segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mestre Valter&Grupo de Capoeira Liberdade!

Homenagem a Mestre Valter!


Mestre Valter (1955-2010) e Mestre Beto!

Mestre Bicudo mais conhecido como Mestre Valter caiu do céu aqui na Cidade Nova 6 em Ananindeua, Pará. Conheci-o por acaso quando passava na Arterial 5 e ouvi o som do berimbau.
Conheço minha má fama por isso não parei na primeira vez que vi o seu espaço, por sinal inacreditávelmente pequeno, uns 3x4 metros!

Fui passando e olhando por vários dias até confirmar que não era alguém que eu conhecia e portanto tambem não me conhecia. Determinado a conhecer esse novo professor de Capoeira do pedaço fui e pedi para ver seu trabalho. Permitiu me colocando dentro do exiguo espaço enquanto dava aulas para uns 5 abnegados alunos.



Mestre Valter se mostrou um bom professor, educado, muito técnico, exigente, sério, extremamente incentivador do aluno que demonstrasse fraqueza no executar de um movimento.
Era tipo da pessoa que faz amizade fácil, com um olhar penetrante e um sorriso cativante. Me conquistou totalmente e resolvi dar força ao Grupo que florescia com um pouco de meu conhecimento, que é/era tocar e cantar.

Logo o nosso som a beira da pista principal trouxe mais alunos e ficou impossivel continuar naquele espaço.
Mudou-se para outro, mais perto de minha casa e 1 metro maior!
Nesta altura do campeonato ele ja estava bem divulgado no bairro e visitava meu maior inimigo, o Patinador!

Por isso me afastei de Mestre Valter mas não da amizade dele e no dia em que ele resolveu inaugurar a nova academia 4x4 metros veio me convidar e falou que também tinha convidado o ícone da Capoeira do Bairro: O Patinador!
Falei que era/é impossível eu estar aonde o Patinador estiver e ele compreendeu. Avisei que se preparasse pois o Ícone não é de perder a viagem e não deu outra.

Foto Carlos Rauda

O ìcone chegou com uns 15 alunos cada um com o seu berimbau e embora Mestre Valter tivesse avisado que era uma inauguração com pouco tempo de duração, o cara não se preocupou com isso. Se a academia só com os alunos do Mestre ja ficava cheia, imagino com os 15 do ícone!
Exímio na arte de se promover o Patinador tomou conta do evento!

Mandou seus alunos colocarem os berimbaus no chão e foi um a um afinando os mesmos. Os possiveis minutos para a apresentação do jogo dos alunos e depois a roda livre foram se esvaindo, sem que a educação de Mestre Valter lhe permitissem acabar com aquela presepada!
Depois desse fatídico evento nem o Mestre, nem seus alunos visitaram mais a academia do Patinador!

Mestre Valter, Ori, Junião, Leiteiro e Adauto! Foto Carlos Rauda

Quis Deus que essa nova mini academia fosse bem ao lado de amplo e abandonado Centro Comunitario e o apelo da comunidade cujos filhos praticavam essa Arte forçou a dona do centro -eleita pela comunidade- a abri-lo!
Foi a glória:
O Centro com 10x20 metros em poucas semanas estavam lotado e uns alunos vinham do Patinador!

Mas alegria de pobre dura pouco e embora o Centro só usasse 2 lampadas de 60 wats a conta vinha pelos 15 reais!
Só para comparar eu hoje durmo com uma lampada acessa e uso tv 18 horas por dia e minha conta é abaixo de 4,00 reais!
Mesmo assim Mestre Valter e seu Grupo de Capoeira Liberdade conseguiu fazer um dos mais belos Batizados, vindo quase todos os melhores Capoeiristas da época e de lugares muito longe como Castanhal!

Coloco 4 fotos Cortesia de Carlos Rauda para á apreciação daqueles lá estiveram e puderam homenagear essa figura ímpar, grande perda para a humanidade, querido de todos:
Mestre Valter!

A gente morre, a terra come
Fica a fama
Morre o homem!

aDeus, aDeus/ eu vou agora/ eu vou para o céu/ vou jogar Angola!

Da esquerda para a direita: Mestre Beto e Gigante de corda Azul nos Berimbaus!
Jogando: Mestre Leão!Foto Carlos Rauda

Porque coloquei a história do Patinador?
Porque na volta que o mundo deu, na volta que o munda dá, um aluno do Patinador, o Gigante, é hoje um professor de vários polos do Grupo de Capoeira Liberdade do tão querido Mestre Valter!
Sou eu sou eu quem vem lá.....

Colagem: Leiteiro Arte gráfica e serigráfica: Nelson Guedes!

PS:
Fiz esse refrão em homenagem ao grupo, adaptando-o a esse lindo samba da Escola de Samba do Estácio!
O negro na senzala cruciante
Olhando para o céu
pedia a todo instante
e em seu canto
lamentos de saudade
Apenas uma coisa:
Liberdade!
Liberdade, liberdade, liberdade
é o grupo de Capoeira mais bonito da cidade
Liberdade, liberdade, liberdade
Aqui não tem traição, mentira ou falsidade
Liberdade, liberdade, liberdade
é Valter, Gigante e Ori, com respeito e amizade
Liberdade, liberdade, liberdade
Aqui o professor tem, dedicação e capacidade
Liberdade, liberdade, liberdade
eu falei mais liberdade, eu disse liberdade
Liberdade, liberdade, liberdade


Mestre Beto jogando com um aluno! Foto Carlos Rauda

http://www.bercodosamba.com.br/coluna_negritud...
A Estácio de Sá teve seus “dias negros”: 1972 -
RIO GRANDE DO SUL NA FESTA DO PRETO FORRO
(Nilo Mendes, Dario Marciano)
O negro na senzala cruciante/ Olhando o céu pedia a todo instante
Em seu canto e lamentos de saudade/ Apenas uma coisa: Liberdade!


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Raizes de Angola de Mestre Natanael e Besouro Mangangá!




Raízes da Angola

"Mãe Capoeira,
tu que vieste da África
no sangue do teu filho negro...
Mãe Capoeira,
tu que fez de mim teu escravo...
Mãe Capoeira,
tu que fez muitos deuses:
Ganga Zumba, Zumbi...
que por necessidade de liberdade
construiu e morreu no Quilombo.
Mãe Capoeira...
sei que muitos doutores te respeitam,
porque estiveram na casa branca (*1) contigo.


Mãe Capoeira...
tu que nos deu o berimbau
como teu filho mestre
para ter base no canto e na luta.
Mãe Capoeira...
não sei se na África
ou no Quilombo dos Palmares,
mas há aqui um povo
que se sente honrado
em ser brasileiro.
Mãe Capoeira...
não sei se parto ou se fico.
Muitos partiram,
mas deixaram seu nome gravado
na História da Capoeira !"

Mestre Natanael (declamação)

(*1) o mestre quiz dizer "casa grande"


Bebeto Monsueto e Lua Rasta na Feira de São Cristovão em 1979!
Foto cortesia de Anibal Philot

Raízes da Angola(música/ladainha)

Na Vida tudo acontece...
só Deus tem pena de mim
porque ontem eu sofri tanto
e, hoje, ainda sofro assim.
Se tu tem problema em casa
não vem resolver aqui.

Não é isso o que o povo gosta,
nem também o que eu queria...
prenderam mestre Limão
na porta da Academia.
Maltrataram o "nêgo véio",
algemaram, "desceram o pau".
Não sei se é incompetência
ou erro de um policial.
Do jeito que a Terra anda,
o Mundo está indo mal !

Meu filho hoje tem dez anos...
contigo quer me ver lutar,
pois nunca me viu vencedor
nem tampouco derrotado.
Tem mestre que eu não conheço,
gostaria de conhecer.
No jogo da Capoeira
eu quero lutar com voce.

Capoeira era uma dança,
com ela houve disputa...
com o transcorrer do Tempo
ela transformou-se em luta.
A luta que hoje eu vivo
é um inferno sem fim...
tem gente que eu ensinei
que, hoje, quer bater em mim.

Capoeira mudou muito
e hoje tem o seu valor.
É o tempo que te faz mestre,
não diploma de doutor.
Me mostra o que tu aprendeu...
me mostra o que tu ensinou:
é o jogo de dentro e de fora,
regional ou angola,
samango, cavalaria,
chamada, São Bento ou aviso...
jogue tudo, se preciso,
você é minha alegria !
Mestre Natanael

(OBS.: LP "Capoeira de Angola", de
Mestre Natanael, gravadora  CÁRITAS,
2ª edição, 1994/SP, nº 22.518)



Besouro: 
Extranhamente Besouro viveu na Capoeira na mesma época de Bimba, Pastinha, Valdemar, Noronha, Maré e muitos outros e acho muito extranho que somente Besouro tenha tido tantas histórias ou estórias envolvendo seu nome. Na minha opinião algum escritor se engambelou pela figura de Besouro e danou a inventar boa parte delas!
Leiteiro



Besouro Mangangá!


