sexta-feira, 19 de junho de 2009

Apelidos Pejorativos na Capoeira? É Bimba!


                                                                              Mestre Fuleiro

Resposta ao texto:
Diga-me o seu nome, e dir-te-ei quem és!
Mestre Moraes

Admirado Mestre Antônio!
Não sei seu nome tamanha a fama de seu sobrenome, também não sei se o Sr é Bahiano ou Carioca, mas isto não vem ao caso.
Quando comecei a estudar a origem dos nomes, caí na Bíblia, cujos nomes (e não sobrenomes, que parecem que ninguém tinha lá salvo excessões, como: José de Arimatéia ou Jesus Nazareno que indicam localidade) sempre significam algo importante.
Já na vida Tonho é corruptela de Antônio, Zé de José, Guará de Guarabira e Pastinha e Moraes de......
Na Capoeira tinha o Antônio Ferreiro, o José Peixeiro, mas Marcos Capoeira ou Mestre Benício, porque eram jogadores ou Professores da mesma. Bimba, Canjiquinha, Leiteiro, etc, já vieram com seus respectivos apelidos, que como conta a História da/na Capoeira era para dificultar a rápida identificação pela policia!
Se Moraes e Pastinha não é o nome, é Apelido!

Se voçe estiver conversando com alguém que voçe não sabe o SobreNome e vir outro e falar: E aí Aranha, como vai? Voçe pensará quie é o apelido do mesmo, certo Mestre Gilberto? Portantanto Pastinha poderia ser por ele andar com uma peqquena pasta e Moraes, igual ao Mestre Canjiquinha, por dizer constantemente: Morô Moraes, se não morô, não mora mais!
No exterior o Sobre(acima do nome?) Nome é maior, exemplo:
Dom Pedro e seus mais de 15 nomes eram menores que seu Sobre-Nome:
D'Orleans e Bragança!
Aqui no Brasil um ícone foi/é(?) Carmen Mayrink Veiga!
Os 3 Pilotos Tri-Campeões de Formúla 1 fizeram seus sobrenomes?
Os jogadores de Futebol no Brasil e talvez no Mundo consegue impor seus nomes!


A parteira fez uma aposta com a mãe de Manoel dos Reis Machado e quando ele nasceu, a parteira falou:
É Bimba!
Expressão popular Bahiana para orgão sexual masculino!
Com a vinda dos Cristãos Novos ( embora Cristãos, foram denominados Novos, pois tinham que deixar algumas Tradições Judaícas) em fuga por causa da Santa Inquisição na Europa, ao chegarem aqui, adotaram sobrenomes de arvores, peixes, locais, flôres, animais e outras, para dificultar sua identificação!
Flôres: rosa, cravo,...
Arvores: laranjeira, maçaranduba, pinheiro, palmeira, mata.....
Aves: curió, bicudo, passarinho, pinto....
Peixe: camarão, sardinha....
Locais: serra, pedreira, Bahia, Maranhão, Ytapoã...
Outros: feio, furtado, Botelho Ferro, segura, carrasco...
Animais: carneiro, coelho, leão, barata, cobra, leitão..... .

Com uma boa dose de coincidência poderíamos ter:
Ana Cravo Pinto
Ana Segura Pinto Furtado
Ana Botelho Pinto Feio

Que estranho, centenas de famílas vivendo a décadas com sobrenomes de animais, carneiro, coelho, leão, barata, etc, e não se sentirem/sentem humilhadas!
Estarão anestesiadas ou as pessoas com quem se relacionam não acham humilhantes estes sobrenomes?

Não vou dizer que o Sr está errado no seu intento, porque citando a infeliz piada contida no livro:
Ser Negro no Brasil hoje de Ana Lúcia E. F. Valente da Editora Moderna, no capítulo:
Racismo a Brasileira, pag 24:
Porque o preto não erra?
Porque errar é humano!
Acredito que a lutas melhores do que esta de acabar com essa pseudo tradição.
Tradição?
Quando foi que aprendi a classificar pessoas pela aparência?
Foi na Escola Primária!
Aprendemos a identificar, brancos, amarelos, vermelhos e negros, isso antes de Michael Jackson e suas operações.

Nasci no Morro dos Cabritos no RJ, como outros nasceram no Pavão, Cantagalo, Macacos, etc. Estudei no Paraná e Santa Catarina entre 1958/65 e lá conheci uma garota negra com o nome de Vera Lúcia Regina dos Santos ! Mais tarde estudando a História do Brasil tive que decorar os 15 nomes de Dom Pedro!
Já brincavamos com o nome Jacinto Filho, como anos mais tarde surgia a:
Mulher de Riacho Fundo casa com homem de Pau Grande!
Nunca vi la, uma só gravura ou a palavra Capoeira nos livros escolares referindo-se ao jogo/luta!
Quando foi que conheci a Capoeira no Rio de Janeiro?
Depois de 1970!

Como a maioria dos capoeiristas pelo menos do Rio de Janeiro aprenderam o nome de Mestre Bimba?
Depois de sua morte, quando alguém fêz esta música:

Quem não se lembra
Quando a notícia correu
Era no cair da tarde
Berimbau silenciou
Atabaque se calou
O pandeiro emudeceu
Morreu, Manoel dos Reis Machado
O famoso Mestre Bimba
Criador da Regional....


Em 1975 quando entrei para a Capoeira, só conhecia na Zona Sul do RJ, a Academia de Mestre Peixinho. Tempos depois o Mestre Camisa apareceu no CEU, Casa do Estudante Universitário no Bairro do Flamengo.
Desconheço se havia alguma no Centro mas ja se ouvia falar de Mestre Touro e Dentinho na Zona Norte! Em 1980 a coisa melhorou com Mestre Neco e Arthur Emídio no Leme, Camisa no Asa e Clube Guanabara em Botafogo, Mestra Sandrinha no Pavãozinho, Pai de Santo em Jacarepaguá, Mestre Gilberto na Barra, Pantera na Tijuca, Poeira em Padre Miguel e as Rodas de Caxias, Nova Iguaçu, Quinta da Boa Vista e Feira de São Cristovão!
Ou seja:
Ha menos de 40 anos ela era desconhecida na maioria dos Estados!
Salvo engano de minha parte o Boom se deu através da Rede Globo com Mestre Boneco na apresentação de Malhação!
Em seguida o carismático Marcelo Farias fez o papel de um aluno de Capoeira numa novela!

Apesar dos mais de 100 anos, a sua evolução/involução é recente e começou com Mestre Bimba e a sua similar da Angola, a Luta Regional Bahiana!
Pastinha deu uma mãozinha também, pois recebeu o Grupo Nossa Senhora de Conceição da Praia com uniforme nas côres azul e branco e mudou o nome para Centro Esportivo de Capoeira Angola e as côres para preto e amarelo!
Hoje temos a preocupante Capoeira Gospel, Capoeira Holistica, fora as que não vingaram:
Aero Poeira, HidroCapoeira!
Hoje as pessoas não conseguem separar o que fazem de sua Religião, assim temos: Igreja do Maradona, Igreja do Elvis Presley, Igreja dos Surfistas e ja temos Roda de Capoeira dentro de Igrejas Católicas e Templos Evangélicos. Falta só um doido varrido om coragem para criar a Noooosssa Igreja!
Aleluia irmão, Oh Glória!
Concordo com o Sr que certos apelidos são de lascar, como: Diabo, Capeta, etc.
Meu filho com quem treinas?, pergunta a mãe.
Com o Capeta! responde o filho.

