "Pé de Aço" havia um m... do Maranhão. Perguntei a quem o conhecia se êle jogava alguma coisa. Responderam:
"não joga, não canta, não toca porque a religião dele não permite"!



CAMARADA, O QUE É MEU...!
A expansão da Capoeira tipo "somos todos irmãos" tirou/está tirando a marcialidade desta Arte. Não se sente mais o calafrio à beira da roda, diante de um jogo mais duro entre mestres. Dois alunos do Almir das Areias visitaram o "Espártaco". Eu que já tinha lido o livro do Almir identifiquei as graduações:
Escravo e liberto!
Para o liberto, que mostrou educação e respeito, Espártaco só exibiu sua técnica. Já para o escravo, com sua corrente-graduação (na cintura) e postura desafiadora, foi serviço completo. Terminou com um dos muitos "pulos do gato", que poucos como eu tiveram oportunidade de ver:
O golpe: "abre teu olho, menino"!
O escravo levou o "cartão de visita" do mestre, aonde se lia:
quem vem lá, sou eu
quem vem lá, sou eu
Berimbau bateu,
Capoeira" sou eu!
 


Vale a reprise deste comentário conciso porém contundente do leitor Shaos para este doloroso texto:

Shaos disse... Salve!!!

É como diz a canção "...
só quem teve um Mestre 
sabe a falta que ele faz, 
pois um Mestre de verdade 
quase não se encontra mais.."

Capoeira é jovem apesar de sábia! 
Na história de muitas artes marciais veremos esse mestres fantásticos, falando mais que fazendo.
Mas como vc diz grandes nomes, nem sempre escondem grandes mestres! 
Grandes mestres que conheci em meu caminho, poucos ouviram falar, e de fato esses tinham a Arte da Capoeira não só nas palavras mas no geito de olhar. 
Eles são raros mas estao por ai!
É uma pena que as vezes as ferramentas para o crescimento da Arte tornam-se fins e não meios.


                                                                  Léo e Bira Rasta!





RESPEITA O MESTRE, MENINO !
"Pluto", um "brazil-liano", tem um curso para m... de 10 anos de duração, mas que já está superado pelo curso supletivo de formação de pestes, digo m..., feito em casa, via DVDs.
A Capoeira hoje tem poucos "Quincas", o desleal coelho, mas tem muitos "Plutos"!.
Diria o Jeca Tatu:
Ih, tá már!!!!


terça-feira, 13 de outubro de 2009

CAPOEIRA QUEM TE MATOU????



Todo mundo quer ser bom...

"Capoeira, quem te matou?
"Foi a língua, meu senhor!"


Quem diria que correríamos o risco de um processo por darmos a opinião sobre famoso Grupo, só porque o ex-sócio, agora milionário sem sala, se acha o único portavoz autorizado do mesmo. Correndo riscos, contarei o que vi nas 20 ou 30 horas -- divididas em 10 ou 15 vezes -- em que estive sentado naquele banco, na entrada da mesma.
Minha memória já não é mais a mesma, mesmo assim colocarei os personagens pela ordem lembrada:
Peixinho, Uberabinha (depois "Feijão"), os 2 Mudinhos, Canhão, Toni, Garrincha, Baiano Azul (?!), Camisa, Leopoldina, Itamar, Sorriso e Cláudio Moreno.
Baiano Azul era mulato, 1,75m e possivelmente seria o Ramos, hoje.

Itamar e Cláudio Moreno conheci provavelmente na mesma tarde em que o meu professor Lua (Lua Rasta) foi intimado a escolher entre o abadá oficial do Grupo -- branco, diga-se de passagem -- ou aquele que estava usando, no estilo indiano. Isso porque minhas outras visitas foram à noite, com excessão de um Batizado, onde conheci o Sorriso. Depois desta tarde nunca mais voltei lá, mas não posso dizer o mesmo do Lua, pois era o encourador de atabaques oficial da Capoeira, pelo menos na Zona Sul.


Estes outros conheci fora de lá:
Nestor Capoeira, Gato Velho, Baiano Anzol, Muzenza, Preguiça e muitos outros que possivelmente conheci nas filmagens que fizemos da Roda das Crianças, no Cosme Velho, nos anos de 1977/78 e 79. Quanto ao abadá listrado, nunca vi ninguém usando.

                                         Nestor Capoeira e Leiteiro no Filme cordão de Ouro!

Pouco tempo depois Lua foi para a Europa e não foi uma viagem fácil, pois a pessoa que mandou o dinheiro um mês antes da ida, fez a reserva do avião no nome do Lua, mas o Banco (agência Botafogo) sacaneou segurando o dinheiro (para fazer render no Open) e só o liberando 3 dias antes do embarque, não sem antes fazer a troca dos dólares pelo câmbio oficial e ainda reter os impostos, diminuindo bastante a quantia enviada.
Por razões que desconheço, antes de viajar Lua resolveu treinar na CEU, Casa do Estudante Universitário, no bairro do Flamengo. Ai, já no primeiro ensaio, apareceu um negro americano de nome Jimmy, que estava dando os primeiros passos na Arte. Nos 3 dias que lá treinamos descobri que o Camisa estava dando aulas lá e, assim que o Lua foi embora, entrei no Grupo. Estranhamente, o Camisa deixou-me 2 semanas (6 aulas) gingando num canto, enquanto os outros alunos treinavam sequências, daí...


A Ginga
"Ginga caboclo, que eu quero ver, ginga caboclo...

A análise abaixo corresponde aos anos entre 1976 e 1980 e se refere exclusivamente à ginga. Históricamente falando, a ginga teria 2 estilos:
Angola e Regional, mas Lamartine Pereira da Costa no seu livro 'Capoeira Angola" (Edições de Ouro/Ediouro) traz o croquis de uma ginga estranhíssima, possivelmente a ginga dobrada, muito bem executada na época por Baiano Anzol.

A ginga é dividida em:
Forma como é feita, Abertura, Velocidade, Postura e Cadência.
Deixando de lado a origem da ginga de um Grupo:
É possivel preservá-la sem prejudicar a individualidade que tanto enriquece a Capoeira?
Na lógica de que o nome maior do citado Grupo é o parâmetro da Ginga do grupo colocarei os nomes e as notas, lembrando aos leitores que o Camisa ainda não tinha criado o Abadá, portanto...
Peixinho: Ginga nota 10 --
Toni: ginga 9,5 --
Garrincha: 9, pois parece ter uma mola debaixo dos pés --
Sorriso: 8,5. (Vi-o somente batizando um aluno, o que prejudicou minha análise) --
Uberabinha (Feijão), Baiano Azul, Nestor Capoeira, os 2 Mudinhos e Gato Velho: ginga 8 --
Camisa: ginga 7, pois tem abertura e velocidade bem maiores e a postura das mãos me parece um pouco diferente! --
Preguiça: ginga 5, embora a abertura fosse a mesma, não tinha cadência original --
Baiano Anzol e Lua Rasta: ginga 3 -- e, por fim,  
Itamar... que eu nunca vi jogar!



Estranho um Corda Vermelha que não joga, me faz lembrar esta ótima letra de Mestre Fanho:
Joga Moleque
(Fanho?)

Eu nunca vi voçe jogar
joga moleque que se não vai apanhar
(refrão)

tem um moleque la pra riba aonde eu nasci
fala pra mim que pula mais que saci
fala também que é forte com um touro
que a capoeira joga mais do que besouro


um belo dia eu me aborreci
falei pra ele, saci não esta aqui
touro nem sempre se da bem na tourada
besouro preto não viu a emboscada


eu te falei moleque toma cuidado
porque um dia voçe vai se dar mal
hoje voçe diz pra mim que é o tal
mas araruta tem seu dia de mingau

Desconheço A Origem da Ginga no "estilo Senzala" mas, curiosamente, o Lua Rasta me ensinava aquecendo apenas com os movimentos (de golpes) da Capoeira e como êle Não ensinava as sequências de Mestre Bimba, talvez já ensinasse (em 1975?!) A Capoeira mais Carioca da zona sul na época.

                                   foto cortesia Anja Wiken

Dinheiro é só um pedaço de papel !
Eh, Senzala, Eh minha linda Senzala...

Andamos 4.000 km e viemos parar num Estado que já tinha/tem uma Senzala quase tão antiga quanto a famosa. Paramos numa cidade que por coincidência, tem um representante da famosa pertinho de minha casa. Fui lá lhe vender uma revista com entrevista do Gato Velho e com poster do mesmo por 3 reais. Achou caro e baixei para 2 reais sem o poster, mas não adiantou.



Em cima a esquerda, capa da Revista de Artes Marciais que falava do 1º Campeonato Brasileiro de Capoeira em 1977 (?) vendo-se possivelmente Baiano Anzol de Frente!
Foto cortesia de Carlos Rauda!

Depois de vários anos tentando vender nosso acervo sem encontrar interessado, o vendemos como papel usado a 0,08 centavos o kilo, mas separamos e enviamos para a Travessa Angrense a revista Artes Marciais (de agosto/setembro 1977, salvo engano) com reportagem sobre o 1º Campeonato Brasileiro de Capoeira, no Rio, cuja frase inicial era:
"E nesse dia os deuses da Capoeira a abandonaram!"
Na capa da revista possivelmente Baiano Anzol.
Torço para que o Correio tenha entregue e que alguém de lá coloque na íntegra a reportagem em blogs/sites de Capoeira, ao menos para se comprovar o uniforme/abadá usado na época. Afinal, nestes 30 e poucos anos que labutamos na Capoeira, -- eu, Leiteiro e meu irmão "Nato" Azevedo -- não andamos com mentirinha para não acabar mentirosos. Mas, voltando ao campeonato, quando o capoeirista Muzenza chegou no Rio de Janeiro, veio com uma bruta fama. Aí 'pintou" um campeonato (provavelmente este, citado acima) e fui vê-lo. Muzenza ganhou fácil e com técnica do primeiro adversário. Aí veio o segundo, que mal gingava, ficando na posição "montado a cavalo". Muzenza deu-lhe uma banda na perna da frente, êle caiu "de quatro"... Muzenza sentou-lhe um chute no pescoço e por isso foi desclassificado.
Depois deste lance lamentável fui embora.