Outro dia numa roda/
um moleque me chamou pra jogar/
Eu fiquei desconfiado/
pois não pude deixar de arreparar/
Oque estava escrito na camisa/
era um tal de Besouro Mangangá!

Manoel Henrique Pereira (1895 ou 1900 — 1924), mais conhecido como Besouro Mangangá foi um capoeirista que no início do século XX tornou-se o maior símbolo da capoeira baiana. Sua fama chegou ao nível nacional a partir dos anos 1930 e, com a expansão da capoeira para outros continentes, internacionalizou-se [1].


História
Besouro Mangangá era filho de Maria José e João Matos Pereira, nascido em 1895 segundo o documento relativo à sua expulsão ou em 1900 para o documento relativo à sua morte[2], era natural do recôncavo baiano e viveu naquela região em um período que suas principais cidades: Santo Amaro, São Félix e Cachoeira tinham importante papel no cenário produtivo como polos de intermediação das mercadorias que iam e chegavam do sertão baiano[3].

Manoel Henrique que, desde cedo, aprendeu os segredos da capoeira com o Mestre Alípio foi batizado como Besouro Magangá por causa da crença de muitos que diziam que quando ele entrava em alguma embrulhada e o número de inimigos era grande demais, sendo impossível vencê-los, então ele se transformava em besouro e saía voando[4][5]. Várias lendas surgiram em torno de Besouro para justificar de seus feitos, a principal atribui-lhe o “corpo fechado” e que balas e punhais não podiam feri-lo. Devido aos seus supostos poderes Besouro Mangangá tornou-se um personagem mitológico para os praticantes da capoeira, tendo sua identidade relacionada aos valentões, capadócios, bambas e malandros.



Especula-se que não gostava da polícia e que teria praticado de vários confrontos com as força policiais, às vezes levando vantagem nos embates, porém, segundo Antonio Liberac Cardoso Simões Pires[6]: “Suas práticas não podem ser associadas ao banditismo, pois Besouro sempre se caracterizou como um trabalhador por toda sua vida, nunca sendo preso por roubo, furto ou atividade criminal comum. Suas prisões foram relacionadas às ações contra a polícia, principalmente no período em que esteve no exército”. Algumas documentações históricas registram os confrontos entre Besouro Mangangá e a polícia, como o ocorrido em 1918, no qual Besouro teria se dirigido a uma delegacia policial no bairro de São Caetano, em Salvador, para recuperar um berimbau que pertencia ao seu grupo. Com a recusa do agente em devolver o objeto apreendido, Besouro partiu para o ataque com ajuda de alguns companheiros. Eles não coseguiram recuperar o berimbau desejado, pois foram vencidos pelos policiais, ao quais receberam ajuda de um grupo de moradores locais[7]

Aos dez dias de setembro de mil novecentos e dezoito, nesta capital do estado da Bahia (...) Argeu Cláudio de Souza, com vinte e três anos de idade, solteiro, natural deste estado, praça do primeiro batalhão da brigada policial (...) foi interrogado pelo doutor delegado que lhe perguntou o seguinte:
como foi feita a agressão de que foi vítima no posto policial de São Caetano? (...)
Ali apareceu um indivíduo mal trajado,  e encostando-se a janela central do referido posto, durante uns cinco minutos, em atitude de quem observava alguma coisa, que decorrido este tempo, o dito indivíduo interpelando o respondente, pediu-lhe um berimbau que se achava exposto juntamente com armas apreendidas...[8].


Estilo de Luta
A capoeira praticada no recôncavo baiano no final do século XIX e início do século XX apresentava aspectos próprios, tinha em seus traços lúdicos a inserção de instrumentos de cordas - possivelmente houve a mescla entre a prática do samba e da capoeira - e nos treinamentos de luta envolvia técnicas em torno do uso de armas como a faca e a navalha; o chapéu era um importante elemento na defesa das investidas de mão armada[9]. Os praticantes de capoeira desse período desenvolveram uma técnica de ataque com faca e navalha que consistia no fato do lutador amarrar sua arma e um elástico e treinar o ato de lançar a arma, ferir o adversário e retornar a mão novamente[10].




Morte de Besouro
As circunstâncias de sua morte são contraditórias. Há versões que afirmam que Besouro morreu em um confronto com a polícia; outras, que foi traído, com um ataque de faca pelas costas. Esta última é muito cantada e transmitida oralmente na capoeira conta que um fazendeiro, conhecido por Dr. Zeca, após seu filho Memeu ter apanhado de Besouro, armou uma cilada. O fazendeiro tinha um amigo que era administrador da Usina de Maracangalha, de nome Baltazar. Besouro não sabia ler, então mandaram uma carta para Baltazar, pelo próprio Besouro, pedindo ao administrador que desse fim dele por lá mesmo. Baltazar recebeu a carta, leu, e disse a Besouro que aguardasse a resposta até o dia seguinte. Besouro passou a noite por lá; no outro dia foi buscar a resposta. Quando chegou na porta foi cercado por uns 40 homens, que o iam matar. As balas nada lhe fizeram; um homem o feriu a traição com uma faca de tucum (ou ticum), um tipo de madeira, tida como a única arma capaz de matar um homem de corpo fechado[11][12].

O atestado de óbito relata da seguinte forma:
Manoel Henrique, mulato escuro, solteiro, 24 anos, natural de Urupy,
residente na Usina Maracangalha, profissão vaqueiro, entrou no dia 8
de julho de 1924 às 10 e meia horas do dia, falecendo às sete horas da noite,
de um ferimento perfuro-inciso do abdômen [13].