Em um lugar do Brasil o apelido é extremamente necessário, pois existem centenas de Josés da Silva. Lembro deste verso de um Baião:
É Zé de lá, é Zé de cá, é Ze de baixo, Zé de riba, como tem Zé na Paraíba!
Pode o apelido pejorativo ser maior que a obra do agraciado?
Desconheço a História de Mestre Boneco, mas Mestre Burguês deu a volta por cima e se hoje não é invejado, e admirado! Mestre Camisa o mais novo dos 3 irmãos, Camisa Rôxa e Camisa Preta, era Camisinha quando preservativo era Jontex!
O capoeirista evangélico Porco fez a 1ª Bíblia da Capoeira e se virar Pastor será Pastor Porco?


O cantor-músico Branca di Neve nos premia com esta composição:
Qual é a côr de Deus!
Mazinho Xerife - Luiz Carlos Xuxu - Branca Di Neve)

Você sabe a cor de Deus ?
Quem sabe não revela,
Você sabe a cor de Deus ?
Quem sabe não revela.

Em vez do apart'aid, aperte a mão do negro,
O negro tem direito de viver,
Negro é paz, negro é amor, não faz a guerra,
O negro também é a esperança desta terra.

O seu sofrimento,
É como um lamento,
Que corta os quatro cantos,
Num canto de sentimento.

Fraternidade, igualdade, liberdade,
E tendo um universo cheio de felicidade,
Fraternidade, igualdade, liberdade,
E tendo um universo cheio de felicidade.

Na África tem negro com sofrimento,
Aqui também o negro tem seu lamento,
No mundo inteiro o negro tem seu sentimento.

Você sabe a cor de Deus ?
Quem sabe não revela,
Você sabe a cor de Deus ?
Quem sabe não revela

E a Lei......?
Enquanto houver Negros que gostam de seus apelidos, como:
Neguinho da Beija-Flor, PretaGil, Moreno, Preto, Grafite, Branca di Neve, nós não Negros vamos vivendo neste impasse, quando será crime chamá-los assim!
Temos nomes de animais na Sociedade e na Capoeira?
Vejamos: touro, calango, suino, macaco, urubu, corvinho,cobra, etc.
Conheci e treinei com o Cobra Preta, Negro, determinado, exigente, competente, dedicado, conhecedor e amante da Arte-Capoeira!
Participei de uma Oficina com Cobra-Mansa e achei-o carismático e provavelmente todos esses adjetivos acima. Meu aluno Angolinha do Pará foi treinar no RJ com o Contra Mestre Urubu por sinal aluno de Cobra Mansa.
E de quem Cobra Mansa é aluno?
Do jogador Edmundo é que não é!
Me lembrei da comediante de Zorra Total:
Faça oque eu digo, mas não faça oque eu faço!
Me enganei, é:
Isssssooooooo Poooooode!
Isssssooooooo Nãooooo Pooooode!

Meu amigo Negro após receber meu comentário no seu texto no Blogspot falou;
Porque voçe perde tanto tempo com picuinhas?
Meu amigo tem um nome que significa;
Sol Nascente, mas tem um apelido na Capoeira que significa:
moeda quilombola, lobo, ave, serra, time e futebol, duas cidades e nas cidades uma infinidades de estabelecimentos comerciais com o nome da cidade!



Por enquanto o saldo negativo na Capoeira está assim:
Mudou-se a côr da calça de Angola, alguns evangélicos estão tirando o atabaque e trocando algumas músicas por Hinos.
Um deles até recebeu a graduação de seu grupo das mãos divinas!
Campeonatos de Passo-a-dois, desvalorização do Título de Mestre com as suas divisões:
Mestrando, Mestre Aspirante, Mestre Efetivo, Mestre de Honra, Mestríssimo, Grão Mestre,..... .

Eles estão acrescentando enquanto o Sr quer tirar?
Vi que seu texto concorre ao Prêmio Cultura e se for pago em dinheiro, o será pelo mesmo governo que liberou 1 milhão para os desabrigados de Santa Catarina.
Até agora um ano depois só chegou 80 mil por culpa da Burrocracia!
Será pago pelo mesmo governo que não ajudou em nada as 3 mães negras do Morro da Providência, cujos 3 filhos negros, honestos, trabalhadores, provaveis arrimos de famílas, entregues por débeis mentais fardados a facção rival e covardemente assassinados! !
Aonde estava/está o Movimento Negro Carioca ou Brasileiro?
Isto aconteceu na República Federativa dos Estados Unidos do Brasil, mas se fosse nos Estados Unidos da América?
Será que os Negros de lá são mais negros que os daqui?
Será que o premiado escritor, Carioca/Baiano, (quem nasceu antes de 1964 no hoje Rio de Janeiro, nasceu na Baía de Guanabara, governado na época por Negrão de Lima!) com esse dinheiro não poderia colocar um Out-Door levantando a poeira deste tenebroso fato?
Seria um gol de Trivela alavancando a sua provavel campanha!

Salve Mestre Fuleiro!
Jongueiro bom
é de Lorena
matou galinha
temperô com querozena!
Tenho dito!



ENTRE LINHAS & ENTRELINHAS

Somente ontem, 20 de junho/2009, tomei conhecimento do texto de mestre Moraes -- sobre os apelidos na Capoeira -- mas o artigo traz tantos "ganchos" que me foi impossível ignorá-lo.
Afastado voluntariamente desta luta (nem sempre muito leal!) desde 6/1993, quando um "mestre-patinador" vulgo "C. Angoleiro" quase matou meu irmão a pauladas, na presença de 15 alunos e um visitante/praticante americano (Jim S....), sinto-me intimado a comentar trechos do pitoresco escrito do doutor Moraes "Diga-me o seu nome e dir-te-ei quem és", postado em seu blog
http://mestremoraes.blogspot.com/ em 11 de maio pp., mas meus comentários só farão sentido para quem ler antes o texto citado acima.

A meu ver a obra é uma imensa "casca de banana", na qual a maioria escorregou feio... pois, mais do que criticar apelidos, a mensagem é um libelo contra os Batizados.
Não há "envolvimento das elites" na Capoeira... e se, no distante passado, houve algum bispo, ministro do Império ou jornalista de renome envolvidos com ela, eram todos (mulatos, na maioria) gente do povo. Manifestação popular (?!) com elite dentro são os desfiles nos Sambódromos, num "carnaval de bobagens" que o povo verdadeiro paga apenas para ver e de longe. A tal "classe média" do Brasil mal consegue quitar as prestações do carro velho e a escola particular dos filhos.


Mestre Moraes admite que (a Capoeira? a elite?) "absorveu elementos EXTERNOS, ligados à escravidão" como não utilizar calçado, usar calças na canela. Faltou pouco para declarar que foram os senhores de engenho que "INVENTARAM" a Capoeira.
Embora praticada por escravos, êle praticamente lamenta que ela simbolize a ESCRAVIDÃO e vai além, declarando que sua confirmação "como mais uma manifestação de matriz africana passa por uma pesquisa mais apurada".

A perda do próprio nome -- argumento maior do texto -- se torna relativa no Brasil. Angolas e nagôs, entre muitos outros povos africanos, eram separados, as famílias desfeitas vendidas para locais distantes. Não falando português (talvez até falassem, Luanda era possessão reinol), poucos se lhes importava serem chamados de Beneditos ou Franciscos.