                                                  Irmãos Azevedo no Pandeiro e Berimbau!!!

Gastamos o que tínhamos e o que não tínhamos para conhecer e divulgar a nossa Arte dentro e fora do Brasil., nos anos 90. Não compramos uma boa TV, nem computador, videocassette, gravador, celular ou CD com o dinheiro ganho na venda de jornais e produtos usados. Fomos burros, mas com muito orgulho digo que fizemos a nossa parte na expansão da Capoeira país a fora.
Veja, "Rabiola", a coincidência:
Lua Rasta em sua casa em Santa Teresa tinha como único eletrodoméstico um radiogravador. Nunca vi o Lua de roupa ou sandália nova, gastava tudo com passagens e alimentação (com o grupo) nos vários shows diários que fazíamos.
Pagou inclusive minha passagem para São Paulo e a alimentação, quando fomos para um megashow -- com os maiores nomes da MPB da época -- no Ginásio Ibirapuera (em 1981?!) em prol do Teatro Oficina, para salvá-lo.


São Tomé da Capoeira
"Sei que tu falou de mim, sei que de mim tu falou!"

O hoje maioral da Arte não perde oportunidade de se promover, mesmo que seja colocando o dedo na ferida de um mestre de conceito no Brasil inteiro. Renomado Nome de nossa bela Arte me contou como o "santo" chegou ao mais alto degrau da fama. Já era a 2ª ou 3ª reunião para a criação da Entidade soberana ou se fazia naquela reunião ou não se faria mais! Com sorte de principiante, Souza 1º era o mais documentado e na base do "não tem tu, vai tu mesmo"! êle foi eleito. Tempos depois êle veio inaugurar a Federação local, pedi a um colega que analisasse/visse se o "santo" jogava alguma coisa.
-- "Que tal o jogo do "santo"?, perguntei curioso.
-- "Não vale uma "unha"!, respondeu-me.
("Unha" é um bolinho salgado de R$ 0,50 centavos.)

Passaram-se alguns anos e Souza 2º virou presidente da tal Federação e na mesma época, o representante aqui do grupo Cordão de Ouro de SP, conseguiu patrocínio para trazer o Mestre (do grupo) lá de SP, mas para isso teria que providenciar "uma liberação" por parte da Federação local -- exigência do patrocinador -- na qual êle ainda não tinha se filiado. A Federação, através de seu presidente Souza 2º negou o apoio.
Que estranho... Souza 2º escreveu um texto muito bonito questionando minha opinião/posição sobre não chamar meu professor Lua Rasta de mestre! Mas será que o mestre do grupo Cordão de Ouro não é, na História da Capoeira, pelo menos 10% maior (na minha opinião é) que o Lua Rasta?
Esta frase disse eu a Souza 2º muitos anos atrás:
Na Capoeira não existe não pode, só não deve"!
Moral da história:
Dada a quantidade de "santos" que temos na Capoeira, na minha opinião cada corda vem com uma boa dose de hipocrisia.

Pinóquio e a Corda Vermelha
Das várias horas que fiquei no banco da famosa, a maioria foi nas aulas do Mestre Toni, a ponto de êle me fazer uma homenagem, talvez pelo fato de eu andar dia e noite com um berimbau, divulgando as academias aos interessados.
Na mini roda na praia de Ipanema, no posto 9, enquanto o Lua esteve nela recebemos a visita do Camisa, Nagô e Célio. Depois que o Lua viajou (para a Alemanha) eu e Bebeto Monsueto continuamos e, no meu atabaque, tocaram Robertinho Silva, Bolão e Repolho, percussionistas famosos na época. Toni Vargas foi muito simpático na sua visita (à nossa roda), colaborando com a brincadeira. Já Baiano Anzol passou de passagem e disse:
"Capoeira de bunda-mole"!
Tempos depois Baiano Anzol fez um Campeonato Universitário de Capoeira. Fui ver e as duas primeiras duplas eram fracas, tecnicamente falando. Aí veio a 3ª dupla e um dos oponentes se chamava "Aranha"(?), moreno de 1,80m, por aí.
Dado o sinal, esse "Aranha" partiu gritando para cima do adversário, num "movimento" que eu definiria como "A Pantera Cor de Rosa ligeiramente doida"!
Olhei para os rostos de Mestre Camisa e Mestre Peixinho e não vi reação.
Saí triste mas de alma lavada e com uma frase na cabeça:
"Capoeira de bunda-dura"!

Exatamente nessa época o aluno Pinóquio me impressionou pela timidez e simplicidade excessiva, que parecia prejudicar seu aprendizado. Em 1994 voltei ao Rio e marquei encontro com um capoeirista no Metrô de Botafogo. Ao chegar lá, a primeira surpresa: Um grupo de mulheres jogando Capoeira!
Encontrei meu amigo e, a segunda surpresa, êle vinha com o tal Pinóquio que se não me falha a memória, usava a camisa do Grupo.  
Estava eu diante do aluno que mais amava a Senzala!
Seu rosto nos remete ao amado jogador Tostão (da Seleção Canarinho), sendo dificil acreditar que fosse capaz de mentir, para justificar tal apelido.
Soube por essa época que um tal "Farpa" (que aliás me "batizou") estava usando corda vermelha e por isso recebera a visita de uma comissão de defesa (?!) da citada graduação. Se conseguiram tirá-la do sujeito, deveriam ter dado para o Pinóquio.
"Pinóquio, em 1994 você não tinha nome mas tinha Passado no Grupo! 
"Já o Milionário... "!



Um mero fazedor de Atabaques

"Por favor, não maltrate esse negro,
que esse Negro foi meu professor..."

Eu já era aluno quando comprei um atabaque do Lua e como o Lua era o mais requisitado encourador de atabaques da Zona Sul, tive a oportunidade de andar várias horas com o Camisa para comprar couro em Santa Cruz. Tempos depois Lua descobriu uma fábrica de atabaques na Pavuna ou Brás de Pina e lá fui eu (com êle) novamente.
Foi uma aula emocionante, impressionante, completa. Vi nascer uma atabaque desde a madeira crua, passando pelo encurvamento e fogo, até o chapeamento final. A fabricação, para todo o Brasil, era feita por 2 jovens negros humildes e simpáticos.

Foi com o Lua que conheci Darcy do Jongo da Serrinha e descobri que quem trabalha com folclore não ensina, Repassa!


 Coisas do Destino:
Lua só foi para o exterior para gravar/deixar sua participação no disco "Favela". 
 Voltou ao Brasil, criou seu Atelier aonde fabrica seus instrumentos e a roda de rua na qual o filmaram virou um Documentário, premiado neste ano.

Para um aluno desafiador que lhe cantou:
"sei que tu falou de mim, sei que de mim tu falou", a resposta imediata foi:


Me trate com mais respeito
cumpra a sua obrigação
eu não sou um fofoqueiro
eu sou é seu irmão 
a barra está pesada
está dificil a situação
mas o jogo de Angola 
é jogo de libertação.
Quilombola vai mostrar o que é igualdade
os negros vão moldar esse Brasil!" 
(OBS.: gravada em fita em 1976/77, no barraco onde eu morava.)

Entre o milionário invisível e o pobretão RECONHECIDO, fico com o autor dessa música:
"Dizem que o "capoeira" é aquele neguinho sujo..."


                                      Se falar do meu Grupo vai comer capim pela raiz!

Perto de mim tem um vizinho
Entre 1976 e 1983 estive duas ou mais vezes nos seguintes lugares, vendo ou participando de rodas:
grupo Senzala (na Trav. Angrense), Camisa no CEU/Flamengo e no Clube Guanabara, na Quinta da Boa Vista, na Feira de S. Cristovão, Posto 9 em Ipanema, rodas na Rodoviária de Nova Iguaçu, Pantera na Tijuca, rodas na Caixa D'Água do Cosme Velho e na Cinelândia, mestre Gilberto na Barra, Poeira em Padre Miguel, Farpa na Lagoa, Índio no Clube do Flamengo, Sandrinha no Pavãozinho, Pai de Santo em Jacarépaguá, Eugênio na Tabajaras, etc...
A todos estes eu pergunto, cantando:
"Você viu o "cabeção" por aí?!

Vestiu uma calça listrada e saiu por aí
jantou chá com torradas e almoçou Paraty
nunca pisou numa Roda mas posa de valentão
e não ri quando o povo diz: 
Sossega Leão, Sossega Leão!


EM TEMPO:
Nem tudo são flores "Cabeção", mas embora sendo apenas uma "sombra" nesse Grupo, ainda estás bem na foto. Pior é esse "Super-Homem" que preside Entidade de gabarito com um "jôgo" de aluno 1ª corda.
A CAPOEIRA MERECE ISSO?!

"Quem quiser me derrubar
vai ter que ter paciência,
pois posso não ter a raiz
mas de lá tenho a essência"!
LEITEIRO


Cabeção está "cagando goma" de ter 9 alunos e 2 mil e poucos sub-alunos(?) pelo mundo afora! Eu só o vi uma vez e treinando martelo de Karatê (*) numa táboa segurada por um jovem de uns 15 anos. Dedico esta interessante história a esta múmia ambulante da Capoeira Carioca!
(*) Martelo de Capoeira é dado com o peito do pé e do Karatê com o almofadéolo do pé!