A outra Morte de Besouro
Esse relato aproxima-se ao do mestre João Pequeno, com a diferença de que o discípulo de Pastinha concentra mais sua versão em torno da mandinga quebrada quando Besouro manteve relação sexual no período que deveria obrigações aos orixás. João Pequeno assinala que seu pai era primo de Besouro. Todavia insiste na idéia de que o corpo fechado pode ser quebrado quando esse corpo se encontra sujo pela sexualidade. Pessoa de corpo sujo são as que têm relações sexuais, eles estão despreparados e com o corpo aberto a qualquer luta, e foi aí que aproveitaram do finado Besouro (PEQUENO, 2000: 17).
O Mestre insiste na versão do corpo sujo proporcionado pela impureza da atividade sexual. Relata o acontecimento que antecede a morte de Besouro:
Ele dormiu na casa de uma mulher no outro dia quando ele vinha para a casa passando debaixo de uma cerca de arame, o arame arranhou nas costas dele e ele chamando disse: “estou mal, se qualquer pessoa me atacar hoje estou perdido”. E foi nesse dia que furaram ele em uma briga, que durou o dia inteiro. Então, o capoeirista que usa essas rezas não pode ter relações sexuais senão perde o efeito (PEQUENO, 2000: 17).
Mestre Dimas relata o fato a partir de histórias que ouviu e de pesquisa realizada por ele na região. Garante que Besouro estava bebendo em uma venda, não sabe exatamente onde. Tinha acabado de retornar de alguma festa ou da casa de alguma mulher. Isso mantém a versão do corpo aberto pela sexualidade. Nas palavras do Mestre, ele era justiceiro e os senhores de engenho não gostavam dele. Um misto trafega entre um campo político e outro que se expressa na religiosidade e nas obrigações com os santos protetores.
Ninguém podia disputar na mão com ele – quem era doido de sair na mão com Besouro ou na faca. Não tinha jeito. E ele vinha de uma tradição de jogar com a navalha do pé. Ele tinha a sina dele – a mandinga – que não poderia ter relações sexuais em determinados dias. Tinha o dia certo.
Foi então que apareceu no local um garoto que estava contratado para atacar Besouro. Essa mesma versão aparece no discurso do Mestre Macaco. 
Alguém deu a faca de Ticum. O garoto estava preparado para mata-lo. Brincou com o garoto que, inesperadamente, sacou da faca e furou Besouro. Cortado caiu, gofando, bebendo o próprio sangue. O ticum além de cortar, solta uma tinta que infecciona. O Garoto furou e logo fugiu. Ele que estava com o corpo aberto, tinha acabado de ter relações sexuais com a tal mulher.
Mestre Dimas argumenta que Besouro foi levado para o hospital. Entretanto, embora fosse um negro muito forte, não resistiu à distância e à falta de socorro da Santa Casa de Misericórdia. 
Da Usina de Maracangalha até Santo Amaro é muito longe. Ele ainda resistiu. Entretanto sua fama era muito grande, os proprietários automaticamente foram ao hospital e dificultaram ou impediram o socorro. Se fosse prestado socorro de forma adequado – ele era muito forte – teria escapado. Foi perdendo muito sangue e veio a falecer.
Mestre Atenilo, em entrevista concedida ao Mestre Itapoã (Raimundo César Alves de Almeida ), ilustra a possibilidade de criação. Nesse relato já transmitido por outros capoeiristas, Besouro morreu em Cumbaca. Morreu com uma facada. Todas as versões são categóricas em afirmar que foi facada. Nesse aspecto, encontro unanimidade, o que se encaixa perfeitamente com o documento expedido pela Santa Casa de Misericórdia. Entretanto, no relato organizado por ALVES (1988: 48), o entrevistado – Atenilo – diz que Besouro, mesmo furado, não morria. Ele era um além-humano. Não poderia morrer de qualquer jeito. Uma morte simples não seria tolerada. Caberá ao mito – no mínimo – uma morte espetacular.  
Ele não morria, porque ele depois de furado, dizem, ele meteu a mão na faca e cortou os intestinos, ele cortando e comia. E ele vivo, até quando levaram ele pró hospitá, quando chegou no hospitá o médico disse: se ele não tivesse cortado os intestinos...
Mestre Itapoã pergunta novamente, como se quisesse se certificar do que acabara de ouvir: Ele comeu os intestinos, que história é essa?- Mestre Atenilo responde: Ele cortava rapaz, era maluco, cortava um pedaço e botava na boca. Quando chegou no hospitá não tinha mais ar, o ar já tinha saído e ele morreu (...)Até ele não queria escapar.
Sr. Danilo do Acupe, 67 anos, assegurou, em entrevista concedida em 16.06.2002, que Besouro tinha o corpo fechado. Mas o afilhado dele encontrou o ponto fraco. Pegou o Mestre no dia fraco; no dia em que ele estava desprotegido pela atividade sexual. Não tem mandingueiro que resista. Além disso, Cordão de Ouro foi furado com uma faca de ticum, que é a árvore dos mistérios.
Dia de sexta-feira o homem não pode ter relação com mulher. Besouro caiu porque o afilhado o ajeitou, pegou o dia fraco dele e ajeitou ele com uma faca de que? De Ticun. Não tem mandingueiro que resita. Só basta bicar, só basta tocar. Aquele que tem um espinho, que dá aquela frutinha.
Mesmo tendo passado a noite com uma mulher não haveria problema. Sr. Danilo é categórico em afirmar que só pela mulher Besouro não seria derrubado. Besouro é vítima da inocência. A potência transmudada em maldade. Besouro morre no da 8 de julho de 1924. De acordo com o calendário de 1924, o dia 8 de julho é uma terça-feira, que segundo VERGER (1997) é dia dedicado a ogum. Coincidência ou não a possibilidade de articulação entre sexualidade, mandinga, corpo fechado preenchem de possibilidades a linguagem poética.

Outra versão dentre tantas apresentadas sobre a morte de Besouro corrobora esta descrita pelo mestre Burguês. REGO (1968:265) descreve um possível desentendimento entre Besouro e Dr. Zeca (Jeca) e, ao mesmo tempo, amplia com a inclusão do filho Memeu, que entrou em desentendimento com Besouro. 
Mandaram então uma carta para Baltazar, pelo próprio Bezouro, pedindo ao administrador que desse fim do Besouro por lá mesmo. Baltazar recebeu a carta, leu, e disse a Besouro que aguardasse a resposta até o dia seguinte. Besouro passou a noite na casa de uma mulher da vida; no outro dia foi buscar a resposta. Quando chegou na porta foi cercado por uns 40 homens, que o iam matar. As balas nada fizeram; um homem o feriu à traição, com uma faca. Foi como o cosseguiram matar.
A linguagem poética de VIEIRA (2001:13) sobre a morte de Besouro refere-se ao castigo aplicado ao filho do dono da usina. Besouro teria feito o jovem Memeu – filho do patrão - montar em um burro brabo, como forma de punição e justiçamento aplicados por Besouro. Isso foi motivo suficiente para o patrão mandar executar Besouro Cordão de Ouro. 
E o rapaz que não tinha
traquejo com montaria
Mal montou e foi pro chão
era assim que acontecia
No burro, mal se montava
Ela todo se encolhia
Burro de primeiro salto
Derrubava e não saía. 
O rapaz adoeceu
Seu pai ficou irritado
Não atirou em Besouro
pois tinha o corpo fechado
então tramou sua morte
Com jagunço contratado
não demorou, o serviço
Foi logo executado 
 (VIEIRA 2001:13-14)
Foi o menino – afilhado – que estava com maldade com ele. O que contam é que Besouro foi traído pelo afilhado. Isso ocorreu na toga do saveiro. O menino ficou esperando. Quando ele voou já era tarde. O punhal já tinha cravado nele. Caiu no próprio barco. Quando o cara botou nele, já estava preparado. Ali tem um veneno. O ticum solta um veneno. Quando botou nele acabou o homem
A irmã de Besouro– Dona Dormelina Pereira dos Anjos, Dona Adó, em entrevista gravada em Santo Amaro no dia 18.06.2002, garantiu que Besouro estava dormindo. Não entrou em detalhes sobre os motivos de sua morte. Provavelmente por causa de uma mulher. Ele estava dormindo. Mataram ele dormindo. Ninguém sabe quem matou. Morreu em Maracangalha. Contestou a possibilidade de Besouro estar em alguma festa ou bodega.  Foi uma morte construída pela força da traição.  Para AMADO (1973, p. 127): cortaram  seu corpo todo. Foi preciso catar os pedaços para o enterro.  
Mas, como poderia ser cortado à faca o ilustre filho de Ogun?

Besouro é Manoel Henrique Pereira - vaqueiro, mulato escuro, natural de Urupy, residente na usina de Maracangalha; dava entrada na Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro da Purificação – Bahia, como um ferimento perfuro-inciso do abdômen. Veio a falecer no dia 8 de julho de 1924 às 7 horas da noite, conforme registro na folha 42v. do livro n° 3, linha 16, leito 418, de entrada e saída de doentes. O referido documento consta nos autos do processo (PEREIRA 1920 –1927: 21) movido por Caetano José Diogo contra Manoel Henrique.


BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Raimundo César Alves. (Mestre Itapoã).. Mestre Atenilo. O “Relâmpago” da capoeira regional. Salvador: UFBA, 1988. 61p.
AMADO, Jorge. Mar morto. São Paulo: Martins, 1973.
CALVINO, Ítalo. Seis propostas para o próximo milênio. São Paulo : Companhia das Letras, 1990. 142p.
PEQUENO, João. Uma vida de capoeira. Salvador: [ s.e.], 2000. 48p.
PEREIRA, Caetano Cícero. Certidão de óbito. Cartório de Registros Civis de Pessoas Naturais. Comarca de Santo Amaro – Bahia. (2ª via, junho de 2002).
PEREIRA, Manoel Henrique. Seção Judiciária. Arquivo Público Estadual da Bahia. Classificação – 202; Cx 14; doc 18 – Período 1918.
PEREIRA, Manoel Henrique. Seção Judiciária. Arquivo Público Municipal da Santo Amaro.; Subsérie: Tentativa de homicídio; Cx.04; N° 104; Vol. 18. Data limite (1920 –1927)
REGO, Waldeloir. Capoeira angola: ensaio sócio-etnográfico. Salvador: Itapoã, 1968. 417p
SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SANTO AMARO. Edição  comemorativa do bi-centenário. Bahia, 1978. 122p.
VERGER, Pierre. Orixás –  Deuses Iorubás na África e no novo mundo. Salvador: Currupio, 1997. 295p.
VIEIRA, Antônio. O encontro de besouro com o valentão doze homens. Santo Amaro: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo da Cidade de Santo Amaro da Purificação, 2001. 17p. (Literatura de Cordel).
VIEIRA, Luis Renato. O jogo de capoeira: cultura popular no Brasil. Rio de Janeiro: Sprint, 1995. 