Definir o Batizado (na Capoeira ou fora dela) como "mais uma forma de racismo" é pura sandice de mestre Moraes, mesmo que a maioria dos apelidos fosse pejorativa, afirmação da qual discordo.
Moraes incorre em dois êrros: a) aceita que as elites entraram na Capoeira e o Batizado seria consequência disso; e b) apelidar o aluno só se constituiria RACISMO se o praticante fosse mulato ou negro. Na época da criação do Batizado (e da Cap. Regional, junta êle na mesma frase!), nos anos 50/60 do século passado, eram poucos os negros na Capoeira, à excessão da Bahia e Maranhão, salvo engano meu. Frequentei a Capoeira da zona sul carioca -- onde Moraes atuava, aliás -- entre 1975 e 80, em diversos grupos e locais, sem ver nelas mais do que 2 ou 3 negros.

Quanto aos negros alforriados, depois da Lei Áurea possibilitou-se a muitos deles retornarem para a África. Imagina-se que recuperariam lá os nomes de seus ancestrais africanos... ledo engano! Luanda tem bairros inteiros de Duartes, Santos, Gomes, Souzas e Silvas, todos orgulhosos de suas origens... brasileiras.
Mas, se a elite deu na marra seu sobrenome ao ex-escravo, providenciou imediatamente a TROCA do seu próprio. Resumindo, Moraes virou Morais, os Matos e os Rebelos acrescentaram mais um T ou L ao sobrenome, o S virou Z e assim por diante.

Escravizados já na própria África -- por via de disputas tribais (ainda existentes 5 séculos depois) e devido a dívidas, furtos e outros crimes -- o africano adulto não teria como esquecer seu nome E ORIGEM.
Batizados ainda nos portos da África? Com a imensa falta de missionários para a catequese, fica dificil se imaginar um jesuita a postos só para "renomear" o escravo, sem anotação ou registro algum... até porque a Igreja Católica considerava o Negro um ser SEM ALMA, por isso concordava com a escravidão. Nas fazendas, sim, graças aos barões cristãos isso faria sentido.
E juntos, pelo infortúnio, na mesma senzala continuavam inimigos: se um nagô planejasse fuga, haveria sempre um benguela, um bantu, quimbundo, cambinda, congo, fulah ou angola para denunciá-lo ao capataz. Isso é História...
(Consulte-se o diário dos cientistas SPIX & von MARTIUS, que cruzaram o Brasil por 10 ou 15 anos, para mais detalhes.)


Andar descalço e com calças pelas canelas nunca foi "privilégio" de escravos: quase todos os pobres da Idade Média na Europa andavam assim, calçados eram caríssimos e longas roupas arrastando no chão eram luxo da realeza. A Angola baiana, cansada das perseguições de uma polícia venal, corrupta e injusta -- qualquer semelhança com os dias atuais é mera "coincidência" -- deu ares mais decentes (?!) (ou brancos ?) às suas rodas e festas, definindo a calça social e o SAPATO como partes integrantes de sua prática.
Fotos antigas do "brinquedo" no cais dos portos baianos (ou em praias próximas) mostram angoleiros descalços e com sapato, rodas só com 2 berimbaus e sem atabaque, até porque a falada TRADIÇÃO nunca existiu na Capoeira, onde a qualidade maior de quase todos é o CINISMO e sua filosofia (se é que têm alguma ?!) é... "faça o que eu digo, mas não o que eu faço!" Isso perdurará pelos séculos afora.

Doutor Moraes se preocupa com um pequeno aspecto (os apelidos) da Capoeira, quando parcela maior -- instrutores, professores, mestríssimos e grãos-mestres -- está a deturpá-la e "modernizá-la" sempre mais.
Chulas racistas (dá no Negro / pega esse Negro...), rodas nas ruas que viram verdadeiras batalhas e os preceitos antigos (vulgo tradições) sendo desrespeitados a toda hora são coisa comum.
Essa confederação-maravilha inventou toda sorte de aberrações, em seus primeiros dias (1992/3), inclusive festivais de "passo-a-dois" e campeonatos infantis. Admitia considerar como velhos Mestres (?!), dezenas de preguiçosos oportunistas que se dedicaram muito pouco à Capoeira... e sabiam menos ainda. Como os 2 baluartes desse "deserto de quase tudo" no qual pago todos os meus pecados.


Esses dois ESPANTOS têm uma estória de vida inacreditável... se o têrmo IMPOSSÍVEL não estivesse ligado à Capoeira. Um, com diploma de aluno de Pastinha -- embora sequer tenha conhecido o Mestre -- quase não deu aulas em 35 anos de "mestrância". O outro, pior ainda: foi (ou é?!) um dos elementos mais nefastos da Capoeira nacional.
Quando se criou em Salvador a ABCA -- com os velhos Mestres da Angola (em 1991?) -- enviei extensa carta com a "biografia" dos 2 contadas a mim por êles mesmos, em 60 minutos de entrevista gravada, em 1989.
Tudo inútil... o ícone maior da Capoeira contemporânea baiana viria anos depois dar seu aval de angoleiro respeitado a uma das maiores farsas que tive o desprazer de presenciar na vida. Antes que alguém me desminta, convivi intimamente com esses 2 "fenômenos", satisfazendo-lhes vários caprichos (entre 1987 e 1989), até ver o descompromisso de ambos com a Capoeira que juram representar.

Não posso me alongar mais, embora os deslizes cometidos por mestre Moraes dêem para "fazer uma feira", tal a quantidade. Conheci Moraes num jogo memorável com (em 1976?) num clube na Ladeira do Leme que. dizem os boatos, funcionava como cassino.
Quase todos os velhos professores do Grupo Senzala nessa época (1975/80) se diziam alunos vindos de Bimba ou, pelo menos, da Regional Baiana. Os uniformes ("abadás") eram longos, cobriam a frente do pé e alguns tinham UMA ALÇA que passava pela sola. Eram de lycra, cintura alta quase cobrindo o umbigo. Hoje, vejo fotos de Batizados onde o aluno expõe "meio rabo" para a platéia e um trazia o nome do grupo estampado de um lado a outra da bunda.

Os NOMES, como as caras e os títulos, hoje em dia ENGANAM ao mais sagaz dos filósofos e não vai ser mudando apelidos que iremos melhorar isso. Como bem diz o amigo... "a História está repleta de fatos", que o sr. cita sem esclarecer, além de frases que são verdadeiros enigmas.
Os apelidos, nos antigos, protegiam SEUS NOMES REAIS e não serviam "para se esconderem da polícia" (?!), absurdo intencional da parte do Autor. A "explicação" sobre a investida policial contra homônimos carece de sinceridade e clareza, a não ser que Moraes admita que cada "capoeira" perseguido tinha um bandido COM IGUAL ALCUNHA.

É obrigação de quem me lê (ou leu o artigo de me. Moraes) consultar o romance da capoeiragem chamado O CORTIÇO, de Aluísio de Azevedo. Famintos, sem casa nem trabalho, os ex-escravos uniam-se em cortiços, as "cabeças-de-porco" ou, dos Morros próximos, desciam à noite com paus e pedras, a assaltar quem encontrassem pelas vielas e caminhos.
-- "Aqui, del Rey!" -- substituido ao sabor dos tempos por... "Acuda", "Valha-me, Deus" ou "Socorro" -- tornou-se o têrmo mais usado pela plebe ignara, abandonada à própria sorte por uma polícia preguiçosa e covarde.
A sanha policial contra os "capoeiras" tinha intenção original: providenciar VOLUNTÁRIOS para as Guerras contra o Uruguai (1864/65) e o Paraguai (1865/69) ou, no Nordeste dos "cabras de LAMPIÃO", prover milícias, as "volantes", para combater os fanáticos do Antônio CONSELHEIRO (1895/97), mais dois apelidos a fazer História. Como filho de barão não podia ser soldado, "limpava-se as cadeias" (no país inteiro) da escumalha que enchia seus porões.