NA MISSA DAS SEIS HORAS DO DOMINGO PASSADO, NA IGREJA DE S. PAULO APÓSTOLO, EM COPACABANA, O PADRE EUSÉBIO PERGUNTOU AOS FIEIS, AO FINAL DA HOMILIA:
- "QUANTOS DE VOCÊS JÁ CONSEGUIRAM PERDOAR SEUS INIMIGOS?"
A MAIORIA LEVANTOU A MÃO.
PARA REFORÇAR A VISÃO DO GRUPO, ELE VOLTOU A REPETIR A MESMA PERGUNTA
E ENTÃO TODOS LEVANTARAM A MÃO, MENOS UMA PEQUENA E FRÁGIL VELHINHA
QUE ESTAVA NA SEGUNDA FILEIRA, APOIADA NUMA ENFERMEIRA PARTICULAR.
- "DONA MARIAZINHA?
A SENHORA NÃO ESTÁ DISPOSTA A PERDOAR SEUS INIMIGOS OU SUAS INIMIGAS?"
- "EU NÃO TENHO INIMIGOS!" RESPONDEU ELA, DOCEMENTE.
- "SENHORA MARIAZINHA, ISTO É MUITO RARO!"
DISSE O SACERDOTE. E PERGUNTOU:
"QUANTOS ANOS TEM A SENHORA?
ELA RESPONDEU:
- "98 ANOS!"
A TURMA PRESENTE NA IGREJA SE LEVANTOU E APLAUDIU A IDOSA, ENTUSIASTICAMENTE.
- "DOCE SENHORA MARIAZINHA, SERÁ QUE PODERIA VIR CONTAR PARA TODOS
NÓS COMO SE VIVE 98 ANOS E NÃO SE TEM INIMIGOS?"
- "COM PRAZER", DISSE ELA.
AÍ AQUELA GRACINHA DE VELHINHA SE DIRIGIU LENTAMENTE AO ALTAR, AMPARADA PELA SUA ACOMPANHANTE E OCUPOU O PÚLPITO. VIROU-SE DE FRENTE PARA OS FIÉIS, AJUSTOU O MICROFONE COM SUAS MÃOZINHAS TRÊMULAS E ENTÃO DISSE EM TOM SOLENE , OLHANDO PARA OS PRESENTES, TODOS VISIVELMENTE EMOCIONADOS:
- "PORQUE JÁ MORRERAM TODOS, AQUELES FILHOS DA PUTA!"

Links de 3 videos filmados por mim e meu irmão Nato, transposto para vhs por Mestre Burguês e passado para Cd/Dvd por Mestre Guará!
A todos estes a Capoeira Agradece!

Parte 1:http://clubecaiubi.ning.com/video/capoeiragem-no-rio-de-janeiro
Parte 2:http://clubecaiubi.ning.com/video/capoeiragem-no-rio-de-janeiro-1
Parte 3:http://clubecaiubi.ning.com/video/capoeiragem-no-rio-de-janeiro-2

Tenho dito
Leiteiro


 OS MESTRES DE RARO SABER...

Quem escreve sabe que seu texto tanto pode ser chamado de genial como obra DE LATRINA, como o sr Itamar classifica um poema meu. Felizmente, 52 outros poemas forma MENÇÃO HONROSA em concursos de 9 Estados, além de 7 que me deram troféus (ou medalhas) como vencedor.
Não preciso chamá-lo de Mestre -- diz êle em seu texto -- e LAMENTO profundamente que, apenas por "filosofias" oportunistas mais uma vez a Capoeira (inter)nacional assista a DESVALORIZAÇÃO desse título. Antes, em 1992, uma entidade que seria para unir a Nação capoeirista enfiou goela abaixo dessa maltratada e mal-querida dança-luta "titulos" os mais esdrúxulos como os de mestre-aspirante, mestre-efetivo e outras barbaridades.

Não se pode RESPONDER A NADA sem se ater ao texto... jamais pretendi contar a história do Grupo Senzala (onde você leu isso, sr. Itamar?), apenas narrei o tempo em que vi e vivi a Capoeira na zona sul (entre 1975 e 80) e, nesse tempo, frequentando os treinos e rodas no grupo de MESTRE "Peixinho" -- mestre que é MESTRE mesmo! -- e, adiante, como aluno por 2 semanas de mestre "Camisinha" (depois, "Camisa") e por alguns meses do contramestre (Jorge?) -- irmão ou primo de me. "Indio" -- no Clube do Flamengo jamais vi aluno da Senzala com "abadá" listrado, QUANTO MAIS MESTRE.
Basta consultar as revistas de lutas marciais e os jornais da época, a DO (da EBAL), a revista DOMINGO do Jornal do Brasil e a ARTES MARCIAIS, que cobria os campeonatos no Rio e SP.

Se usaram -- e não me refiro a shows em teatro -- usaram ANTES DESSA DATA... se se vai "refazer" a História, faça-a com que NÃO VIVEU o citado período. Calça listrada vi apenas na capa do segundo disco de me. Suassuna e no filme "Cordão de Ouro" (1976/77), com Nestor Capoeira, já que o OGUM/Camisa usava calça branca, longa e com rendados na perna, se não me falha a memória.
Não vou me rebaixar a dizer como te via nos tempos em que visitava o Grupo na Trav. Angrense... mera "sombra" que não pegava num berimbau, não tocava um pandeiro e creio que nem cantava. Desconfio que se "Peixinho" (exímio tocador) te pedir para armar um berimbau, você dê uma desculpa qualquer.
Algum dia esses "projetos" oficiais que vivem a ignorar a REALIDADE da Capoeira irá procurar na Senzala os VELHOS MESTRES DE RARO SABER... se você não fôr mais UM CÍNICO das centenas ou milhares que existem NO BRASIL, sem dedicação nem trabalho algum para a Capoeira, não vais nem entrar na fila.

Depois de quase 50 ANOS DE BRIGAS entre a Angola e a ex-Luta Regional Bahiana vejo, a partir do discurso de Itamar, nova querela que SÓ DESTRÓI a Capoeira. A Capoeiragem carioca NÃO VEIO DA BAHIA, muito menos de Bimba.Veio de onde? Do fundo da Baía de Guanabara...? Tens que levantar AS ORIGENS dos mestres que ensinaram aos"cordas-vermelhas" que fundaram a Senzala... depois, as origens DOS MESTRES QUE ENSINARAM àqueles Mestres... e vais terminar EM SALVADOR, talvez até nos terreiros de Manoel dos Reis Machado, "REI aqui na Terra e rei em todo o lugar", nas palavras de "Camisa", em chula que homenageava o Mestre.
Lamento ter feito 50-100-150 repetições de movimentos e das SEQUÊNCIAS DA REGIONAL, seus "seus balões cinturados" e golpes semelhantes. Queria ter conhecido a tal CAPOEIRAGEM CARIOCA (da qual veio essa "nova" Senzala) porque certamente ela não teria nada disso.

REPETINDO tuas palavras, os graduados... "que alcançaram o nível máximo de conhecimentos, técnica, educação E RESPEITO e todas essas coisas QUE NOS FAZEM MESTRES (...)", admitindo que há E NÃO HÁ MESTRES no Grupo Senzala. Isso É CINISMO !
Fico por aqui... como não sou costureiro não tenho que definir se a calça/abadá era de PERVINC, de TERGAL, de LYCRA ou de helanca... até porque boa parte da pessoas usava mesmo calça DE EDUCAÇÃO FÍSICA, de côr azul escura, a única côr na época. Por volta de 1980 surgiria calças de côr preta e também marrom.
Vamos cuidar mais DOS IMENSOS DEFEITOS que há na Capoeira, nos instrutores, nos Grupos e nessas"mudanças" que seitas evangélicas vão sutilmente infiltrando na Capoeira... o resto é pura perda de tempo.
"NATO" AZEVEDO
(escritor e poeta "de latrina")




 Quatro histórias do Lua
1ª- O Lua Rasta meu professor de Capoeira, foi o 1º que conheço a trabalhar com meninos de rua, sem ser uma entidade oficial no RJ (1975). Ajuntou uns 8 na Cinêlandia e levou pra casa em Santa Tereza e danou a ensinar percussão, músicas, Capoeira e folclore. Não sei quantos dias fora, mas não demorou, ele precisou sair e deixou os moleques na casa em confiança. Havia um de uns 15-17 anos. Levaram tudo dele e voltaram a viver lá na Cinelândia.
Quando a gente chegava tempos depois pra fazer Roda de Capoeira na Cinelândia, os moleques encostavam e roubavam os espectadores, não sei se por vingança.
Roubaram tanto que a polícia nos proibiu de fazer Roda, achando que nós armava-mos para eles roubarem os espectadores!

                                                 foto cortesia Anja Wiken
O valor do estrangeiro!
 2ª-Estavamos fazendo um Show na menor Praça do mundo, a do Bairro Peixoto. Ja era umas 18:00 horas e descansavamos entre um Show e outro, quando um Senhor nos informou de uma pequena recepção no Apartamento de uma familia Japonesa. Ele gostaria que repetimos pelo menos o som que fizeramos, jaque o Ap era pequeno não permitindo jogar. Lua confirmou que ia e fiquei alegre, pois não pediamos dinheiro depois das exibições e o convite pressupunha comes e bebes. Continuamos as exibições na Praça e lá pelas 20:00 nos dirigimos ao Ap chegando umas 21:00. Recepção meia fria e um som musical baixinho escapava de um dos quartos. Nos convidaram a sentar, mas optei por sentar no chão, pois o calor do RJ fazia-nos suar muito, tornando umidos nossas roupas e sentar no sofá marcaria nossa presença. Nos serviram comida e começamos a tocar os intrumentos mas o Japones achou muito alto som, embora ficasse impressionado pelo mesmo. Fomos dividos, Lua foi para um quarto e eu e Bebeto fomos para outro e tocamos até umas 11:00, saindo gratificados, não só por saber que pessoas do outro lado do mundo nos valorizavam, como saber quanto falta de lazer tão simples como tocar um instrumento, numa cidade grande como RJ!