Fonte:

MANOEL HENRIQUE PERIERA, VULGO BESOURO MANGANGÁ E O DISCURSO POÉTICO DA MORTE   

José Gerardo Vasconcelos[1]

http://gerardovasconcelos.blogspot.com.br/2010/08/manoel-henrique-periera-vulgo-besouro.html

 

Cadê o Besouro
Canção muito conhecida na capoeira:

Besouro Mangangá era homem de corpo fechado
Bala não matava e navalha não lhe feria
Sentado ao pé da cruz enquanto a polícia o seguia
Desapareceu enquanto o tenente dizia

Cadê o Besouro Cadê o Besouro
Cadê o Besouro Chamado Cordão de Ouro

Besouro era um homem que admirava a valentia
Não aceitava a covardia maldade não admitia
Com a traição quebrou-se a feitiçaria
Mas a reza forte só Besouro quem sabia

Atrás de Besouro, O tenente mandou a cavalaria
No estado da Bahia E Besouro não sabia
á de corpo aberto, Fez sua feitiçaria
Cada golpe de Besouro Era um homem que caía



Hoje, Besouro é conhecido como Cordão de Ouro, o exu das sete encruzilhadas. Está presente nos terreiros de Umbanda, onde incorpora em médiuns. Besouro, quando chega no terreiro, senta-se no chão em posição de lótus. Besouro, quando vem trabalhar, não gosta muito de conversar e gira nos seus protegidos calado.[carece de fontes]
 Origem: Wikipédia, a enciclopédia




BESOURO MANGANGÁ
A história dos grandes capoeiras, vive até nossos dias, na imaginação popular e cantigas que narram suas façanhas. Em Salvador por volta de 1920 o chefe de polícia Pedrito de Azevedo Gordilho, perseguiu não só as rodas de capoeira, mas também o samba e o candomblé. Nessa mesma época surge em Santo Amaro, Besouro Mangangá ou Besouro Cordão de Ouro, que foi um dos maiores capoeirista da Bahia um dos mais admirados e citado em canções nas rodas de capoeira. Nascido em 1897, era filho de João Grosso e Maria Haifa, chamava-se MANOEL HENRIQUE. Aprendeu Capoeira com o escravo chamado Tio Alípio. Ganhou o apelido de Besouro (inseto de picada venenosa) devido a crença popular que dizia que quando ele arrumava alguma enrascada e o número de inimigos era grande alem do que ele poderia suportar, não sendo possível vence-los ele se transformava em besouro e saia voando. Sua escola de Capoeira ficava em Santo Amaro, onde fez discípulos como Cobrinha Verde que também era seu primo. Era exímio capoeira e faquista perigoso. Tinha o "corpo fechado" e não gostava de polícia. Em 1924, empregou-se de vaqueiro na fazenda de um senhor conhecido pelo nome de Dr. Zeca. Este fazendeiro tinha um filho de nome Memeu que era muito genioso. Ele teve uma discussão com Besouro, seu pai temendo por sua vida, mandou Besouro se empregar em uma usina onde tinha um amigo administrador. Mandou então uma carta para ele, pelo próprio Besouro que não sabia ler. Esta carta pedia que dessem fim nele por lá mesmo. O administrador lendo a carta disse a Besouro, que esperasse a resposta até o dia seguinte. Besouro passou a noite em um prostíbulo e no dia seguinte foi buscar resposta. Quando chegou foi cercado por uns 40 homens os quais lhe atiraram, as balas nada lhe fizeram, mas um homem o feriu pelas costas com uma faca de tucum (madeira com resistência de ferro, alguns diziam que esta tinha poderes mágicos). Morreu aos 27 anos de idade. Eis uma de suas façanhas narrada por seu ex-aluno Cobrinha Verde: "Certa vez estava sem trabalho e foi procurar um ganha pão. Foi a uma usina e deram-lhe trabalho.



Quando foi no dia do pagamento ele sabia que o patrão tinha o hábito de chamar o trabalhador uma vez, e na segunda dizia: "quebrou para São Caetano", que queria dizer: não recebe mais. E se o fulano reclamasse era chicoteado e ficava preso no tronco de madeira com o pescoço, os braços e as pernas no tronco por um dia e depois era mandado embora. Na hora do pagamento disse a Besouro "quebrou para São Caetano". Todos receberam o dinheiro menos Besouro. Besouro então invadiu a casa do homem e gritou: - "pague o dinheiro de Besouro Cordão de Ouro! Paga ou não paga!". O patrão rapidamente mandou que pagassem o dinheiro daquele homem. Besouro tomou o dinheiro e foi embora. Besouro também não gostava de polícia. Muitas vezes encontrava companheiros que iam presos e os tomava da mão de qualquer soldado, batia em todos, tomava-lhes as armas, levava-as até o quartel e dizia: "tá aqui, seus morcegos" e jogava as armas. Um dia ele estava em frente ao Largo da Cruz e passou um soldado. Besouro o forçou a tomar uma cachaça. O soldado saiu dali para o quartel e fez queixa ao tenente que mandou 10 soldados para prender Besouro, vivo ou morto. Chegando lá deram ordem de prisão. Besouro saiu do botequim de costas, foi para a cruz, encostou-se nela, abriu os braços e disse que não se entregava. Os soldados começaram a atirar. Besouro fingiu está baleado e caiu os soldados acharam que ele estava morto e se foram. Besouro então se levantou e saiu cantando.


A palavra "capoeirista" assombrava homens e mulheres, mas o velho escravo Tio Alípio nutria grande admiração pelo filho de João Grosso e Maria Haifa. Era o menino Manoel Henrique que, desde cedo, aprendeu com o Mestre Alípio os segredos da capoeira. Na rua Trapixe de Baixo, em Santo Amaro da Purificação, sendo batizado como Besouro Magangá por causa da flexibilidade e facilidade de desaparecer, quando a hora era para tal. Negro forte e de espírito aventureiro, nunca trabalhou em lugar fixo nem teve profissão definida.

Quando os adversários eram muitos e a vantagem da briga pendia para o outro lado, Besouro sempre dava um jeito, desaparecia. A crença de que tinha poderes sobrenaturais veio logo. Confirmando o motivo de ter ele sempre que carregar patuá. De trem, a cavalo ou a pé embrenhando-se no matagal, Besouro dependendo da circunstância, saía de Santo Amaro para Maracangalha ou vice-versa, trabalhando em usinas ou fazendas.

Certa feita, quem conta é seu primo e aluno Cobrinha Verde. Sem trabalho, foi à Usina Colônia (hoje Santa Eliza), em Santo Amaro, conseguindo colocação. Uma semana depois do dia do pagamento, o patrão, como fazia com os outros empregados, disse-lhe que o salário havia "quebrado" para São Caetano. Isto é, não pagaria coisa alguma. Quem se atrevesse a contestar era surrado e amarrado a um tronco durante 24 horas. Besouro, entretanto, esperou que o empregador lhe chamasse e quando o homem repetiu a célebre frase, foi segurado pelo cavanhaque e forçado a pagar, depois de uma tremenda surra.

Misto de vingador e desordeiro, Besouro não gostava de policiais e sempre se envolvia em complicações com os milicianos, não raramente tomando-lhes as armas. Conduzia-os então até o quartel. Certa vez obrigou um soldado a beber grande quantidade de aguardente. O fato registrou-se no Largo da Santa Cruz, um dos principais de Santo Amaro. O militar dirigiu-se posteriormente à caserna, comunicando o ocorrido ao comandante do destacamento, Cabo José Costa, que imediatamente designou 10 praças para trazer Besouro, vivo ou morto.



Pressentindo a aproximação dos policiais, Besouro recuou do bar e encostando-se na cruz existente no largo, abriu os braços e disse que não se entregava. Ouviu-se violenta fuzilaria, ficando ele estendido no chão. O Cabo José chegou-se e afirmou que o capoeirista estava morto. Besouro então ergueu-se e mandou que o comandante levantasse as mãos. Ordenou que todos os soldados se fossem, e cantou os seguintes versos:

Lá atiraram na cruz
Eu de mim não sei
Se acaso fui eu mesmo
Ela mesmo me perdoe
Besouro caiu no chão fez que estava deitado
A polícia
Ele atirou no soldado
Vão brigar com os caranguejos
Que é bicho que não tem sangue
Polícia se briga
Vamos para dentro do mangue

As brigas eram sucessivas e muitas vezes Besouro tomou partido dos fracos contra proprietários de fazendas, engenhos e policiais. Empregando-se na fazenda do Dr. Zeca, pai de um rapaz conhecido por Hemeu, Besouro foi com eles às vias de fato, sendo então marcado para morrer.

Homem influente, Dr. Zeca mandou pelo próprio Besouro, que não sabia ler nem escrever, uma carta para um seu amigo, administrador da Usina Maracangalha, para que liquidasse o portador. O destinatário, com rara frieza mandou que Besouro esperasse a resposta no dia seguinte. Pela manhã, logo cedo, Besouro foi buscar a resposta, sendo então cercado por cerca de 40 soldados. Estes fizeram fogo, sem contudo atingirem o alvo. Um homem, entretanto, conhecido por Eusébio de Quibaça, quando notou que Besouro tentava afastar-se gingando o corpo, chegou-se sorrateiramente e desferiu-lhe violento golpe com uma faca ticum (há controvérsias sobre as facas ticum ou tucum. Alguns dizem que tais facas são feitas de madeira venenosa, próprias para "furar corpo fechado". Outros, que as facas ticum são na verdade grandes facas comuns, usadas para cortar as fibras da palmeira conhecida como ticum ou tucum).