Por falar em guerras, como o Brasil ignorara os tratados de 1817 e 1827 e a Lei de 1831 -- que exigia o fim do tráfico de africanos -- a Grã-Bretanha em 1845 declarou guerra aos navios negreiros, além de proibir ao Brasil comerciar com qualquer nação, exceto ela. Nenhum motivo cristão a impeliu, dizem que os "tumbeiros" capturados iam parar nas costas da Jamaica, Antilhas e Cuba, ainda com escravos.
A produção nacional de açucar, mais barata pela mão-de-obra escrava, e o comércio francês farto e variado, incomodava os súditos da velha Rainha. Com a desculpa de impedir o tráfico, capturavam navios comerciais aos montes, "às pencas".

O Brasil criou a pêso de ouro um tribunal internacional para condená-la (espécie de ONU), mas perdeu tempo, dinheiro e a causa. Ninguém ousava ir contra o poderio naval da Inglaterra, com uma esquadra de 1200 barcos, o terror dos 7 mares.
Daí, quando INGLESES aportaram aqui, verdes ou azuis, alforriados ou livres, foram postos a ferros. Afinal, a elite da época estava sendo privada das sedas e perfumes, dos vinhos, licores e champagnes, espelhos e vitrais, calçados e chapéus, corpetes e espartilhos, pintores, arquitetos e até LIVROS com as idéias de liberdade, igualdade e fraternidade.

Quanto à ANCESTRALIDADE do nome, só a tem quem OS PAIS instruíram para compreender isso. Iracemas oriundas de romances famosos, Albertinhos e Gabrielas nascidos de novelas de TV ou as "Lêyddis Khêittys" que os pais modernos "adaptam" do inglês para dar aos filhos não têm ORIGEM, afora as Louises e Francinettes, os Jean, Charles e François "importados" de França. Da raiz latina (ou grega) vieram 80% dos nomes atuais, sejam êles de santos, reis ou plebeus e suas preocupações com as "plagas européias" fazem pouco sentido.
ESCRAVA de todos nós, a CAPOEIRA segue mais LIVRE do que nunca... com ou sem BATIZADOS, iniciação tribal que existe no seio da Humanidade desde os tempos das cavernas.

Embora o amigo tenha esquecido (?!) é na África que os nomes, por tradição, se fazem acompanhar de apelidos. Primeiro, relativos ao DIA DA SEMANA em que se nasceu... depois, referindo-se à ocupação dos pais, local de nascimento, qualidades de algum membro do clã, vegetação, animais, etc. Em quase toda a Ásia e em boa parte da Europa é o NOME DE FAMÍLIA (leia-se, o sobrenome) que tem valor.

Como rito de iniciação, o Candomblé é um dos exemplos clássicos de "batismo", no caso de mulheres ("yaôs"), pois homens ligados a êle raramente vi. Em geral, apenas como "abatalás ou ogãs" (não sei se é a mesma coisa!), tocadores de atabaque nas cerimônias.
Capoeirista "macumbeiro" se contava nos dedos, até porque macho e religião não se atraem.

Moraes termina conclamando os Movimentos Negros... os mesmos que deixaram os sagrados movimentos das "yalorixás" virarem a "dança da rodinha ou da garrafa" SEM DAR UM PIO. São entidades "políticas"... ficam a espreitar um incauto qualquer que, num gesto discriminatório, possa lhes dar palco e câmeras para suas vaidades.
Dentro deles, nenhum projeto artistico a favor das crianças negras, nenhum cadastro de artistas negros, nenhuma pressão sobre o Poder público para favorecer essa imensa maioria de desassistidos e ignorados.
Quanto à Lei 10.639, a única da qual ouvi falar ordenava o ensino da História da África nas escolas públicas... não tratava nem de Capoeira e nem de apelidos.
Caro mestre: o senhor me surpreendeu... ao contrário.
Espero que sejas mais feliz no próximo artigo. Com todo o respeito,

"NATO" AZEVEDO
(escritor e poeta)



 Meu texto "ENTRE LINHAS & ENTRELINHAS" ensejou, num megasite cultural, o comentário abaixo, que reproduzo SEM O NOME DA AUTORA, para evitar-lhe os aborrecimentos que estou tendo agora, apenas por expor minha opinião:

Perfeito! Esse papo de 'cultura popular' é herança do CPC, dos anos 60. A Capoeira, um dos poucos e grandes legados do Brasil à humanidade, é fruto de fenômenos sociais, como toda grande manifestação cultural de massas. E quanto à presença da 'elite branca', dá-se o mesmo que no Blues americano. Não fosse a presença maciça da classe média, ávida e curiosa em qq lugar, a capoeira teria desaparecido. Conheci e pratiquei um pouco nos anos 70, em Copacabana e S. Cristóvão, com um colega de trabalho, mulato classe média baixa. Hoje, a Capoeira é praticada nos EUA e Europa, graças a este tipo de divulgação 'classe média'. A juventude negra e favelada migrou para o terrível 'fanqui' e sua boçalidade. Este tornou-se a 'cultura popular', para desgosto dos CPCistas. Nos EUA, o negro só pensa em RAP, outra bbosta. Largou o Blues nas mãos brancas universitárias.Não li o artigo (não o encontrei), mas conheço o discurso. Quanto a batizados e sobrenomes, nossos 'heróis' continuam sem sobrenome. É Martinho da Vila, Zico, Pelé, Roberto Carlos, Xuxa, Leonardo 'do Milan', Chitãozinho e Xororó, Lula(lá fora é Lula da Silva), Robinho, Dunga,Fernando Henrique(lá fora Pres. Cardoso),Getúlio, etc... E por aí vai ... Poucos famosos têm sobrenome, embora tenham sido 'batizados". Continuamos na Idade Média. Apenas jornalistas e escritores têm sobrenome.
(uma jovem) Rio de Janeiro (RJ) · 27/6/2009 -- 08:07

  

 A CANOA VIROU...

"CAPOEIRA é o jogo na roda...
tudo o mais é (apenas) consequência
disso. Ou, em outras palavras, o resto
pouco importa !"
NESTOR CAPOEIRA -- numa "releitura"
particular de "Nato" Azevedo.

"Vou me embora desta terra,
que aqui não posso ficar.
Vou dar descanso ao meu nome...
vou dar sossego ao lugar."
"auto" (trecho de peça) cantada por
mestre "LUA",
em Niterói, em 1977/78

E morreu ontem, 26/junho 2009, o maior artista negro do Mundo, talvez -- em quantidade de fãs e admiradores -- maior do que Pelé, Cassius Clay ou Carl Lewis, o velocista que "derrotou" Hitler. A TV Record registrou que, só na lista telefônica da capital paulista, existem DUZENTOS Michael Jackson, a jogar por terra (ou no mar) a teoria da ANCESTRALIDADE DO NOME, um dos temas mais importantes do artigo de mestre Moraes, sem considerarmos nomes "criativos" juntando metade do nome paterno com parte do nome da mãe.