Amor á Arte!!!
3ª-Pintou um evento Cultural importante numa das Praças de Ipanema e o Lua queria fazer bonito, portanto tivemos que ir na casa dele, pois queria levar vários instrumentos. Chegamos na Praça umas 15:00 horas para um evento de 2 dias. Demos de cara com duas cabeças de bonecos gigantescas, do tipo usado no carnaval de Olinda. Quem as conduzias eram 2 jovens e nos pareceu, (para mim e Bebeto) no inicio interessantes. Chegou nossa apresentação e fizemos o possível e o impossível, ja que eramos apenas 3, eu, Bebeto e Lua! As duas jovens não abriram a bôca nem para responder ao côro que na Capoeira não é tão difícil por ser repetitivo. Como Lua deu-nos a entender que enganjaria as duas "bonecas" no grupo para futuras apresentações, pintou em mim e no Bebeto um inexplicável ciúme. Achavamos que como alunos e velhos no Grupo mereciamos uma consulta. Por isso resolvemos deixar o Lua na mão, indo embora umas 20:00 sem ajuda-lo a levar os instrumentos que tinhamos trazido. Lua sentiu a porrada mas não correu do pau. Ele sabia que não podia contar com as jovens para ajuda-lo, assim nos avisou que dormiria na Praça mesmo, pois não tinha dinheiro para pensão ou Hotel! Voltamos para casa, eu e Bebeto, saboreando o prazer da vingança. Deus entrou de sola e mandou nesta noite uma puta chuva. Rolei na cama de remorso e no outro dia (era domingo) uma 7:00 da manhã, acordei Bebeto e nos mandamos para a Praça. Chegamos ninguém na Praça, apenas uma grande mesa, com grande toalha plástica que ia até um palmo do chão. Foi oque livrou o Lua de se molhar ja que o encontramos dormindo embaixo da mesma, em cima das bolsas!

                                                            foto cortesia Anja Wiken
 4ª- Chave de Ouro!
Estava de serviço, andando pela Presidente Vargas no RJ, 12,30 quando encontro meu Professor o Lua Rasta! Ele me convida para ir a São Paulo, topo na hora. Fui no ônibus de janela aberta, vestindo camiseta sem manga e calça Lee. Cheguei lá resfriado!
A Missão era das mais honrosas possíveis:
Salvar o Teatro Oficina!
Ficamos na casa do famoso teatrólogo Zé Celso. Eu fiquei num quarto com um fanático da religião dos caminhoneiros, o Budismo! Ai 4-5 horas da madruga, o xiíta abre a janela e totalmente nu, na posição de Lótus virado para um invisivel Sol, e com aquele rabão côr de maizena virado pra mim, começou sua monótona ladainha imitando o motor de caminhão: HUUUUMMMM, HUUUUMMMM, HUUUMMMM, interminável!
Passamos a manhã de sabado sem fazer nada e de tarde a mulher do Lua e Bebeto chegam. A noite nos dirigimos para o Ginasio Ibirapuera, aonde seria um Super Show com grandes nomes da MPB!

Já na ida para o ponto do onibus, iamos tocando e cantando, animadissimos para uma noite que prometia. Entramos no coletivo e reiniciamos o batuque. Pra quê:
O motora parou o onibus e ameaçou:
Ou acaba o fuzuê, ou vai todo mundo pra delegacia!
Naquela hora caiu a ficha:
Eu estava em Sampa, a Terra da Garoa!
Já no Ibirapuera, enquanto o Show rolava para umas 5000 pessoas, nós e muitos outros, vendiamos posteres grandes e pequenos para a platéia. Não havia contabilidade, voçe pegava um tanto, vendia, entregava o dinheiro e pegava mais posteres. Aí, eu vi 2 ou 3 patifes embolsando parte do dinheiro e resolvi não "trabalhar" mais.
Foi a minha sorte! Fiquei atrás do Palco e vi e:
Dominguinhos tocar, Pepeu Gomes, Caetano Veloso e Gilberto Gil cantando a lindissíma Oração Musical: PRECISO FALAR com DEUS!
Fiquei com medo de fechar os olhos, tamanha a Interação-Elevação Espiritual que a musica me causou. Nisto Bebeto encosta e quem vai para o Palco:
ZEZÉ MOTA!

Zezé canta:
Tem Capoeira, na Bahia, na Mangueira!
Invadimos o palco com paus de Maculêle e batemos por cima dela, (ela ficou com receio) e na frente dela. Eram nossos 3 minutos de fama no Ginasio Ibirapuera! Saimos e fui pro vestiario tomar banho, (era quente) e dou de cara com Caetano e Gil a 1 metro de mim.
Não tive coragem de pedir autografo, mas depois apareceu Zezé Mota e eu consegui o dela!Não me lembro oque comi nestas 2 noites e 1 dia, só sei que na manhã de domingo amanheci com fome!Do jeito que eu estava comia até Cupim ao Môlho Madeira!
O céu de Sabado tinha sido totalmente cinzento, e a manhã de Domingo na mesma côr! Paisagem de outro Planeta, Avenida de largura gigantesca, sem uma Viva Alma. Nem carro, nem gente.Decá, avistamos do lado de lá, um Bar PS, que serve PF!Não tinhamos vindo do RJ, para comer Prato Feito num Bar Pé Sujo!
Só tinha um Restaurante aberto e era Japonês! A vitrine era de cair os cabelos, tripas, galinhas e coelhos abertos na barriga e provavelmente "chupados" por um Vampiro, tamanha a brancura dos mesmos!

Entramos, só um senhor uns 45 anos, e um jovem uns 15 anos comendo. Sentamos na frente deles e a garçonete nos trouxe o cardapio. Lua escolheu a famosa YAKISOBA que no RJ seria Y-AKI-SOBRA!
Era ruim só de olhar quanto mais de comer!
Era uma água branca, provavelmente maizena, com uns matinhos verdes, talvez couve retalhada, sem tempero ou sal. Encostamos e Lua pediu outra, nº 98! Vieram uns canos de massa de Pastel e dentro uns macarrõeszinhos com carne moida, pingando um oleo avermelhado em abundância.
Sal e Tempero: Abaixo de Zero!
Comi porque, pra quem comeu uma rapadura inteira, aquilo era galho fraco!
Aí, foi minha vez de escolher: Entre 100 pratos, meia dúzia em português, pedi:
Carne de porco agridoce!
Cada pedido nosso demorava meia hora para ser atendido. Enquanto isso a dupla de mortos de fome chinesa ou japonesa, nunca se sabe ao certo, devorava tigelas e tigelas de comida!

Meia hora depois chegou nosso prato, feito com pedacinhos de carne de porco, e pedacinhos de abacaxi no suco de laranja e açucar queimado!
Por isso o agridoce !
Na 1ª engolida, pensei que tinha tomado um sal de frutas, ou o famoso Sonrisal!
Quase vomitei. Chupei devagar os minúsculos pedacinhos de carne, mas meu domingo tinha acabado.Lua pediu a conta mas não queria pagar a yakissoba.
A garçonete disse que tínhamos mexido e era verdade, mas mesmo assim o Lua insistiu! Então, ela que era nordestina e falava chinês, chamou o cozinheiro. Desse eu não tive dúvida, era chinês mesmo!
Olhos bem abertos, 2 metros de altura por 1 de largura, 200 quilos mais ou menos.
Vinha com uma frigideirinha de ferro de 50 cm de circunferência, na possibilidade de ter que jogar tênis com nossas cabeças. Discute de lá, rebate de cá, Lua queria pagar com cheque do RJ. Chegou-se a um denominador:
Levamos a yakissoba para viagem!

Colocada na geladeira do "Zé" Celso junto a um tomate e meio saco de pipoca, a dita cuja resistiu 5 longas horas, (o tomate e a pipoca "tomaram Doril") hora em que saímos para o Teatro Oficina, sem que uns 15 zombies, que circulavam em sua volta, tivessem coragem e apetite para devorá-la. No Teatro Oficina lindas homenagens, culminando com o fechamento do filme "Rei da Vela" com os ícones dos tempos da Rádio Nacional:
Emilinha Borba e Marlene (na época, inimigas) agora cantando juntas esta magistral música:
Que meus inimigos tenham longa vida
Para verem de perto a minha vitória
E com razão, fazerem a louvação, da minha História
É a Lei que determina, Sou Povo, venho debaixo pra cima
Trabalhei e consegui lutar
Venci a maldade como um caracol
Para ver a Luz do Sol
Para ver a Luz do Sol!

Findo o espetáculo me arrumaram uma carona até a rodoviária. Na rodoviária a garota me deu um beijo de cinema, e olhe que eu nem a conhecia! Era umas 11 horas da noite e eu com a mesma roupa, camiseta e calça Lee. O ônibus da 1 hora era leito e eu só tinha dinheiro para o normal, às 3 horas da "madruga".
Enquanto eu estava no Teatro, iluminação de cinema, 30 pessoas em volta, logo entrei no carro, provavelmente motor quente, não senti nada! Mas, depois de uma hora numa rodoviária aberta, vento ártico soprando, comecei a congelar. Três dias de má alimentação, só de camiseta, 1 hora da manhã, já me sentia um pinguim.
A calça Lee estava sensivelmente dura por causa do frio! Aguentei até as 3 horas, mas não conseguia mais articular palavras, o queixo batia descontroladamente. Não deixei o preenchedor de bilhetes nem perguntar o meu nome, não ía conseguir falar mesmo!
Joguei minha carteira de identidade sobre sua mesa!
Adeus São Paulo, se um dia voltar, venho com duas malas:
Uma de roupa e outra de comida!
Vão comer mal assim, lá no Inferno !