Manoel Henrique, o Besouro Magangá, morreu jovem, aos 27 anos em 1924. Restaram ainda dois de seus alunos: Rafael Alves França (Mestre Cobrinha Verde) e Siri de Mangue. Hoje Besouro é símbolo da capoeira em todo o território baiano, sobretudo pela sua bravura e lealdade para com os mais fracos.




Besouro, um nome na história da capoeira da Bahia nas telas!
“__Você viu pra onde foi aquele negro?”,
“__Vi, sim senhor. Ele virou besouro e saiu voando”.
Foi assim que o apelido de Manuel Henrique Pereira surgiu e começou a correr por toda a Bahia. Nascido no antigo quilombo de Urupy, distrito de Oliveira dos Campinhos, município de Santo Amaro, em 1895, Besouro foi um dos capoeiristas mais famosos de sua época e extremamente hábil com as facas. Reza a história que quando ele nasceu, também estavam lá (e do seu lado nunca saíram), os protetores da capoeira: os orixás Ogum e Oxossi.

Depois do sucesso do musical Besouro Cordão de Ouro inspirado na vida do capoeirista com texto do compositor Paulo César Pinheiro, chegou a vez do valente que desafiava as autoridades se exibir nas telas do cinema. O publicitário brasileiro mais premiado no Festival de Publicidade de Cannes, João Daniel Tikhomiroff escolheu a história do capoeirista para estrear seu primeiro longa metragem. O filme Besouro foi rodado em Igatu, na Chapada Diamantina. Besouro será interpretado pelo ator Ailton Carmo, o Coquinho. O fotógrafo Christian Cravo (filho do renomado Mário Cravo) está preparando um livro com a fotodocumentação artística da aventura da produção do filme na Chapada Diamantina e no Recôncavo Baiano.




NA HISTÓRIA -
Aos 13 anos, Besouro ganhou o mundo: saiu de casa para trabalhar e começou a escrever seu nome na história através de suas aventuras. Foi vaqueiro e amansador de burro bravo pelas vilas do Recôncavo Baiano. Aprendeu com um tio africano e ex-escravo os mistérios da capoeira, do jogo, das facas e das boas orações. Já adulto foi também saveirista e soldado do Exército Brasileiro. O capoeirista era tão respeitado que costumava sair às ruas avisando aos comerciantes que fechassem as portas, pois tinha acabado de decretar feriado. Também era comum vê-lo presenteando um de seus compadres com penas de pavão, arrancadas dos chapéus dos valentões de Santo Amaro.

Nas rodas de capoeira do Trapiche de Baixo (até hoje o bairro mais pobre de Santo Amaro) e nas festas populares, o jovem Besouro começou a se destacar. O seu forte era a agilidade, a rapidez de raciocínio, a calma e a surpresa, além de ter o corpo fechado com fortes mandingas e rezas. Paulo Barroquinha, Boca de Siri, Noca de Jacó, Doze Homens e Canário Pardo, todos moradores do local, foram os seus companheiros nas memoráveis rodas de Capoeira que hipnotizavam quem quer que passasse. Rodas de capoeira como aquelas só são vistas de tempos em tempos e, talvez, mesmo assim, nunca se vejam outras iguais.


 
UMA LENDA -
Besouro fez história e virou lenda. Um homem que é tido por alguns como arruaceiro, criminoso ousado, fora-da-lei e, ao mesmo tempo, é considerado por outros um justiceiro, protetor dos oprimidos. Apesar de violento, não se tem notícia de que ele tenha matado alguém. Os casos de suas façanhas são contados por pessoas antigas, algumas conviveram com ele, outras que ouviram falar de sua rebeldia. Ele vivia num mundo em que para sobreviver era preciso ter malícia dentro e fora da roda de capoeira.


O difícil é descobrir como esse homem negro e pobre nascido no fim do século XIX, numa época em que ser praticante de atividades ligadas à herança africana era considerada um crime, se tornou a figura mais respeitada no mundo da capoeira. Sua fama extrapolou os limites do Recôncavo, chegou à Salvador, ao restante do país e alcançou os quatro cantos do mundo. Capoeirista valentão num tempo em que não havia a divisão entre os estilos Angola e Regional, muito menos escolas e academias de ensino, “Besouro Cordão de Ouro”, como era também conhecido, inspirou um dos capítulos do livro Mar Morto, de Jorge Amado.



JUSTIÇA -
Para alguns, Besouro desejava apenas justiça. Ele era o elemento negro injustiçado pela cultura dominante que necessitava existir pela formulação de um novo código e, ao mesmo tempo, de um novo conceito de justiça. Foi em meio a essa cultura dominante, de nobres e senhores de escravos, que o hábil capoeirista conseguiu se sobressair. Besouro morreu muito jovem, assassinado antes de completar 30 anos. O homem mais valente do Recôncavo baiano foi golpeado traiçoeiramente com uma faca de ticum (preparada especialmente para abrir seu corpo fechado pela mandinga) por um de seus colegas. Até hoje, Besouro é símbolo da capoeira em todo o território baiano, sobretudo pela sua bravura e lealdade com que sempre comportou com relação aos fracos e perseguidos pelos fazendeiros e policiais.

“Quem é você que acaba de chegar

Eu sou Besouro Preto
Besouro de Mangangá
Eu vim lá de Santo Amaro
Vim aqui só pra jogar

Quem é você que acaba de chegar
Quem é você que acaba de chegar

Eu sou Besouro Preto
Besouro de Mangangá
Ando com corpo fechado
Carrego meu patuá

Quem é você que acaba de chegar
Quem é você que acaba de chegar

Me chamam Besouro Preto
Besouro de Mangangá
Bala de rifle não me pega
Que dirá faca de matar

Quem é você que acaba de chegar
Quem é você que acaba de chegar

Aqui em Maracangalha
Você não vai escapar
Contra faca de tucum
Ninguém pode se salvar

Quem é você que acaba de chegar
Quem é você que acaba de chegar”.

http://blogdogutemberg.blogspot.com.br/2009/05/besouro-um-nome-na-historia-da-capoeira.html




Duas opiniões que valem a pena ler!
Para os curiosos, posso adiantar que Besouro, no conjunto, é um filme bom e vale a pena ser visto. Vi a pré-estréia na última quarta-feira, dia 21/10. A estréia será dia 30/10, próxima sexta-feira. Em uma hora e meia, ele traz ao grande público a história de um personagem, de uma luta, a mitologia e um cenário tipicamente brasileiros. Isso, por si só, já é um mérito.

Para quem não conhece a história farei um brevíssimo resumo. Besouro foi um capoeirista que era um misto de vingador e desordeiro. Lutando pelos interesses dos negros, e seus, ele tocava o terror com os donos do poder econômico e político. Depois da libertação dos escravos, algumas vezes os coronéis se recusavam a pagar pelos trabalhos nas usinas de cana-de-açúcar. Certa feita, reza a lenda, ele segurou o coronel pela camisa e o obrigou a efetuar-lhe o pagamento. Era avesso a policiais, que não conseguiam pegá-lo, e lutava capoeira com a proteção dos orixás. Tinha o corpo fechado. Essas, e várias outras histórias, são contadas nas rodas de capoeira através dos cânticos.

Para mim, o primeiro problema do filme acontece devido à mistura de cenários. A história, real, de Besouro se passa em Santo Amaro da Purificação e o filme foi, em grande parte, filmado na Chapada Diamantina, região completamente diferente e densamente povoada por exploradores de ouro e diamante, e não escravos. Em busca de uma fotografia mais atraente, a locação real foi substituída. O filme é ruim por isso? Não. Continua sendo bom.

O diretor do filme optou por preparar um não-ator, que joga capoeira muito bem, para representar o Besouro. O menino é um excelente capoeirista, mas está longe de ser ator. Sua voz, ao que me pareceu, foi dublada, e algumas cenas ficaram sem a expressão corporal necessária para imprimir a emoção vivida pela lenda da capoeira. Em compensação, a expressão facial dele favoreceu às cenas mudas.

Estudamos, desde a escola, a mitologia grega, mas desconhecemos totalmente a história dos Deuses africanos que foram trazidos para o Brasil, os orixás. O problema, para muitos, é que tudo que é tipicamente afro-brasileiro (nossa origem) não presta e, o pior, é endemonizado. Enfim... Não estou aqui para falar de religião, mas um dos méritos do filme, para mim, seria esse. Digo seria porque não acredito que a obra conseguiu passar a importância do candomblé para os ex-escravos, que inclusive agradecem aos orixás pela sua libertação. Mas, não há como negar, as cenas em que Besouro recebe a proteção dos orixás são lindas. A fotografia é perfeita, a luz foi usada a favor das filmagens e o cenário (embora não represente o ambiente real) foi muito bem montado.