Mas até mesmo NO TÍTULO... "Diga-me o SEU NOME e te direi quem és!" o texto é um equívoco, a não ser que o Autor seja mediúnico ou pitonisa. Há certa dose de "pré-conceito" na afirmação e que poderia desqualificar a obra.
Meu nome é CINCINATO ("nascido simples", na origem latina da palavra)... e daí?! Aliás, quase minto, meu nome é CELSO, que recebi na pia batismal e que o pai, dizendo ser nome DE POBRE -- seria essa a tal "ancestralidade"? -- trocou pelo pomposo e sonoro prenome citado acima. E se eu disser que, além de crismado LUÍS (por escolha minha), no hospital onde nascemos, gêmeos, a certidão de vacina BCG traz os "nomes" de Cosme e DAMIÃO ? E agora, mestre Moraes ?!

No tempo em que estudamos no Primário, nos anos 60, o nome de batismo se chamava PRENOME cuja definição, nos dicionários da época era "nome que ANTECEDE o nome de família". Mas, isso é outra história !
O escritor Pedro (do latim "Petrus") não é doutor, embora lecione História em universidade ou faculdade. Contudo, errei por pouco, caro Professor Moraes... a "ancestralidade latente" em seu PRENOME me permite tal liberdade. Senão, vejamos: o primeiro Papa da cristandade, um Czar de imenso poder na Rússia de 1700 e tal e o meninO-Imperador que govermou o Brasil por quase 30 anos.

Da meia dúzia (ou mais) de temas que mestre Moraes pincela em seu texto, boa parte é verdade pela metade... ou nem isso! A presença das elites -- no plural, não sei porquê! -- na Capoeira, a polêmica ancestralidade, o tal Batismo dos quase-escravos nos portos africanos -- declaração que seria transposta de obra de João Reis -- dificil de se crer pelo simples fato de que eram raríssimos os missionários naquela época e porque a Igreja, que mantinha escravos em seus Colégios jesuitas e na paróquias, via no Negro "um ser SEM ALMA".

Tem mais: "a prática de batizar o aluno (e dar-lhe um apelido) seria mais uma forma de RACISMO". Tal afirmativa se refere aos grupos de Capoeira atuais, onde o número de mulatos e negros continua modesto. Embora tal "ritual" não conste das tradições da Capoeira, CONSTA DA HISTÓRIA DO NEGRO que a gerou, apenas aqui no Brasil, acrescentaria Moraes.
E voltamos ao início de tudo: os ancestrais do negro Manoel e do mulato Vicente BATIZADOS nos portos de Benin, Congo, Moçambique e Sudão -- obrigado pela contribuição, mestre Cobra Mansa! -- ou na chegada do navio negreiro no Rio ou Salvador, com um terço da carga macabra, por vezes nem isso.

Quanto aos APELIDOS nos Grupos, se A MAIORIA deles (metade mais 1) hoje em dia fossem mesmo pejorativos, seriam estúpidos os alunos que os aceitassem e mais estúpido ainda o "instrutor" -- me recuso a chamar de Mestre um sonso desses -- que, vivendo da mensalidade dos alunos, quizesse depreciá-los tanto.
Portanto, outra "meia verdade" do texto infeliz de mestre Moraes, embora ainda existam apelidos RACISTAS mesmo (até no futebol), por se referirem à côr da pele. GRAFITTE é um deles, que a Imprensa nacional repete a toda hora e os tais Movimentos Negros fingem não ver nem ouvir.

E chegamos aos BATIZADOS, o alvo principal dos "rabiscos" de mestre Moraes. (Seria êle um dos tais ELEMENTOS EXTERNOS ligados à Capoeira?!) Recebi emails que quase me acusavam de DIFAMAR o autor e diziam ver rancor contra êle no meu texto. A interpretação de uma obra depende do (des)conhecimento de cada leitor... não me aborreço com isso.
Embora concorde (com êle!) na extinção dos apelidos, TODOS ÊLES, defendo com unhas e dentes os BATIZADOS, "batismos" -- isso é coisa de crente! -- ou que outro nome um Vieira qualquer venha dar para a festa, o evento.
BATIZADOS são a única vez no ano em que o Grupo de Capoeira se mostra -- muitas vezes de forma inadequada -- para a comunidade onde está e é quando os pais vão conferir o quê e como o filho/filha está aprendendo e o TIPO de professor ou Mestre (valha-me Deus, Senhor São Bento!) que dirige o Grupo.

Mestre Moraes sai do seu sagrado silêncio para admitir que seu texto era realmente "uma casca de banana" -- enfim, acertei uma! -- mas que foi eu quem escorregou nela. Isso é uma questão de ponto de vista. Reclama que não defini em que região do imenso continente negro OS APELIDOS, por tradição, estão ligados AO NOME, embora NÃO NEGUE minha assertiva.
Aponta que confundi POVO com ETNIA, "neologismo politicamente correto" mas que RENEGA o que eu, Moraes e quantos mais que frequentaram a EP nos anos 60 aprenderam. Hoje, nos livros escolares, a RAÇA é uma só... a HUMANA ! Em que muda meu argumento saber que BANTU não é povo, raça, grupo, dialeto ou culto mas, sim, ETNIA? "A ordem dos tratores não altera o viaduto", acrescenta meu irmão, o piadista da família.

Para finalizar, mestre Moraes argumenta que nas fotos citadas por mim (de angoleiros baianos em 1950 e tal, em rodas nas praias e no cais) fica dificil identificar quem é ou não escravo (?!) e que "EM CERTAS CIRCUNSTÂNCIAS o calçado definia quem era escravo ou senhor".
Assim, é covardia: tal expressão permite a negação ou confirmação de absolutamente TUDO. No Brasil daqueles tempos meia cidade usava sapatos... e não tinha escravos simplesmente porque era CONTRA A ESCRAVIDÃO, como o jornalista José do Patrocínio ou o "saca-molas" " Tiradentes", para ficar só nesses.
Dou por encerrada a questão, quem quizer que continue...

"NATO"AZEVEDO
(escritor e poeta "de latrina")
 
O comentário abaixo faz parte do texto:
A canoa virou!

7 -- quanto ao BATIZADO, o nome é impróprio para o que se faz na Capoeira. Afinal, o aluno formado ou o contramestre passam por teste IGUAL ao do iniciante... logo, se a Capoeira ADOTAR O NOME REAL do praticante, o graduamento (ora chamado de "Batizado") continuaria sem problemas. Portanto, caro Moraes, ponto prá mim.
"PAU que dá em Chico, dá em Francisco", meu caro PAUlinho... você me repreendeu por ser "a favor" (?! -- ou quase isso) dos apelidos e vejo você a APELIDAR seu correspondente de... "RABIOLA", a linha que mantém a "pípa" numa direção. (OBS.: apelido exato, perfeito, para quem o recebeu.)
E voltamos a regra número 1 da Capoeira, desde sempre: 
"FAÇA O QUE EU DIGO, MAS NÃO O QUE EU FAÇO"!
Dou por ENCERRADO esse triste momento de minha... hesitei por 20 dias em questionar o texto de me. Moraes, sabia o que esperava.  No Rio de outrora SÓ HAVIA a "luta do pau" e o boxe, ambos de origem inglesa e uma tal SINHOZINHO, "capoeira" SEM MÚSICA e quase sem ginga. A capoeiragem carioca VEIO COM MÚSICA... agora, de Pernambuco, segundo Itamar.
Então, NÃO É CARIOCA"... e ponto final!
LAMENTO não responder aos que enviaram comentários ao meu texto. DESCULPEM, não tenho estômago para mais nada!
             CINCINATO PALMAS AZEVEDO
               (ANANINDEUA, Pará, BRASIL)


http://gigi-proffissaomaeemtempointegral.blogspot.com/2011/04/queridas-amigas-osem-primeiro-lugarpeco.html
PS: Vai um chá de Picão, Assacu, CusCus, Sacanagem, (palito com Tira-Gosto]. ....