Lua um Corda Vermelha?
Posto 9 , praia de Ipanema, tarde morna de um dia na década de 80, dia perdido, quando derepente um milagre!
Mestre Peixinho apareceu com 2 senhores (pareceu-me gêmeos) 40/45 anos e um deles com os cabelos tão longos como o do Mestre, embora castanhos. Possivel e provavelmente estava eu diante de duas lendas, os irmãos Flôres!
Um deles, (possivelmente o de cabelos longos) veio em minha direção e perguntou sem rodeios:
O Lua é Mestre?
Neste época ninguém o chamava de Mestre e o único lugar aonde eu lera que o Lua era um dos Cordas Vermelhas, foi no Livro do Nestor Capoeira, O Pequeno Manual do Jogador de Capoeira!
Respondi oque me ocorreu na hora:
Pelo que sei quem comanda um grupo é Mestre!
Ele retirou-se possivelmente satisfeito sem saber que na época o grupo do Lua era o menor do RJ, 4 abnegados participantes!
Hoje eu, Ilustre 10conhecido, em fevereiro de 2010 posso lhe responder sem medo:
O Lua, hoje Lua Rasta, é Mestre e um dos mais atuantes que ja cruzou pelo Rio de Janeiro!
                                 FIM

 O "mestre Decânio", aluno graduado de Mestre Bimba diz que:  

 "Não podemos esquecer, nem nos afastarmos, dos TRÊS "ERRES" DA CAPOEIRA! 
Capoeira é uma palavra estranha, que se escreve com um "rê" suave e se pratica com três "erres" fortes: 

O primeiro é o RITMO, o segundo o RITUAL, o terceiro RESPEITO, sem os quais não se joga Capoeira!"


sexta-feira, 19 de junho de 2009

Apelidos Pejorativos na Capoeira? É Bimba!


                                                                              Mestre Fuleiro

Resposta ao texto:
Diga-me o seu nome, e dir-te-ei quem és!
Mestre Moraes

Admirado Mestre Antônio!
Não sei seu nome tamanha a fama de seu sobrenome, também não sei se o Sr é Bahiano ou Carioca, mas isto não vem ao caso.
Quando comecei a estudar a origem dos nomes, caí na Bíblia, cujos nomes (e não sobrenomes, que parecem que ninguém tinha lá salvo excessões, como: José de Arimatéia ou Jesus Nazareno que indicam localidade) sempre significam algo importante.
Já na vida Tonho é corruptela de Antônio, Zé de José, Guará de Guarabira e Pastinha e Moraes de......
Na Capoeira tinha o Antônio Ferreiro, o José Peixeiro, mas Marcos Capoeira ou Mestre Benício, porque eram jogadores ou Professores da mesma. Bimba, Canjiquinha, Leiteiro, etc, já vieram com seus respectivos apelidos, que como conta a História da/na Capoeira era para dificultar a rápida identificação pela policia!
Se Moraes e Pastinha não é o nome, é Apelido!

Se voçe estiver conversando com alguém que voçe não sabe o SobreNome e vir outro e falar: E aí Aranha, como vai? Voçe pensará quie é o apelido do mesmo, certo Mestre Gilberto? Portantanto Pastinha poderia ser por ele andar com uma peqquena pasta e Moraes, igual ao Mestre Canjiquinha, por dizer constantemente: Morô Moraes, se não morô, não mora mais!
No exterior o Sobre(acima do nome?) Nome é maior, exemplo:
Dom Pedro e seus mais de 15 nomes eram menores que seu Sobre-Nome:
D'Orleans e Bragança!
Aqui no Brasil um ícone foi/é(?) Carmen Mayrink Veiga!
Os 3 Pilotos Tri-Campeões de Formúla 1 fizeram seus sobrenomes?
Os jogadores de Futebol no Brasil e talvez no Mundo consegue impor seus nomes!


A parteira fez uma aposta com a mãe de Manoel dos Reis Machado e quando ele nasceu, a parteira falou:
É Bimba!
Expressão popular Bahiana para orgão sexual masculino!
Com a vinda dos Cristãos Novos ( embora Cristãos, foram denominados Novos, pois tinham que deixar algumas Tradições Judaícas) em fuga por causa da Santa Inquisição na Europa, ao chegarem aqui, adotaram sobrenomes de arvores, peixes, locais, flôres, animais e outras, para dificultar sua identificação!
Flôres: rosa, cravo,...
Arvores: laranjeira, maçaranduba, pinheiro, palmeira, mata.....
Aves: curió, bicudo, passarinho, pinto....
Peixe: camarão, sardinha....
Locais: serra, pedreira, Bahia, Maranhão, Ytapoã...
Outros: feio, furtado, Botelho Ferro, segura, carrasco...
Animais: carneiro, coelho, leão, barata, cobra, leitão..... .

Com uma boa dose de coincidência poderíamos ter:
Ana Cravo Pinto
Ana Segura Pinto Furtado
Ana Botelho Pinto Feio

Que estranho, centenas de famílas vivendo a décadas com sobrenomes de animais, carneiro, coelho, leão, barata, etc, e não se sentirem/sentem humilhadas!
Estarão anestesiadas ou as pessoas com quem se relacionam não acham humilhantes estes sobrenomes?

Não vou dizer que o Sr está errado no seu intento, porque citando a infeliz piada contida no livro:
Ser Negro no Brasil hoje de Ana Lúcia E. F. Valente da Editora Moderna, no capítulo:
Racismo a Brasileira, pag 24:
Porque o preto não erra?
Porque errar é humano!
Acredito que a lutas melhores do que esta de acabar com essa pseudo tradição.
Tradição?
Quando foi que aprendi a classificar pessoas pela aparência?
Foi na Escola Primária!
Aprendemos a identificar, brancos, amarelos, vermelhos e negros, isso antes de Michael Jackson e suas operações.

Nasci no Morro dos Cabritos no RJ, como outros nasceram no Pavão, Cantagalo, Macacos, etc. Estudei no Paraná e Santa Catarina entre 1958/65 e lá conheci uma garota negra com o nome de Vera Lúcia Regina dos Santos ! Mais tarde estudando a História do Brasil tive que decorar os 15 nomes de Dom Pedro!
Já brincavamos com o nome Jacinto Filho, como anos mais tarde surgia a:
Mulher de Riacho Fundo casa com homem de Pau Grande!
Nunca vi la, uma só gravura ou a palavra Capoeira nos livros escolares referindo-se ao jogo/luta!
Quando foi que conheci a Capoeira no Rio de Janeiro?
Depois de 1970!

Como a maioria dos capoeiristas pelo menos do Rio de Janeiro aprenderam o nome de Mestre Bimba?
Depois de sua morte, quando alguém fêz esta música:

Quem não se lembra
Quando a notícia correu
Era no cair da tarde
Berimbau silenciou
Atabaque se calou
O pandeiro emudeceu
Morreu, Manoel dos Reis Machado
O famoso Mestre Bimba
Criador da Regional....


Em 1975 quando entrei para a Capoeira, só conhecia na Zona Sul do RJ, a Academia de Mestre Peixinho. Tempos depois o Mestre Camisa apareceu no CEU, Casa do Estudante Universitário no Bairro do Flamengo.
Desconheço se havia alguma no Centro mas ja se ouvia falar de Mestre Touro e Dentinho na Zona Norte! Em 1980 a coisa melhorou com Mestre Neco e Arthur Emídio no Leme, Camisa no Asa e Clube Guanabara em Botafogo, Mestra Sandrinha no Pavãozinho, Pai de Santo em Jacarepaguá, Mestre Gilberto na Barra, Pantera na Tijuca, Poeira em Padre Miguel e as Rodas de Caxias, Nova Iguaçu, Quinta da Boa Vista e Feira de São Cristovão!
Ou seja:
Ha menos de 40 anos ela era desconhecida na maioria dos Estados!
Salvo engano de minha parte o Boom se deu através da Rede Globo com Mestre Boneco na apresentação de Malhação!
Em seguida o carismático Marcelo Farias fez o papel de um aluno de Capoeira numa novela!

Apesar dos mais de 100 anos, a sua evolução/involução é recente e começou com Mestre Bimba e a sua similar da Angola, a Luta Regional Bahiana!
Pastinha deu uma mãozinha também, pois recebeu o Grupo Nossa Senhora de Conceição da Praia com uniforme nas côres azul e branco e mudou o nome para Centro Esportivo de Capoeira Angola e as côres para preto e amarelo!
Hoje temos a preocupante Capoeira Gospel, Capoeira Holistica, fora as que não vingaram:
Aero Poeira, HidroCapoeira!
Hoje as pessoas não conseguem separar o que fazem de sua Religião, assim temos: Igreja do Maradona, Igreja do Elvis Presley, Igreja dos Surfistas e ja temos Roda de Capoeira dentro de Igrejas Católicas e Templos Evangélicos. Falta só um doido varrido om coragem para criar a Noooosssa Igreja!
Aleluia irmão, Oh Glória!
Concordo com o Sr que certos apelidos são de lascar, como: Diabo, Capeta, etc.
Meu filho com quem treinas?, pergunta a mãe.
Com o Capeta! responde o filho.

Em um lugar do Brasil o apelido é extremamente necessário, pois existem centenas de Josés da Silva. Lembro deste verso de um Baião:
É Zé de lá, é Zé de cá, é Ze de baixo, Zé de riba, como tem Zé na Paraíba!
Pode o apelido pejorativo ser maior que a obra do agraciado?
Desconheço a História de Mestre Boneco, mas Mestre Burguês deu a volta por cima e se hoje não é invejado, e admirado! Mestre Camisa o mais novo dos 3 irmãos, Camisa Rôxa e Camisa Preta, era Camisinha quando preservativo era Jontex!
O capoeirista evangélico Porco fez a 1ª Bíblia da Capoeira e se virar Pastor será Pastor Porco?