O que me incomodou muito em Besouro foi o roteiro sem amarração e o texto do filme. Esperei, com ansiedade, uma luta ápice e não achei. Busquei entender porque aquele capoeirista foi o escolhido e, no filme, não tive resposta. Tentou-se falar de muita coisa ao mesmo tempo – capoeira, candomblé e escravidão – e o produto final não foi denso o suficiente para validar a obra. Fora o texto dos atores que não representam o linguajar dos recém libertos escravos. Teve até escravo com sotaque carioca! Para equilibrar, o capataz, Noca, tem uma atuação exuberante e suga toda a atenção quando aparece. Você acredita no ódio que ele sente por Besouro, mas não coloca fé no sentimento dos escravos.

Depois disso vocês devem achar que eu não gostei do filme. Não creiam. Besouro é um longa bom e, creio, vai cair no gosto popular. Quem sabe em breve não poderemos conhecer outra lenda da história brasileira através da tela dos cinemas? Só espero que orçamento do filme seja menos gasto em efeitos visuais – a verba foi de leis de incentivo fiscal - e a atenção esteja mais voltada para o conteúdo da obra.
Esta é a minha opinião, que também não é unânime, mas é minha.
Luciana Guimarães

http://pensologobrigo.blogspot.com.br/2009/10/o-besouro-manganga.html




Besouro sem asas:
Filme tem diálogos fracos e história confusa

Ivan Dias Marques
Redação CORREIO
Fotos: Divulgação e Guto Costa

A decepção é proporcional à expectativa. Essa é a tônica de Besouro, longa-metragem de João Daniel Tikhomiroff. A história do capoeirista baiano Manoel Henrique Pereira (1897-1924), que virou lenda nas rodas e nos cânticos da arte-luta pela agilidade e capacidade de fugir dos inimigos (nos causos populares, Besouro Mangangá voava), foi transformada em um filme com orçamento de R$9 milhões, efeitos especiais hollywoodianos e equipe técnica de ponta.
Besouro era o preferido do público para ser o filme brasileiro indicado ao Oscar (quem acabou escolhido foi Salve geral, de Sérgio Rezende) e seu trailer teve milhares de acessos no YouTube. Infelizmente, por mais que se tenha boa vontade, ele peca em vários aspectos. O principal deles é aquele que todo filme que tem pretensão de ser bom precisa: um roteiro competente.



Apesar de ter bons efeitos, ‘Besouro’ peca, sobretudo, pelo roteiro fraco.
Os diálogos são fracos, falta consistência nos personagens e a construção da história é confusa. Os efeitos especiais (bacanas na maioria das vezes) e a fotografia de Enrique Chediak se misturam a uma direção de arte falha e a má utilização dos recursos visuais comandados pelo chinês Huen Chiu Ku (o mesmo de Kill Bill, O tigre e o dragão e Matrix).
A confusão de sotaques baiano, pernambucano e carioca (sim, carioca!) e a feira popular inverossímil, por exemplo, são pontos fracos. O ator principal, o capoeirista baiano Ailton Carmo (que não tinha experiência em dramaturgia), temdificuldade nos diálogos, apesar de todo seu esforço. Nas cenas de luta e quando contracena com os orixás - algumas das melhores sequências -, ele se sai bem.



Gilberto Gil, na foto com Rica Amabis, Pupilo (Nação Zumbi) e o diretor João Daniel Tikhomiroff, fez a música-tema do filme

Mas, mesmo com defeitos, Besouro não é uma lástima. Temboas passagens, como a que Besouro e Dinorá (Jéssica Barbosa) misturam amor e capoeira, a luta entre o personagem principal e Quero- Quero (Anderson Grillo) e qualquer uma que envolva Noca de Antônia (o excelente Irandhir Santos). A trilha sonora, com músicas de Gilberto Gil e Nação Zumbi, é marcante.
Apesar de ser um diretor estreante em longa-metragem, Tikhomiroff (carioca radicado em São Paulo) é premiadíssimo na publicidade e, por isso, esperava-se um cuidado técnico maior com uma história que envolve uma lenda tão rica e que é motivo de orgulho baiano como o Besouro Mangangá.

http://pensologobrigo.blogspot.com.br/2009/10/o-besouro-manganga.html



O Macaco arrebenta!!!
 Se tivesse um escritor que escrevesse estórias sobre este macaco ele seria tão famoso quanto Besouro!!!
Estou colocando a minha abaixo do vídeo.



O MACACO BESOURO 
 Leiteiro

Saí ligeiramente alegre do elevador do Edificio Central para visitar meu amigo "Guará"! 
Já no corredor  levo um susto danado. No fim do mesmo está uma figura monstruosa, um chimpanzé da minha estatura, com uma caixa torácica que media 3 da minha. Se nós temos 2 pulmões, aquele peste tinha 4 no mínimo.

 

Estranho mesmo era êle estar de kimono com faixa preta e tudo. Eu que fui fã da "Chita" do Tarzan e frequentador assíduo dos circos, sabia que os chimpanzés são dóceis, com reações quase humanas. Fui em direção ao mesmo com certo receio (devido ao tamanho da besta) enquanto o "micapeta" guinchava assustadoramente e sorria de orelha a orelha literalmente.
 Embora o corredor fosse bem amplo deslizei rente à parede, tentando evitar um contato maior com o peste. Notei que seus olhos estavam "dando a maior bandeira", indicando que êle dera um "tapinha" num cigarro sem marca, a erva maldita.
Pressentindo um possível medo, aquele tapete ambulante partiu para cima de mim com os braços em forma de cruz credo. Se o capeta tinha uns 1,70m de altura, cada braço do símio tinha o mesmo tamanho. Vedada a minha passagem pelo corredor, estava explícita a provocação:
êle queria briga, então briga êle vai ter!



Provavelmente ensinado pelo instrutor a detestar capoeiristas, tinha me reconhecido pelo berimbau do tipo mestre Waldemar! Desarmei o "beriba" e esgrimei o estranho florete para cima da besta e "touché": Acertei duas estocadas magníficas, enlouquecendo a fera! Com gestos me mandou a mensagem que quem vive na guerra conhece o significado:
braço esquerdo ai, mamãe, braço direito, ui, papai! 
Perna esquerda, hospital,  perna direita, cemitério!


As estocadas tinham aberto a caixa de Pandora e possivelmente nem Mestre Bimba me salvaria.  Ginguei bacana e mandei um "mata cobra", o golpe mais perigoso da Capoeira, a "meia lua" inteira. O problema é que a Capoeira é o Esperanto das Artes Marciais, pegando um pouquinho de cada Arte e esse golpe o macaco já conhecia! Mandou-me uma "contra-meia lua" que levou meu bigode e quase leva meu nariz junto.
Meti-lhe um "corta capim" e êle fez um rolamento com seus 60 quilos em cima de minha rótula, que ficou na mesma hora sem rótulo" Abri meu baú de golpes e peguei o "pulo do gato"... um golpe que êle não conhecia, o "vôo do morcego". Me dei bem: meus pés bateram em seu peito fazendo o som do tambor e deslocando-o 1 metro para trás, enquanto eu me estatelava de costa. Êle revidou com um mortal relâmpago, aterrizando com as 4 patas (digo, mãos e patas) no meu estômago.

 

Vi São Pedro abrir a gaveta e ouvi as trombetas dos arcanjos enquanto êle lia meu nome, mas me recusei a ir! Dei-lhe um galopante e meu reflexo de "capoeira" me salvou. Parei a mão a 1 centimetro daquela boca de orca e ouvi o cléckt das 48 "navalhas de marfim" se entrechocando, aonde deveriam estar meus dedos ou minha mão. Fiz um rolamento e tirei aquele tapete de pulgas de cima de mim. Botei "10 no coelho", 20 no veado", passei sebo nas canelas e disparei escada abaixo, só parando no 1º Supermercado que encontrei.

 

Comprei uma dúzia de bananas da terra (aquelas que pesam 1 quilo cada uma) e voltei a 120 km por hora, chegando no corredor com uma "gravata vermelha" de quase um palmo. Meti a mão no saco, retirei o cacho e virei uma "metralhabananadoura" mandando grananadas pra cima do dito-cujo. Era eu jogando e êle pegando! Pegou com uma mão, com a outra, com um pé, com o outro, com o rabo e finalmente com a boca! Sobrou meia dúzia de bananas, que joguei com força total no peito dele. Êle agasalhou com os braços, pernas, rabo, virando quase um tatu-bola. Aproveitei e passei pelo capeta, satanás, demônio, abri a porta da sala do "Guará" e gritei:
"Nunca mais eu venho aqui!"
FUI !











quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A Ladainha Ecológica e a Roteiro Turístico!