Fecho com estas bebidas que poucos conhecem!!!



















terça-feira, 9 de junho de 2009

Mestre Bimba x Mestre Osvaldo: O Judas da Capoeira? e Conceito&Trajetória na Capoeira!



O outro lado da História!
Prólogo:
Quando Mestre Bimba veio para Goiás e a Bahia perdeu Mestre Bimba, todo mundo ficou conversando, cada um falava a sua maneira.
Tudo oque eu digo aqui é uma maneira de me defender, porque todo mundo me criticou demais!
Essa defesa é um direito meu, porque na hora só tomei cacetada, todos se viraram contra mim, eu que fiz todo o benefício! Aos incrédulos do que eu digo, aviso que tenho documentos para provar!
Osvaldo Rocha de Souza


O outro lado da História!
Em 1970 treinando com Mestre Bimba no Centro de Cultura Fisica Regional da Bahia, convidei-o a visitar Goiânia, (Goiás) e ao mesmo tempo ser paraninfo da 1ª turma de capoeiristas, formatura esta feita por mim, Mestre Osvaldo de Souza no Cine Teatro Goiânia. Ele aceitou e consegui trazê-lo através do apoio do Departamento de Cultura do Estado de Goiás para formar 15 capoeiristas!
Mestre Bimba ficou comovido com a atenção do público Goiano, pois naquela época estava atravessando uma fase difícil na Bahia, ninguém lhe apoiava e eu cheguei a ver isso de perto!


Todos falam:
Mestre Bimba prá lá, Metre Bimba pra cá, mas ninguém procurou ajudar o Mestre dentro da maneira que correspondesse a sua expectativa, pelo número grande de discípulos que tinha em Salvador.
É importante frisar isto, pois houve/há uma grande deturpação (da verdade?) pela vinda definitiva dele para Goiás e isso posso afirmar com certeza:
Mestre Bimba nunca teve apoio em Salvador, principalmente por parte de seus discípulos!
Quando eu falo assim:
Discípulos do Mestre Bimba, não é abrangendo todo mundo, têm as pessoas de bem que sempre procuraram ajudar o Mestre, cito Mestre Decânio que foi um companheiro que ajudou o Mestre Bimba dentro de suas possibilidades!


Constatei que Mestre Bimba fazia apresentações para turistas no Nordeste de Amaralina e todo mundo sabendo das dificuldades que ele atravessava, com as despesas que tinha, ninguém correspondia, tanto é que muitos díscípulos que participavam do Show com Capoeira, Maculêle, samba de roda, samba duro e apresentação de Candomblé, ficavam brigando para dividir o dinheiro!
Agora eu lhes pergunto:
Aonde é que está o coração destes discípulos?
Na (1ª?) vinda do Mestre Bimba para Goiás ele me disse:
Olha Osvaldo, se voçe puder me ajudar, eu quero vir trabalhar a Capoeira aqui no Estado de Goiás, porque a Bahia para mim não está resolvendo nada em termos financeiros!


Todo mundo falando e eu aqui (em Goiás) trabalhando, dando minhas aulas de Capoeira e sempre mandando uma ajuda para o Mestre Bimba em Salvador!
Voltei a Salvador e na época participei junto com outros alunos de Mestre Bimba de um documentário para a União Soviética que foi realizado no Nordeste de Amaralina e outro que foi filmado no Jardim de Alá!.
Participei junto com o Grupo Folclórico de Mestre Bimba e pude constatar oque já acontecera antes, todos querendo a partilha do dinheiro.


Na volta vim conversando com o Mestre e perguntei-lhe:
Como é que este pessoal ao invés de dar apoio ao Senhor, eles ficam exigindo pagamento, fazendo rateio entre eles para depois dar a parte do Mestre? Chegando na Pituba aonde eu estava hospedado por causa da temporada do Curso de Especialização com o Mestre Bimba, ele tirou o dinheiro e disse:
Aqui está a sua parte!
Respodi:
Não Mestre, nunca peguei dinheiro de apresentação e não vai ser agora que vou pegar!
Foi quando ele me disse uma coisa que nunca mais esqueci:
Se todo mundo fôsse igual a voçe Osvaldo, que sempre está me ajudando e nunca pegou dinheiro de apresentação que voçe participou aqui comigo!



Em 1971 na ocasião da EXPO 71 em Goiânia-Goiás, colaborei com o pessoal da Organização e fui convidado para fazer a apresentação de Capoeira.
Sabendo das dificuldades do Mestre Bimba, pedi ao pessoal da organização para contratá-lo, para apresentar a Capoeira na abertura da Feira Agropecuária de Goiânia que é uma festa muito importante e conhecida no Brasil inteiro.

O Mestre fêz 3 apresentações e em uma delas teve a honra das presenças do Presidente Médice e do governador do Estado de Goiás, Dr Leonino di Ramos Caiado! O cachê foi de 2 milhões de cruzeiros e o ajudou muito a aguentar a crise que ele vinha atravessando na Bahia!
Foi um marco histórico para mim, pois consegui um avião da SUDENE com o Governo do Estado de Goiás, para ir buscar o Grupo Folclórico de Mestre Bimba em Salvador.



Fechei contrato com Mestre Bimba e tenho toda esta documentação arquivada! 
Tem muita gente que fica conversando oque não sabe, porque quer aparecer e viver de conversa, viver de ilusão, mentindo para os outros!
Reuni o pessoal do Mestre no Nordeste de Amaralina 7:00 horas da manhã e embarcamos para Gioânia. A volta também de avião com Mestre Bimba foi uma honra muito grande para mim, porque nenhuma dessas pessoas que conversam oque não sabem, tiveram a capacidade de fazer oque fiz pelo Mestre Bimba!

Outro grande marco que realizei, foi quando o Grupo Furacões da Bahia, fêz apresentações aqui em Gioânia! Consegui a estadia de 8 dias para 40 figurantes e que era comandado pelo Mestre Camisa Rôxa, discípulo de Mestre Bimba. Fêz o 1º Show com qualidade internacional aqui no ESEFEGO levando grande multidão. Consegui outro Show no Goiânia Tênis Clube e voçe pode tirar a conclusão:
40 pessoas e eu consegui hospedagem para todos, que ficaram muito satisfeitos comigo, com a atenção que tive para com eles.


Porque eu sempre procurei trabalhar e não ficar de conversa mole, porque conversa mole não põe ninguém para frente!
Ficar conversando e criticando é muito fácil, mas eu posso falar com todo prazer da honraria que tive de Mestre Bimba ao ele me dizer:
Voçe é um cara que faz alguma coisa!
Num Simpósio Brasileiro de História realizado aqui em Goiânia, veio delegações de todo o Brasil e a delegação Bahiana teve problema, pois estava sem verba para a alimentação e o combustível da volta.


Juntei os meus discípulos do Grupo Folclórico do Mestre Osvaldo de Souza e junto com o pessoal do Manolo aluno de Bimba e que estava na delegação Bahiana, fizemos um Show e graças a Deus, porque Deus é grande, conseguimos lotar o local e com isso conseguir a verba necessária para voltarem de ônibus!
Oque eu passo para meus alunos foi oque aprendi com Mestre Bimba, nunca desvirtuei a Capoeira Regional, tanto é que já re-editei o Método de Capoeira Regional (#1)aonde friso as palavras:
Discípulo e seguidor de Mestre Bimba!