O cantor-músico Branca di Neve nos premia com esta composição:
Qual é a côr de Deus!
Mazinho Xerife - Luiz Carlos Xuxu - Branca Di Neve)

Você sabe a cor de Deus ?
Quem sabe não revela,
Você sabe a cor de Deus ?
Quem sabe não revela.

Em vez do apart'aid, aperte a mão do negro,
O negro tem direito de viver,
Negro é paz, negro é amor, não faz a guerra,
O negro também é a esperança desta terra.

O seu sofrimento,
É como um lamento,
Que corta os quatro cantos,
Num canto de sentimento.

Fraternidade, igualdade, liberdade,
E tendo um universo cheio de felicidade,
Fraternidade, igualdade, liberdade,
E tendo um universo cheio de felicidade.

Na África tem negro com sofrimento,
Aqui também o negro tem seu lamento,
No mundo inteiro o negro tem seu sentimento.

Você sabe a cor de Deus ?
Quem sabe não revela,
Você sabe a cor de Deus ?
Quem sabe não revela

E a Lei......?
Enquanto houver Negros que gostam de seus apelidos, como:
Neguinho da Beija-Flor, PretaGil, Moreno, Preto, Grafite, Branca di Neve, nós não Negros vamos vivendo neste impasse, quando será crime chamá-los assim!
Temos nomes de animais na Sociedade e na Capoeira?
Vejamos: touro, calango, suino, macaco, urubu, corvinho,cobra, etc.
Conheci e treinei com o Cobra Preta, Negro, determinado, exigente, competente, dedicado, conhecedor e amante da Arte-Capoeira!
Participei de uma Oficina com Cobra-Mansa e achei-o carismático e provavelmente todos esses adjetivos acima. Meu aluno Angolinha do Pará foi treinar no RJ com o Contra Mestre Urubu por sinal aluno de Cobra Mansa.
E de quem Cobra Mansa é aluno?
Do jogador Edmundo é que não é!
Me lembrei da comediante de Zorra Total:
Faça oque eu digo, mas não faça oque eu faço!
Me enganei, é:
Isssssooooooo Poooooode!
Isssssooooooo Nãooooo Pooooode!

Meu amigo Negro após receber meu comentário no seu texto no Blogspot falou;
Porque voçe perde tanto tempo com picuinhas?
Meu amigo tem um nome que significa;
Sol Nascente, mas tem um apelido na Capoeira que significa:
moeda quilombola, lobo, ave, serra, time e futebol, duas cidades e nas cidades uma infinidades de estabelecimentos comerciais com o nome da cidade!



Por enquanto o saldo negativo na Capoeira está assim:
Mudou-se a côr da calça de Angola, alguns evangélicos estão tirando o atabaque e trocando algumas músicas por Hinos.
Um deles até recebeu a graduação de seu grupo das mãos divinas!
Campeonatos de Passo-a-dois, desvalorização do Título de Mestre com as suas divisões:
Mestrando, Mestre Aspirante, Mestre Efetivo, Mestre de Honra, Mestríssimo, Grão Mestre,..... .

Eles estão acrescentando enquanto o Sr quer tirar?
Vi que seu texto concorre ao Prêmio Cultura e se for pago em dinheiro, o será pelo mesmo governo que liberou 1 milhão para os desabrigados de Santa Catarina.
Até agora um ano depois só chegou 80 mil por culpa da Burrocracia!
Será pago pelo mesmo governo que não ajudou em nada as 3 mães negras do Morro da Providência, cujos 3 filhos negros, honestos, trabalhadores, provaveis arrimos de famílas, entregues por débeis mentais fardados a facção rival e covardemente assassinados! !
Aonde estava/está o Movimento Negro Carioca ou Brasileiro?
Isto aconteceu na República Federativa dos Estados Unidos do Brasil, mas se fosse nos Estados Unidos da América?
Será que os Negros de lá são mais negros que os daqui?
Será que o premiado escritor, Carioca/Baiano, (quem nasceu antes de 1964 no hoje Rio de Janeiro, nasceu na Baía de Guanabara, governado na época por Negrão de Lima!) com esse dinheiro não poderia colocar um Out-Door levantando a poeira deste tenebroso fato?
Seria um gol de Trivela alavancando a sua provavel campanha!

Salve Mestre Fuleiro!
Jongueiro bom
é de Lorena
matou galinha
temperô com querozena!
Tenho dito!



ENTRE LINHAS & ENTRELINHAS

Somente ontem, 20 de junho/2009, tomei conhecimento do texto de mestre Moraes -- sobre os apelidos na Capoeira -- mas o artigo traz tantos "ganchos" que me foi impossível ignorá-lo.
Afastado voluntariamente desta luta (nem sempre muito leal!) desde 6/1993, quando um "mestre-patinador" vulgo "C. Angoleiro" quase matou meu irmão a pauladas, na presença de 15 alunos e um visitante/praticante americano (Jim S....), sinto-me intimado a comentar trechos do pitoresco escrito do doutor Moraes "Diga-me o seu nome e dir-te-ei quem és", postado em seu blog
http://mestremoraes.blogspot.com/ em 11 de maio pp., mas meus comentários só farão sentido para quem ler antes o texto citado acima.

A meu ver a obra é uma imensa "casca de banana", na qual a maioria escorregou feio... pois, mais do que criticar apelidos, a mensagem é um libelo contra os Batizados.
Não há "envolvimento das elites" na Capoeira... e se, no distante passado, houve algum bispo, ministro do Império ou jornalista de renome envolvidos com ela, eram todos (mulatos, na maioria) gente do povo. Manifestação popular (?!) com elite dentro são os desfiles nos Sambódromos, num "carnaval de bobagens" que o povo verdadeiro paga apenas para ver e de longe. A tal "classe média" do Brasil mal consegue quitar as prestações do carro velho e a escola particular dos filhos.


Mestre Moraes admite que (a Capoeira? a elite?) "absorveu elementos EXTERNOS, ligados à escravidão" como não utilizar calçado, usar calças na canela. Faltou pouco para declarar que foram os senhores de engenho que "INVENTARAM" a Capoeira.
Embora praticada por escravos, êle praticamente lamenta que ela simbolize a ESCRAVIDÃO e vai além, declarando que sua confirmação "como mais uma manifestação de matriz africana passa por uma pesquisa mais apurada".

A perda do próprio nome -- argumento maior do texto -- se torna relativa no Brasil. Angolas e nagôs, entre muitos outros povos africanos, eram separados, as famílias desfeitas vendidas para locais distantes. Não falando português (talvez até falassem, Luanda era possessão reinol), poucos se lhes importava serem chamados de Beneditos ou Franciscos.

Definir o Batizado (na Capoeira ou fora dela) como "mais uma forma de racismo" é pura sandice de mestre Moraes, mesmo que a maioria dos apelidos fosse pejorativa, afirmação da qual discordo.
Moraes incorre em dois êrros: a) aceita que as elites entraram na Capoeira e o Batizado seria consequência disso; e b) apelidar o aluno só se constituiria RACISMO se o praticante fosse mulato ou negro. Na época da criação do Batizado (e da Cap. Regional, junta êle na mesma frase!), nos anos 50/60 do século passado, eram poucos os negros na Capoeira, à excessão da Bahia e Maranhão, salvo engano meu. Frequentei a Capoeira da zona sul carioca -- onde Moraes atuava, aliás -- entre 1975 e 80, em diversos grupos e locais, sem ver nelas mais do que 2 ou 3 negros.

Quanto aos negros alforriados, depois da Lei Áurea possibilitou-se a muitos deles retornarem para a África. Imagina-se que recuperariam lá os nomes de seus ancestrais africanos... ledo engano! Luanda tem bairros inteiros de Duartes, Santos, Gomes, Souzas e Silvas, todos orgulhosos de suas origens... brasileiras.
Mas, se a elite deu na marra seu sobrenome ao ex-escravo, providenciou imediatamente a TROCA do seu próprio. Resumindo, Moraes virou Morais, os Matos e os Rebelos acrescentaram mais um T ou L ao sobrenome, o S virou Z e assim por diante.

Escravizados já na própria África -- por via de disputas tribais (ainda existentes 5 séculos depois) e devido a dívidas, furtos e outros crimes -- o africano adulto não teria como esquecer seu nome E ORIGEM.
Batizados ainda nos portos da África? Com a imensa falta de missionários para a catequese, fica dificil se imaginar um jesuita a postos só para "renomear" o escravo, sem anotação ou registro algum... até porque a Igreja Católica considerava o Negro um ser SEM ALMA, por isso concordava com a escravidão. Nas fazendas, sim, graças aos barões cristãos isso faria sentido.
E juntos, pelo infortúnio, na mesma senzala continuavam inimigos: se um nagô planejasse fuga, haveria sempre um benguela, um bantu, quimbundo, cambinda, congo, fulah ou angola para denunciá-lo ao capataz. Isso é História...
(Consulte-se o diário dos cientistas SPIX & von MARTIUS, que cruzaram o Brasil por 10 ou 15 anos, para mais detalhes.)


Andar descalço e com calças pelas canelas nunca foi "privilégio" de escravos: quase todos os pobres da Idade Média na Europa andavam assim, calçados eram caríssimos e longas roupas arrastando no chão eram luxo da realeza. A Angola baiana, cansada das perseguições de uma polícia venal, corrupta e injusta -- qualquer semelhança com os dias atuais é mera "coincidência" -- deu ares mais decentes (?!) (ou brancos ?) às suas rodas e festas, definindo a calça social e o SAPATO como partes integrantes de sua prática.
Fotos antigas do "brinquedo" no cais dos portos baianos (ou em praias próximas) mostram angoleiros descalços e com sapato, rodas só com 2 berimbaus e sem atabaque, até porque a falada TRADIÇÃO nunca existiu na Capoeira, onde a qualidade maior de quase todos é o CINISMO e sua filosofia (se é que têm alguma ?!) é... "faça o que eu digo, mas não o que eu faço!" Isso perdurará pelos séculos afora.