Essas 3 extranhíssimas Ladainhas , a Iúna é mandingueira, Igreja do Bonfim e Aonde o saci se perdeu, fizeram um sucesso doido entre 1975/80 e acredito que os autores "piraram na batatinha" ou na gíria atual:
"Viajaram na maionese"!
Então oque as tornou sucesso foi a ótima e expressiva voz dos cantadores!
Infelizmente hoje dada a quantidade de bons/ótimos autores, as músicas de Capoeira entraram numa espécie de lista mensal de sucesso, oque é uma pena, pois a Ladainha Igreja do Bonfim impressiona tanto quanto a Igreja!
Dou meus parabéns ao Mestre Carioca e ao Mestre Gato por nos dar/deixar esta importante contribuição para a Capoeira!
Tenho dito
Leiteiro


Aonde o saci se perdeu!
Mestre Carioca

Aonde o saci se perdeu, oi iaiá
na mata de São Franscisco
não caçou mais bentevi oi iaiá
o mainá nunca lofre (sofrê?)
deixou cantar a araponga
com seus sinos da manhã
badalhoca assanhada oi iaiá
joão de barro arquiteto
canário venceu canário
canário venceu canário oi iaiá
coleiro lera cantou
privar de liberdade aos pássaros oi iaiá
é decisão sem amor
tá na mata com viveiro oi iaiá
chefe expulsa do terreiro
camarada
ieh vamo simbora
ieh vamo simbora

ieh pelo mundo afora
ieh pelo mundo afora
ieh deixa essa mata
ieh deixa essa mata
ieh de São Franscisco
ieh de São Franscisco
ieh fruta pra comer
ieh fruta pra comer
ieh erva pra curar
ieh erva pra curar
x-x-x
* 07-Onde o Saci se Perdeu.mp307-Onde o
x-x-x
Informações adicionais:
bentevi, mainá, araponga, joão de barro, iúna, canário e coleiro são pássaros!
Viveiro: cativeiro grande para aves!



A Iúna e mandigueira
Mestre Carioca

A Iúna e mandigueira oi iaiá
quando está no bebedô
A Iúna e mandigueira oi iaiá
quando está no bebedô

A Iuna é sagonha
A Iuna é sagonha oi iaiá
mas Capoeira chegou

A Iúna e mandigueira oi iaiá
quando está no bebedô
A Iúna e mandigueira oi iaiá
quando está no bebedô

a Iuna é bisteira
a Iuna é bisteira oi iaiá
Capoeira quem cantou

A Iúna e mandigueira oi iaiá
quando está no bebedô
A Iúna e mandigueira oi iaiá
quando está no bebedô

a Iuna foi embora
a Iuna foi embora oi iaiá
bebedô nunca brotou
adeus pássaro cantor!

A Iúna e mandigueira oi iaiá
quando está no bebedô
A Iúna e mandigueira oi iaiá
quando está no bebedô
x-x-x



Só eu sou vencedor

Só eu sou vencedor
oi iaiá da batalha liberal
entre o Rio de Janeiro
Pernambuco e Ceará
nestes campos de batalha
sem dormir vi o sol nascer
combati desde a mandinga
a magia do saber

eh eh eh eh
eu venci a batalha de macugerê

x-x-x
# 10-Eu, Vencedor.mp310-Eu, Ven
x-x-x

                              http://tudopoderolar.blogspot.com/2011/09/imagens-antigas.html

Igreja do Bonfim

Igreja do Bonfim
e o mercado modelo
Ladeira do Pelourinho, ai ai ai
ih Baixa do Sapateiro
Por falar em rio vermelho
eu me lembrei do terreiro


Igreja de São Francisco
Igreja de São Francisco
e a Praça de Sé
onde ficam as baianas, ai, ai, ai
vendendo acarajé
Por falar em Itapoã
e Lagoa do Abaeté, camará

êh, é a hora é hora 

                                http://tudopoderolar.blogspot.com/2011/09/imagens-antigas.html

Imperdível, visita obrigatória para quem conhece a Bahia:
http://tudopoderolar.blogspot.com/2011/09/imagens-antigas.html

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Mente Demente!

                                                                    Pôfessô Foca e....

Sub Titulo:
A Hipocrisia e Palavras Vãs na Capoeira!

Eu fico mesmo encantado
Quando falam mal de mim
sabendo que sou lembrado
também por gente ruim!
Hildemar Costa

Oque originou este textículo foi minha opinião sobre um vídeo instrutivo de Capoeira, cujo autor chamou de palavras vãs, me brindando com um versículo bíblico sobre hipocrisia!
Significado de hipocrisia:
Vício que consiste em aparentar uma virtude, um sentimento que não se tem. 
Fingimento, falsidade.
Significado de Fingimento:
Ação de fingir; simulação, hipocrisia, dissimulação. / Artifício, simulacro, ficção.
Significado de Falsidade:
Propriedade do que é falso. / Mentira, calúnia. / Hipocrisia; perfídia. / Delito que comete aquele que conscientemente esconde ou altera a verdade.


Faço mea culpa dando-lhe razão Sr FRS e citando a magistral frase do Mestre Nestor Capoeira:
Bom mesmo é aquele que dá o golpe errado no momento certo!
Por culpa da minha memória que não é mais a mesma, esqueci duas coisas:
De ler as informações antes de ver o vídeo e a regra universal básica desta vilipendiada Arte;

Sou Dono de Minha Capoeira e oque faço com ela é problema meu!
Ao analisar o vídeo com a negativa de Mestre Puma executada por FRS, usei como parâmetro o Mestre Camisa!
Que besteira, pois Mestre Nenéo filho de Mestre Bimba, questiona a Capoeira Regional que está por aí!
Quem me garante que a negativa de Mestre Camisa ou do Mestre Puma é idêntica a de Mestre Bimba!


Os donos da Capoeira!
Antigamente uma razoável quantidade de pessoas já na 2ª/3ª graduação passou a ensinar sem a menor condição. A desculpa era a necessidade de expansão da Capoeira.
Mestre Bimba se sentia dono da Capoeira?
Leiam estes exemplos:

Atenilo o Relâmpago de Mestre Itapoã!
ITA- Mestre Itapoã e ATE- Atenilo o Relâmpago

1º- ITA-Quando ele foi fazer a Regional, chamou esse pessoal todo da Capoeira Angola?
ATE-Chamou todos eles.
Ele disse; Olha nós temos lutador de Judô, Boxeador, lutador de Karatê, Jiu-Jitsu, lutador de Luta-Livre, se nós ficar com essa de Capoeira Angola quando a gente passar na rua vão dizer:
Olhe discipulo de fulano tomou tapa na rua, é discipulo de beltrano pisado, aí eles concordaram, acharam tudo certo.
ITA-Quer dizer eles concordaram que tinha que fazer uma luta...
ATE-Diferente!
ITA-A reunião que Bimba fez para fazer a Regional, aonde foi?
ATE-Aqui no Bogum, fim de linha do Engenho Velho da Federação. Fez a reunião para mudar a Capoeira de Angola para Regional!
ITA-Ele me disse assim:
"Olhe Itapoã fiz a Regional porque tirei tudo oque era porcaria que não prestava!
Ele chamava de porcaria oque não gostava.


2º- O capoeirista Victor H.U desafiou Mestre Bimba e aparentemente estava ganhando quando Bimba enfiou-lhe a mão na cara (Galopante) quebrando 2 dentes. Victor foi para a rádio dizer que Bimba tinha usado um golpe que não existia na Capoeira. Mestre Bimba replicou que na Capoeira dele tinha!

3º- Mestre Caiçara estava se achando o máximo numa roda de Mestre Bimba. Bimba o chamou para o pé do berimbau e na saída para o jogo deu-lhe um chute na cara. Mestre Caiçara estupefato exclamou:
Oque é isto Mestre?
È meu pé meu filho!