Fiz todo o aprendizado de Capoeira com Mestre Bimba, as especializações e ele falava:
Voçe é um discípulo que eu vou diplomar!
Tanto é que recebi os diplomas, um na época do Orgão que comandava a Capoeira, a Federação de Pugilismo e outro do Centro de Cultura Física Regional da Bahia.
No diploma do Centro lê-se:
O Sr. Osvaldo Rocha de Souza recebeu com aproveitamento os cursos de Capoeira Regional e recebeu o Título de Mestre de Capoeira!


Um dia o Mestre falou para mim:
Osvaldo se um dia eu faltar, voçe vai ser endeusado por uns e odiado por outros!
Quero deixar claro aqui que nunca causei dano a coisa nenhuma, apenas atendi ao pedido dele, porque o exílio dele foi expontâneo, ja tinha vontade de vir para Goiás, tanto é que falou para os jornais:
Se eu não gozar nada em Goiás, gozarei ao menos do cemitério!
A decepção de Mestre Bimba com a Bahia foi muito grande, ja saiu de lá abalado emocional e psicologicamente, uma pessoa já de idade, passar pelo que ele passou e não ter ajuda!!!

A minha militância na Capoeira vem desde os 13 anos, sempre estive no núcleo de bons capoeiristas na Bahia, treinei com Crispim o filho de Mestre Bimba e depois fui para a mão de Mestre Bimba que me recebeu com toda a atenção e procurou me ensinar/transmitir tudo.
Tenho um acervo muito grande, fotos de Mestre Bimba, documentação que não é qualquer um que tem.



Enquanto ele esteve aqui em Goiás sempre procurei zelar pela saúde do Mestre, porque quando ele chegou estava se sentido mal e procurei médicos alunos meus que fizeram todo o check-up no Mestre, tratamento, revisão médica! Também o Doutor Carlos ajudou dando tratamento já que ele apresentava sintomas de hipertensão, e ele tinha todos os remédios necessários, os quais ele sempre procurou tomar seguindo oque os médicos prescreviam.

As Casas
Muitos falam que foi prometido casas para Mestre Bimba e familiares, escola para os filhos....nunca falei isso e não foi firmado contrato nenhum a respeito!
Ele chegou aqui, escolheu as casas e morou nelas, só que tinha que vender as casas e Academias ( a história diz que ele vendeu-as para alunos) da Bahia para poder compra-las.
Infelizmente para ele, vendeu-as a prestação e na 1ª cobrança veio da Bahia sem o dinheiro e oque ele ganhava aqui só dava para as despesas dele e familiares.


Chegou tão contrariado que até desmaiou na rodoviária!
Falar todo mundo fala, criticar todo mundo critica, mas ninguém participou, ninguém ajudou em nada!
Procurei ajudar e dentro do possivel fiz demais!
Para ele vir para cá, eu tive que pegar todo o pessoal lá, embarcar todos e encaminha-los aqui.
Lá na Bahia o pessoal ajudou em quê?
Em nada!
Fui eu quem pagou as passagens de todos e foram 22 pessoas, e para elas dei alimentação até normalizarem as suas vidas!


A Academia
Um dia Mestre Bimba me falou:
Agora vou arrumar um local e vou dar aula para minha sobrevivência.
Enquanto esteve comigo a aula era dividida 50% para cada um e eu tinha quase 600 alunos. Foi um negócio democrático, dividimos numa boa, sem um arranhão, sem nada de discussão!
Quando ele foi dar aula no DCE e na ESEFEGO uma parte de meus alunos foi com ele.


É importante frisar que foram alunos que começaram na minha Academia, e foram formados por mim na Formatura no Cine Teatro Gioânia, aonde Mestre Bimba foi paraninfo dessa turma.
Eles ficam falando:
Eu formei com Mestre Bimba, fui aluno de Mestre Bimba!
Iniciaram comigo na Capoeira, eu peguei na mão deles para ensiná-los e sei o nome de todos eles!


As cartas
Tenho cartas de quando ele me escrevia de Salvador, no começo da carta ele fala:
Meu aluno e Amigo Osvaldo!
As pessoas foram deturpando, falando isso e aquilo e procurando uma deturpação fora do comum.
Outro fato importante, eu sempre conversei com Dona Nair (espôsa de Bimba) e ela falou-me:
O Mestre Bimba aqui em Gioás ganhou dinheiro que muito tempo ele não ganhou em Salvador! Eu admiro muito oque voçe fez pelo Mestre, porque só eu sei as dificuldades que passamos. Todo mundo fala isso e aquilo mas resolver o problema ninguém resolvia!


A morte
Dizem que Mestre Bimba morreu de Banzo aqui em Gioás oque não é verdade, porque o problema do Mestre Bimba foi a Bahia, que não socorreu ele em nada, que não fez nada, todo mundo foi displicente.
Agora eu pergunto a voçes aí em Salvador:
Um baluarte da Capoeira como Mestre Bimba, Mestres dos Mestres, o Lutero da Capoeira, o Papa da Capoeira moderna, voçes só ficam olhando o Homem na extrema dificuldade, vendendo as coisas para sobreviver?
Na hora do acontecimento que ele faleceu, eles entraram em pânico, porque não resolveram nada, ficaram aqui com o Mestre fazendo Shows e hoje se viram para querer me criticar!
Aí ele vem até mim, me pede e eu não posso falar que não para ele, pelo menos fiz oque me pediu e aqui ele teve trabalho, fez show, deu aula!
Quero deixar bem claro aqui, se ele falasse:
Me leva novamente!
Eu o levaria para Goiás!
Esta é a minha verdade!
Mestre Osvaldo de Souza, discípulo e seguidor de Mestre Bimba!



PS:
Escrito sob forte emoção, tornou-se extremamente longo e repetitivo. Por isso este é um resumo do resumo, para não tornar-se cansativo!
Recebi este Jornal da Capoeira Regional, com o sub-título Informativo da Academia Mestre Osvaldo de Souza - Ano V nº 9 de Janeiro/Fevereiro/2000 e imediatamente fiz um resumo no intuito de divulgá-lo o máximo possível. Mas brigas com o Correio local me detiveram.



Mais tarde, um ano talvez, ele mandou-me o Método de Capoeira Regional de Mestre Bimba,(#1) ao qual por descuido ou não, ele acrescentaria os desenhos todos do livro Capoeira sem Mestre de Lamartine Pereira da Costa, sem informar ao leitor!
Isto deixou-me com um pé atrás, daí a demora em divulgar!
Leiteiro



Sem dúvida, dois trabalhos que me dão orgulho é o resumo de "ATENILO, O RELÂMPAGO DA CAPOEIRA" e "A DEFESA DE Mestre OSVALDO"! Se o leitor não me cutuca eu não lembraria que: fica nítido no Prólogo seu terrível sofrimento pelas possíveis calúnias sofridas anos a fio! 
Bimba não foi só, mestre Osvaldo levou um ônibus cheio da Bahia, então fica óbvio que muita gente viu se Bimba foi ou não explorado e quem o explorou! De minha parte, estou tranquilo ao dizer que se mestre Osvaldo atraiu/traiu Mestre Bimba, também fez o possível para que êle tivesse a mesma vida boa que tinha na Bahia. 
Vou com Fernando Rabelo e acrescento sem medo: 
BANZO !
Quanto a se êle atraiu, sua frase é sintomática:
Aí ele vem até mim, me pede e eu não posso falar que não para ele, pelo menos fiz oque me pediu e aqui ele teve trabalho, fez show, deu aula!
Quero deixar bem claro aqui, se ele falasse:
Me leva novamente!
Eu o levaria para Goiás!
Esta é a minha verdade!
Mestre Osvaldo de Souza, discípulo e seguidor de Mestre Bimba!