Doutor Moraes se preocupa com um pequeno aspecto (os apelidos) da Capoeira, quando parcela maior -- instrutores, professores, mestríssimos e grãos-mestres -- está a deturpá-la e "modernizá-la" sempre mais.
Chulas racistas (dá no Negro / pega esse Negro...), rodas nas ruas que viram verdadeiras batalhas e os preceitos antigos (vulgo tradições) sendo desrespeitados a toda hora são coisa comum.
Essa confederação-maravilha inventou toda sorte de aberrações, em seus primeiros dias (1992/3), inclusive festivais de "passo-a-dois" e campeonatos infantis. Admitia considerar como velhos Mestres (?!), dezenas de preguiçosos oportunistas que se dedicaram muito pouco à Capoeira... e sabiam menos ainda. Como os 2 baluartes desse "deserto de quase tudo" no qual pago todos os meus pecados.


Esses dois ESPANTOS têm uma estória de vida inacreditável... se o têrmo IMPOSSÍVEL não estivesse ligado à Capoeira. Um, com diploma de aluno de Pastinha -- embora sequer tenha conhecido o Mestre -- quase não deu aulas em 35 anos de "mestrância". O outro, pior ainda: foi (ou é?!) um dos elementos mais nefastos da Capoeira nacional.
Quando se criou em Salvador a ABCA -- com os velhos Mestres da Angola (em 1991?) -- enviei extensa carta com a "biografia" dos 2 contadas a mim por êles mesmos, em 60 minutos de entrevista gravada, em 1989.
Tudo inútil... o ícone maior da Capoeira contemporânea baiana viria anos depois dar seu aval de angoleiro respeitado a uma das maiores farsas que tive o desprazer de presenciar na vida. Antes que alguém me desminta, convivi intimamente com esses 2 "fenômenos", satisfazendo-lhes vários caprichos (entre 1987 e 1989), até ver o descompromisso de ambos com a Capoeira que juram representar.

Não posso me alongar mais, embora os deslizes cometidos por mestre Moraes dêem para "fazer uma feira", tal a quantidade. Conheci Moraes num jogo memorável com (em 1976?) num clube na Ladeira do Leme que. dizem os boatos, funcionava como cassino.
Quase todos os velhos professores do Grupo Senzala nessa época (1975/80) se diziam alunos vindos de Bimba ou, pelo menos, da Regional Baiana. Os uniformes ("abadás") eram longos, cobriam a frente do pé e alguns tinham UMA ALÇA que passava pela sola. Eram de lycra, cintura alta quase cobrindo o umbigo. Hoje, vejo fotos de Batizados onde o aluno expõe "meio rabo" para a platéia e um trazia o nome do grupo estampado de um lado a outra da bunda.

Os NOMES, como as caras e os títulos, hoje em dia ENGANAM ao mais sagaz dos filósofos e não vai ser mudando apelidos que iremos melhorar isso. Como bem diz o amigo... "a História está repleta de fatos", que o sr. cita sem esclarecer, além de frases que são verdadeiros enigmas.
Os apelidos, nos antigos, protegiam SEUS NOMES REAIS e não serviam "para se esconderem da polícia" (?!), absurdo intencional da parte do Autor. A "explicação" sobre a investida policial contra homônimos carece de sinceridade e clareza, a não ser que Moraes admita que cada "capoeira" perseguido tinha um bandido COM IGUAL ALCUNHA.

É obrigação de quem me lê (ou leu o artigo de me. Moraes) consultar o romance da capoeiragem chamado O CORTIÇO, de Aluísio de Azevedo. Famintos, sem casa nem trabalho, os ex-escravos uniam-se em cortiços, as "cabeças-de-porco" ou, dos Morros próximos, desciam à noite com paus e pedras, a assaltar quem encontrassem pelas vielas e caminhos.
-- "Aqui, del Rey!" -- substituido ao sabor dos tempos por... "Acuda", "Valha-me, Deus" ou "Socorro" -- tornou-se o têrmo mais usado pela plebe ignara, abandonada à própria sorte por uma polícia preguiçosa e covarde.
A sanha policial contra os "capoeiras" tinha intenção original: providenciar VOLUNTÁRIOS para as Guerras contra o Uruguai (1864/65) e o Paraguai (1865/69) ou, no Nordeste dos "cabras de LAMPIÃO", prover milícias, as "volantes", para combater os fanáticos do Antônio CONSELHEIRO (1895/97), mais dois apelidos a fazer História. Como filho de barão não podia ser soldado, "limpava-se as cadeias" (no país inteiro) da escumalha que enchia seus porões.

Por falar em guerras, como o Brasil ignorara os tratados de 1817 e 1827 e a Lei de 1831 -- que exigia o fim do tráfico de africanos -- a Grã-Bretanha em 1845 declarou guerra aos navios negreiros, além de proibir ao Brasil comerciar com qualquer nação, exceto ela. Nenhum motivo cristão a impeliu, dizem que os "tumbeiros" capturados iam parar nas costas da Jamaica, Antilhas e Cuba, ainda com escravos.
A produção nacional de açucar, mais barata pela mão-de-obra escrava, e o comércio francês farto e variado, incomodava os súditos da velha Rainha. Com a desculpa de impedir o tráfico, capturavam navios comerciais aos montes, "às pencas".

O Brasil criou a pêso de ouro um tribunal internacional para condená-la (espécie de ONU), mas perdeu tempo, dinheiro e a causa. Ninguém ousava ir contra o poderio naval da Inglaterra, com uma esquadra de 1200 barcos, o terror dos 7 mares.
Daí, quando INGLESES aportaram aqui, verdes ou azuis, alforriados ou livres, foram postos a ferros. Afinal, a elite da época estava sendo privada das sedas e perfumes, dos vinhos, licores e champagnes, espelhos e vitrais, calçados e chapéus, corpetes e espartilhos, pintores, arquitetos e até LIVROS com as idéias de liberdade, igualdade e fraternidade.

Quanto à ANCESTRALIDADE do nome, só a tem quem OS PAIS instruíram para compreender isso. Iracemas oriundas de romances famosos, Albertinhos e Gabrielas nascidos de novelas de TV ou as "Lêyddis Khêittys" que os pais modernos "adaptam" do inglês para dar aos filhos não têm ORIGEM, afora as Louises e Francinettes, os Jean, Charles e François "importados" de França. Da raiz latina (ou grega) vieram 80% dos nomes atuais, sejam êles de santos, reis ou plebeus e suas preocupações com as "plagas européias" fazem pouco sentido.
ESCRAVA de todos nós, a CAPOEIRA segue mais LIVRE do que nunca... com ou sem BATIZADOS, iniciação tribal que existe no seio da Humanidade desde os tempos das cavernas.

Embora o amigo tenha esquecido (?!) é na África que os nomes, por tradição, se fazem acompanhar de apelidos. Primeiro, relativos ao DIA DA SEMANA em que se nasceu... depois, referindo-se à ocupação dos pais, local de nascimento, qualidades de algum membro do clã, vegetação, animais, etc. Em quase toda a Ásia e em boa parte da Europa é o NOME DE FAMÍLIA (leia-se, o sobrenome) que tem valor.

Como rito de iniciação, o Candomblé é um dos exemplos clássicos de "batismo", no caso de mulheres ("yaôs"), pois homens ligados a êle raramente vi. Em geral, apenas como "abatalás ou ogãs" (não sei se é a mesma coisa!), tocadores de atabaque nas cerimônias.
Capoeirista "macumbeiro" se contava nos dedos, até porque macho e religião não se atraem.

Moraes termina conclamando os Movimentos Negros... os mesmos que deixaram os sagrados movimentos das "yalorixás" virarem a "dança da rodinha ou da garrafa" SEM DAR UM PIO. São entidades "políticas"... ficam a espreitar um incauto qualquer que, num gesto discriminatório, possa lhes dar palco e câmeras para suas vaidades.
Dentro deles, nenhum projeto artistico a favor das crianças negras, nenhum cadastro de artistas negros, nenhuma pressão sobre o Poder público para favorecer essa imensa maioria de desassistidos e ignorados.
Quanto à Lei 10.639, a única da qual ouvi falar ordenava o ensino da História da África nas escolas públicas... não tratava nem de Capoeira e nem de apelidos.
Caro mestre: o senhor me surpreendeu... ao contrário.
Espero que sejas mais feliz no próximo artigo. Com todo o respeito,

"NATO" AZEVEDO
(escritor e poeta)



 Meu texto "ENTRE LINHAS & ENTRELINHAS" ensejou, num megasite cultural, o comentário abaixo, que reproduzo SEM O NOME DA AUTORA, para evitar-lhe os aborrecimentos que estou tendo agora, apenas por expor minha opinião:

Perfeito! Esse papo de 'cultura popular' é herança do CPC, dos anos 60. A Capoeira, um dos poucos e grandes legados do Brasil à humanidade, é fruto de fenômenos sociais, como toda grande manifestação cultural de massas. E quanto à presença da 'elite branca', dá-se o mesmo que no Blues americano. Não fosse a presença maciça da classe média, ávida e curiosa em qq lugar, a capoeira teria desaparecido. Conheci e pratiquei um pouco nos anos 70, em Copacabana e S. Cristóvão, com um colega de trabalho, mulato classe média baixa. Hoje, a Capoeira é praticada nos EUA e Europa, graças a este tipo de divulgação 'classe média'. A juventude negra e favelada migrou para o terrível 'fanqui' e sua boçalidade. Este tornou-se a 'cultura popular', para desgosto dos CPCistas. Nos EUA, o negro só pensa em RAP, outra bbosta. Largou o Blues nas mãos brancas universitárias.Não li o artigo (não o encontrei), mas conheço o discurso. Quanto a batizados e sobrenomes, nossos 'heróis' continuam sem sobrenome. É Martinho da Vila, Zico, Pelé, Roberto Carlos, Xuxa, Leonardo 'do Milan', Chitãozinho e Xororó, Lula(lá fora é Lula da Silva), Robinho, Dunga,Fernando Henrique(lá fora Pres. Cardoso),Getúlio, etc... E por aí vai ... Poucos famosos têm sobrenome, embora tenham sido 'batizados". Continuamos na Idade Média. Apenas jornalistas e escritores têm sobrenome.
(uma jovem) Rio de Janeiro (RJ) · 27/6/2009 -- 08:07

  

 A CANOA VIROU...