E o Mestre Pastinha?
Mestre Noronha entregou-lhe o Grupo de Capoeira Conceição da Praia com o uniforme nas côres azul e branco. Mestre Pastinha inaugurou a sua Academia Centro Esportivo de Capoeira Angola, CECA, com o uniforme nas côres preto e amarelo, possivelmente no mesmo ano de sua oficialização, 01 de outubro de 1952!
Mudou o nome do Grupo e seu uniforme!
Colocando-a num bom espaço possivelmente elitizou-a e monopolizou-a. O seu uniforme estaria ao alcance de poucos na época, salvo engano.

               http://www.mestrecapoeira.com/index.php?contenido=desc_musica&screen=60&idioma=
Mestre Camisa:
Soube que o Mestre Camisa tinha tirado o titulo de um aluno e quando ele esteve aqui no Estado perguntei-lhe. Não me lembro se confirmou, mas insisti que o mesmo aluno havia gravado um disco eternizado o titulo. Não me recordo a resposta, ja que o Mestre atendia o celular de 20 em 20 segundos impossibilitando a conversa.

Leiteiro:
Na minha Capoeira tem:
Isto não pode!



 DEAF/DEFIDE:
Estava numa roda na Praça da República quando aparecem o dileto Romildo e Chaguinha. Distribuem folhetos divulgando a melhor Roda da capital. Yaya, yoyo, aonde tiver Capoeira me chama que eu vou, la fui eu ( 1 km de pernada até o local) e cheguei cedo (umas 19,30) para bater papo e fazer o aquecimento espiritual tocando e cantando! Umas 20,00 horas e nada de aparecerem os instrumentos, questionei o querido Romildo! Ele respondeu que o Vigia que tinha a chave do armário aonde estavam os instrumentos ainda não chegara. Meia hora depois resolvi tirar o time mas ameacei:
Voltarei quinta feira e se perder a viagem vou sentar a lingua em vôçes!
Voltei mas cheguei mais tarde encontrei a comissão de frente me esperando!
Bezerra e Zumbi (O Camisa do Pará) á frente e alguém fez a acusação;
Este é o cara que denigre a Capoeira do Estado la fora, escrevendo!
Me defendi dizendo que quem escreve é meu irmão, eu digo na cara!
E apontei como prova o Bezerra, pois tinha ido na sua academia lhe chamar atenção. Ele confirmou e optaram por começar a roda. Depois dessa decepção, digo recepção, não peguei nos instrumentos, só respondi ao côro, esperando o Zumbi cansar pois sabia....
Não deu outra quando fui jogar ele comprou o jogo e até que me sai bem, pois não apanhei muito!



No final ainda recebi esta perola de uma porcaria de aluno, o Sapatão:
É muito triste ver certa pessoa jogar, pois quando comecei eu era tão bom que com 6 meses de treino recebi a corda de contra mestre!
Vesti a carapuça e não o desmenti quanto á sua graduação, embora o seu jogo nesse dia tenha sido de 1ª corda!


Riquissímo exemplo vivido por Mestre Angoleiro nos coloca neste complexo dilema:
Oque é maior, as regras da Capoeira ou o Capoeira?
O Berimbau ou o Capoeira?
E por fim a Capoeira ou o Mestre?
É claro que Mestre Angoleiro poderia ter sido por 2/3 horas da sua vida, menor que o Berimbau Gunga e no fim da tortura deixar sua mensagem! Mas quem sou eu para criticá-lo, afinal ja fiz muitos sacrifícios pela Capoeira.
Hoje não faço mais!
No caso de Mestre Angoleiro, berimbau x capoeira, venceu o Capoeira!
Portanto Mestre Angoleiro ao visitar uma academia tens que ter certeza de que vais aceitar as regras do dono, se não nem vá!


O Grão Mestre FRS enfrentou o seguinte problema enquanto Presidente da Federação de Capoeira local. Jovem não Federado mas representante de Mestre Suassuna no Estado, conseguiu o paitrocínio de uma empresa para a vinda do Mestre ao seu evento. A empresa possivelmente estatal, exigiu a rúbrica da Federação de Capoeira local no recibo.
Possivelmente o regulamento da Federação não permitia apoio a não filiados e a rúbrica foi negada!
Então neste caso das regras da Capoeira ou o Capoeirista, venceu as Regras!
Mas quem é/era Mestre Suassuna quando iniciei em 1975?
Lua e Camisa poderiam ser famosos na Bahia e no Rio de Janeiro na época, mas só o Mestre Suassuna tinha um disco de Ouro que era conhecido no Brasil e possivelmente no mundo!
Portanto se as regras de uma Federação não podem ser quebradas para um nome do peso de Mestre Suassuna, fica claro que as Federações também são donas da Capoeira!

O Grão Mestre
Significado de Grão-Mestre:
Supremo dignitário de uma antiga ordem religiosa ou de cavalaria. / Chefe de uma loja maçônica.
Grão: forma apocopada de Grande!

O autor da adaptação do título Grão Mestre para a Capoeira possivelmente fez uma homenagem ja que não existia/existe (salvo engano meu) curso a ser feito para fazer jus ao mesmo! Ou seja, não quis gastar com uma placa, troféu ou coisa assim!


De que forma o Sr FRS é Grão Mestre?
Porque foi presidente de uma federação?
Não seria correto ele devolver o título quando deixasse o cargo?
Nos vários anos que estive presente na Capoeira da Capital deste Estado num total de mais de 100 exibições de rua ou academia, batizados e oficinas, eu só o vi 3 vezes em 3 lugares!
Para mim este título é para se colocar na vitrine, não tem serventia!
O Grão Mestre FRS me brinda com este exdrúxulo título, comprovando que quem o recebe também tem o direito de distribui-lo!
Vai transformar o Estado num celeiro de Grãos!


Palavras vãs na Capoeira!
As regras da Capoeira são criadas e eliminadas ao sabor das conveniências.
O maior inventor de porcarias arrebentou na sua 1ª produção:
Mestre Aspirante, Mestre Efetivo e Mestre de Honra!
Mestre Aspirante:
Por sorte conseguimos acabar com esta infelicidade. Se ele ja é Mestre, ele aspira oque? Bi-Mestre, Tri-Mestre? (ainda não existia o Mestrissimo e Grão Mestre)
Mestre Efetivo:
É obvio, indica a existência de Mestre não Efetivo, que não participa, não da aula! Substitui/disfarça o Ex-Mestre que a Capoeira infelizmente não tem! (?)
Mestre de Honra:
Para mim um presidente de Federação, Confederação ou Associação Mundial tem que jogar de bom para ótimo, se não correremos o risco de ver os presidentes da Confederação Brasileira e da Associação Mundial fazendo a abertuta de uma Olimpiada com jogo de principiante!


Palavras vãs na Bíblia!
Não só na Capoeira como também na bíblia existem palavras vãs e o sonho de João, o Apocalipse 2:9 é um exemplo:
9 Eu conheço a tua angústia e a tua pobreza - ainda que sejas rico - e também as difamações daqueles que se dizem judeus e não o são; são apenas uma sinagoga de Satanás!


O Sr Emanuel Reis fez uma entrevista conosco (eu e meu irmão) para o Jornal liberal e completou com Bezerra e RFS. Desconfiamos pois ja tínhamos sido brindados com a frase do falecido:
Voçes estão na lama que voçes mesmo criaram!
Não conseguimos descobrir do que ele estava falando!

Colaboramos com os 2 grandes do Estado até descobrir que eram pura fantasia, (é o minimo que se pode dizer) e aí os combatemos!



 A vida real nos reserva surpresas e uma delas é que nos demos ao Sr FRS toda a nossa luta/labuta em prol da capoeira!
La está o meu troféu dado pela Menina do Rio nesta humilhante frase:
Vôçe não tem conhecimento teórico/prático para ser Contra os Mestres mas eu lhe dou assim mesmo!
Me deu uma carteirinha aonde se lia:
Válida por um ano!
Depois eu deixo de ser Contra os Mestres?
Possivelmente eu deixo de exercer legalmente a profissão oque é quase mesma a coisa!
FRS, nós 2 somos vítimas de uma cegueira conveniente:
Assim como eu não quero ver que existe palavras vãs na Capoeira, ( se não, não perderia tempo escrevendo estas) assim também o Sr. se recusa a ver!
Se fingimento é hipocrisia somos 2.....



E a Hipocrisia na Capoeira?
Dois jovens mestres entraram em 2 megagrupos.  
Um foi rebaixado para professor e o outro vi recebendo a 3ª graduação!
Mudaram porque seriam mais mestres no megagrupo?
Então vamos fazer como os politicos, coligações!
Um filósofo da seu veredito:
Um Mestre não muda de grupo!
Eu que conheço os 2 afirmo:
Não eram mestres, fingiam ser!
O da 3ª graduação disse ao seu contramestre que penava com um gravador ruim, prejudicando a evolução do jogo:
Eu sempre digo para meus alunos: 
Aprendam a tocar berimbau!

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Relembro a frase do Doutor João Grão:
Voçe não é, Voçe está!
Nesta história da vida real de palavras vãs, sinto saudade da emocionante estória de Joãozinho e o pé de feijão!
Palavras vãs maravilhosas!