Leiteiro



Comentários:
Mestre Owaldo disse, ouvi dele nos idos de 1999, que ia calar a boca de todo mundo que achava que ele era culpado.... etc.
Parece que conseguiu porque quem sacaneou os baianos da Regional não foi ele, foi o próprio Mestre da Regional.
O homem tinha cérebro, até ao morrer deu lição de vida.
Melhor calar e refletir.
Fernando Rabelo



Não é a tôa que Bahiano gosta tanto de Boxe, é que já nasce com a mão fechada!
Tanto com Mestre Bimba, como com Mestre Pastinha, os alunos com 25-40 anos ficaram só olhando. Poderiam se unir e fazerem uma cestinha básica mensal, pelo menos no caso de Pastinha.
Eles conhecem a música:
Capoeira é Bom(?) oi Iaiá, eu sei porque!
Leiteiro




Conceito e Trajetória na Capoeira!
TRAJETÓRIA NA CAPOEIRA ?

Um leitor me propõe um desafio: falar de minha trajetória na Capoeira! 
Tenho certeza que mais de 90% dos praticantes das décadas de 70 e 80 não estavam nem aí para sua trajetória na Capoeira! Estavam numa época de desprezo da Sociedade e perseguição implacável dos evangélicos!



O Lua conseguiu incutir em mim mais o amor à musicalidade do que à técnica. Assim "mandei ver" e passei a tocar e cantar em Rodas, por mais de 2 horas, me tornando o iniciador de Rodas em São Cristóvão, no Posto 9 em Ipanema, e na Cinelândia! 
Das academias que visitei (entre 1978/82) todas com menos de 10-20 alunos, com exceção de Camisa e Pantera! Na Senzala era por causa do espaço: Classe A e um pouco pequeno! Trajetória com o Lua era impossível pois seu objetivo era ensinar para formar um Grupo folclórico. 



Falei... FOLCLÓRICO? 
Houve um Batizado no mestre Pantera (1978?), presença ilustre de mestre Lilin, de Linhares (ES). Mestre Lilin fazia parte de um Grupo folclórico e seus alunos vinham uniformizados com a roupa do Grupo, que coincidia com a da Capoeira, calça e camisa brancas com uma faixa de pano vermelho do tamanho de uma corda de Capoeira, à guisa de cinto.
No meio da festa aparecem 2 gladiadores e a "peste" do momento: Amarelinho ! Findo o belo Batizado vem a espera da Roda livre, a hora do "Ponha lá, vaqueiro, o seu jaleco de couro"! Entra o primeiro corda-vermelha, digo, faixa vermelha e pula um Golias na sua frente. O "Golias" desce o cacete e quase transforma o "Davizinho" em 2! A turma do "deixa disso" entra em ação e êles vão embora. Só o Amarelinho fica até o fim da festa e provoca um qualquer, dá um tapa no rosto do mesmo e o chama pra fora. Não demorou para se ouvir a gritaria e o "corre-corre", pois Amarelinho -- que era PM na época -- puxou de um "tresoitão" carga dupla, "adubado" de pombos sem asas! 




Trajetória na Capoeira não tem êrro: 
Batizado e graduações até se chegar a mestre! 
Portanto, eu não tenho trajetória na Capoeira porque só fui batizado... e mal! Além disso, conheço pessoas que não foram batizadas e, sim, graduadas! Palestras e Oficinas são partes da trajetória? Acredito que não porque vários Mestres NÃO FAZEM! E os que mudaram de Grupo e foram REBAIXADOS de mestre para aluno? Então, se deduz que trajetória na Capoeira é (algo) raro!

Meu irmão treinou com mestre Camisa no Clube Guanabara 1 mês e meio somente e uns 6 meses com o contramestre do Índio (da Senzala) no Clube do Flamengo, aonde foi graduado. Qual foi/é a trajetória dele na Capoeira, já que depois nunca mais treinou? 
Eu posso até imaginar que tenho conceito com mestres de renome como  Lua Rasta, Guará, Toni, Poeira, Nestor Capoeira, Pantera, etc, mas meu irmão Cincinato se correspondeu com Mestre Canjiquinha, Limãozinho, Waldenor, Cigana, Itapuã (BA), Burguês, Nestor Capoeira, André Lacê, Alvinho Sucuri e Macaô, Gavião e teve a honra de escrever um texto de Abertura de um Batizado de mestre Suassuna em 1988, a pedido dele. Se não fosse os CORREIOS teria se correspondido com meio Mundo.



RESUMO: para se ter conceito na Capoeira não é preciso ter trajetória, é preciso ter atuação ou trabalho relevante, ou prática admirável... ou TUDO ISSO junto! 

Como disse desde o início, os antigos não estavam "nem aí" para a trajetória... e o CONCEITO?! 
Era a "Era do Espartaco" rebimbando e abrir Rodas carecia de uma boa dose de coragem e muito de insanidade. As histórias corriam... pancadaria e tiros no beco da LOBRÁS, fulano acabou sozinho com Roda na Zona Norte!
Domingo de sol, Feira de São Cri-Cri "bombando" e eu já esperando... lá pelas tantas chegaram 3 gladiadores. O maior e mais famoso se abaixa ao pé do beriba e nenhum herói comparece! Se o Chaves estivesse presente diria: -- "E agora, quem poderá nos defender"! 




Assim o Chapollin Colorado, no caso eu, largo o biriba e vou para o sacrifício. A  cópia fajuta do Golias mostra as armas, fazendo a pose do Pensador de RODIN, só para me mostrar seus bíceps.
Eu sou doido mas não sou burro, ao ver que seu bíceps era da mesma largura de minha coxa de "frango" dei uma ré estratégica e me escondi na platéia congelada. Apareceu um mais doido do que eu, um Davizinho (que tinha vindo com êles) doido para fazer sucesso! Em menos de 20 segundos foi estatelado de costas no chão e o ensandecido Golias deita peito com peito,  imobilizando-o com seu peso animal num autêntico IPON de Judô!
Finda a pantomima e, vendo que daquele mato só sairia ovelha, se retiraram. E lá se vai mais uma semana, com o peso da minha covardia me martirizando. E chega outro domingo e lá vou eu desalentado para o meu Calvário.     Como era de se esperar, quem estava no domingo anterior foi procurar lazer menos perigoso.



Quase 11 horas, hora em que a Roda estaria "bombando" e apenas 2 desconhecidos ao meu lado. Um era negro, 22 / 25 anos, razoavelmente forte. Eis que chega êle, o Espártaco em pessoa! Chama o negro, que nem pestanejou, dando a entender que era de outro Estado... ou estava em estado de graça!
Espártaco fingiu sair e agarrou-o pelos "tomates" e pelo cangote, levando-o uns 3 passos adiante. O negro não mudou de cor e postou-se sereno novamente no pé do biriba. Espártaco repetiu a patifaria e o negro seguiu à risca o que disse mestre Pastinha:
-- "O capoeira quanto mais calmo, melhor"!
Enfim, jogaram e o negro não deixou a desejar... 

https://www.google.com.br/?gws_rd=ssl#q=video+a+morte+do+capoeira

Espártaco conseguiu a má fama que tanto perseguiu e para seus detratores disse:
-- "Com as pedras que me atiram construirei meu castelo"!
O ponto alto dessa era nefasta para a Capoeira foi a morte do menino, cantada em prosa & verso pelo Jornal Nacional. 
Tenho dito!