"CAPOEIRA é o jogo na roda...
tudo o mais é (apenas) consequência
disso. Ou, em outras palavras, o resto
pouco importa !"
NESTOR CAPOEIRA -- numa "releitura"
particular de "Nato" Azevedo.

"Vou me embora desta terra,
que aqui não posso ficar.
Vou dar descanso ao meu nome...
vou dar sossego ao lugar."
"auto" (trecho de peça) cantada por
mestre "LUA",
em Niterói, em 1977/78

E morreu ontem, 26/junho 2009, o maior artista negro do Mundo, talvez -- em quantidade de fãs e admiradores -- maior do que Pelé, Cassius Clay ou Carl Lewis, o velocista que "derrotou" Hitler. A TV Record registrou que, só na lista telefônica da capital paulista, existem DUZENTOS Michael Jackson, a jogar por terra (ou no mar) a teoria da ANCESTRALIDADE DO NOME, um dos temas mais importantes do artigo de mestre Moraes, sem considerarmos nomes "criativos" juntando metade do nome paterno com parte do nome da mãe.

Mas até mesmo NO TÍTULO... "Diga-me o SEU NOME e te direi quem és!" o texto é um equívoco, a não ser que o Autor seja mediúnico ou pitonisa. Há certa dose de "pré-conceito" na afirmação e que poderia desqualificar a obra.
Meu nome é CINCINATO ("nascido simples", na origem latina da palavra)... e daí?! Aliás, quase minto, meu nome é CELSO, que recebi na pia batismal e que o pai, dizendo ser nome DE POBRE -- seria essa a tal "ancestralidade"? -- trocou pelo pomposo e sonoro prenome citado acima. E se eu disser que, além de crismado LUÍS (por escolha minha), no hospital onde nascemos, gêmeos, a certidão de vacina BCG traz os "nomes" de Cosme e DAMIÃO ? E agora, mestre Moraes ?!

No tempo em que estudamos no Primário, nos anos 60, o nome de batismo se chamava PRENOME cuja definição, nos dicionários da época era "nome que ANTECEDE o nome de família". Mas, isso é outra história !
O escritor Pedro (do latim "Petrus") não é doutor, embora lecione História em universidade ou faculdade. Contudo, errei por pouco, caro Professor Moraes... a "ancestralidade latente" em seu PRENOME me permite tal liberdade. Senão, vejamos: o primeiro Papa da cristandade, um Czar de imenso poder na Rússia de 1700 e tal e o meninO-Imperador que govermou o Brasil por quase 30 anos.

Da meia dúzia (ou mais) de temas que mestre Moraes pincela em seu texto, boa parte é verdade pela metade... ou nem isso! A presença das elites -- no plural, não sei porquê! -- na Capoeira, a polêmica ancestralidade, o tal Batismo dos quase-escravos nos portos africanos -- declaração que seria transposta de obra de João Reis -- dificil de se crer pelo simples fato de que eram raríssimos os missionários naquela época e porque a Igreja, que mantinha escravos em seus Colégios jesuitas e na paróquias, via no Negro "um ser SEM ALMA".

Tem mais: "a prática de batizar o aluno (e dar-lhe um apelido) seria mais uma forma de RACISMO". Tal afirmativa se refere aos grupos de Capoeira atuais, onde o número de mulatos e negros continua modesto. Embora tal "ritual" não conste das tradições da Capoeira, CONSTA DA HISTÓRIA DO NEGRO que a gerou, apenas aqui no Brasil, acrescentaria Moraes.
E voltamos ao início de tudo: os ancestrais do negro Manoel e do mulato Vicente BATIZADOS nos portos de Benin, Congo, Moçambique e Sudão -- obrigado pela contribuição, mestre Cobra Mansa! -- ou na chegada do navio negreiro no Rio ou Salvador, com um terço da carga macabra, por vezes nem isso.

Quanto aos APELIDOS nos Grupos, se A MAIORIA deles (metade mais 1) hoje em dia fossem mesmo pejorativos, seriam estúpidos os alunos que os aceitassem e mais estúpido ainda o "instrutor" -- me recuso a chamar de Mestre um sonso desses -- que, vivendo da mensalidade dos alunos, quizesse depreciá-los tanto.
Portanto, outra "meia verdade" do texto infeliz de mestre Moraes, embora ainda existam apelidos RACISTAS mesmo (até no futebol), por se referirem à côr da pele. GRAFITTE é um deles, que a Imprensa nacional repete a toda hora e os tais Movimentos Negros fingem não ver nem ouvir.

E chegamos aos BATIZADOS, o alvo principal dos "rabiscos" de mestre Moraes. (Seria êle um dos tais ELEMENTOS EXTERNOS ligados à Capoeira?!) Recebi emails que quase me acusavam de DIFAMAR o autor e diziam ver rancor contra êle no meu texto. A interpretação de uma obra depende do (des)conhecimento de cada leitor... não me aborreço com isso.
Embora concorde (com êle!) na extinção dos apelidos, TODOS ÊLES, defendo com unhas e dentes os BATIZADOS, "batismos" -- isso é coisa de crente! -- ou que outro nome um Vieira qualquer venha dar para a festa, o evento.
BATIZADOS são a única vez no ano em que o Grupo de Capoeira se mostra -- muitas vezes de forma inadequada -- para a comunidade onde está e é quando os pais vão conferir o quê e como o filho/filha está aprendendo e o TIPO de professor ou Mestre (valha-me Deus, Senhor São Bento!) que dirige o Grupo.

Mestre Moraes sai do seu sagrado silêncio para admitir que seu texto era realmente "uma casca de banana" -- enfim, acertei uma! -- mas que foi eu quem escorregou nela. Isso é uma questão de ponto de vista. Reclama que não defini em que região do imenso continente negro OS APELIDOS, por tradição, estão ligados AO NOME, embora NÃO NEGUE minha assertiva.
Aponta que confundi POVO com ETNIA, "neologismo politicamente correto" mas que RENEGA o que eu, Moraes e quantos mais que frequentaram a EP nos anos 60 aprenderam. Hoje, nos livros escolares, a RAÇA é uma só... a HUMANA ! Em que muda meu argumento saber que BANTU não é povo, raça, grupo, dialeto ou culto mas, sim, ETNIA? "A ordem dos tratores não altera o viaduto", acrescenta meu irmão, o piadista da família.

Para finalizar, mestre Moraes argumenta que nas fotos citadas por mim (de angoleiros baianos em 1950 e tal, em rodas nas praias e no cais) fica dificil identificar quem é ou não escravo (?!) e que "EM CERTAS CIRCUNSTÂNCIAS o calçado definia quem era escravo ou senhor".
Assim, é covardia: tal expressão permite a negação ou confirmação de absolutamente TUDO. No Brasil daqueles tempos meia cidade usava sapatos... e não tinha escravos simplesmente porque era CONTRA A ESCRAVIDÃO, como o jornalista José do Patrocínio ou o "saca-molas" " Tiradentes", para ficar só nesses.
Dou por encerrada a questão, quem quizer que continue...

"NATO"AZEVEDO
(escritor e poeta "de latrina")
 
O comentário abaixo faz parte do texto:
A canoa virou!

7 -- quanto ao BATIZADO, o nome é impróprio para o que se faz na Capoeira. Afinal, o aluno formado ou o contramestre passam por teste IGUAL ao do iniciante... logo, se a Capoeira ADOTAR O NOME REAL do praticante, o graduamento (ora chamado de "Batizado") continuaria sem problemas. Portanto, caro Moraes, ponto prá mim.
"PAU que dá em Chico, dá em Francisco", meu caro PAUlinho... você me repreendeu por ser "a favor" (?! -- ou quase isso) dos apelidos e vejo você a APELIDAR seu correspondente de... "RABIOLA", a linha que mantém a "pípa" numa direção. (OBS.: apelido exato, perfeito, para quem o recebeu.)
E voltamos a regra número 1 da Capoeira, desde sempre: 
"FAÇA O QUE EU DIGO, MAS NÃO O QUE EU FAÇO"!
Dou por ENCERRADO esse triste momento de minha... hesitei por 20 dias em questionar o texto de me. Moraes, sabia o que esperava.  No Rio de outrora SÓ HAVIA a "luta do pau" e o boxe, ambos de origem inglesa e uma tal SINHOZINHO, "capoeira" SEM MÚSICA e quase sem ginga. A capoeiragem carioca VEIO COM MÚSICA... agora, de Pernambuco, segundo Itamar.
Então, NÃO É CARIOCA"... e ponto final!
LAMENTO não responder aos que enviaram comentários ao meu texto. DESCULPEM, não tenho estômago para mais nada!
             CINCINATO PALMAS AZEVEDO
               (ANANINDEUA, Pará, BRASIL)


http://gigi-proffissaomaeemtempointegral.blogspot.com/2011/04/queridas-amigas-osem-primeiro-lugarpeco.html
PS: Vai um chá de Picão, Assacu, CusCus, Sacanagem, (palito com Tira-Gosto]. ....

Fecho com estas bebidas que poucos conhecem!!!