Bebeto&Leiteiro num dia dia carnaval por volta de 1980!
O Baile da Optalis!
Bebeto não era viciado, se tivesse ele dava uns "tapinhas", mas quando ele tinha dinheiro gostava de se presentear. Foi assim que fomos parar na Cruzada São Sebastião no Leblon, umas 3 horas da tarde. Eu fiquei na entrada, não me interessava me envolver com esse tipo de transação.
Eu era um Hippie alienígena, não era "Hippie de Boutique" pois não tinha money, e também não fumava nem cheirava nada. Bebeto entrou uns 100mts lá no fundo uns 3 caras. Bateram um papo rapido e derepente entraram "numa"! Acharam que eu era X9 e estava esperando fechar a transação para chamar os "ÔME"!
Encostaram Bebeto na parede, deram uma geral, e oque estava de frente com a mão no bolso, fez um sinal para que eu me aproximasse.
Meu anjo da guarda disse no meu ouvido:
Negativo!Bote 10 no coelho, 20 no viado, passe sebo nas canelas e avoa, raspa!
Mas o Anjo da Guarda de Bebeto, que não era otário de acompanha-lo numa fria daquelas, replicou:
Se tu "cair fora" eles vão "apagar" seu amigo!
Não tive saída, tinha que ir e fui. Minha temperatura corporal caiu mais que avião da TAM, me senti um gelo sêco, evaporando medo por todos os poros!
Cheguei preocupadissimo, se eles fossem policias, a chance de morrer era de 50%, mas do contrário subia pra 90%! Não me fizeram nada, só queriam ter certeza que eu não era dedo-duro."Bateram" pro Bebeto que mais tarde chegaria uma partida de "manga rosa".
Bebeto comprou um "palha" mesmo e voltamos umas 9 da noite.
Entrei logo, não queria passar por aquilo tudo de novo.
Sinistro! Num breu total, meia duzia de tipos ameaçadores. Cruzada era a maior "robada"!
Só tinha uma entrada-saida, se os "ÔME" entrassem, quem quisesse sair tinha que abrir o caminho a bala!
Bebeto fechou a compra rapido, iamos sair, mas o som alto tomando conta do conjunto, nos fez subir ao 3º andar pra conferir:
Era o Baile do Optalis!
A bebida, vinho, era de graça, mas era "batizada"!
Naquele dia tinha 30 capsulas de Optalidon, dai o nome Optalis! Meses depois, o baile já famoso em varios bairros, voltamos lá e já eram 80 capsulas. Descendo as escadas pensei:
Muito cabaço já desceu rolando por elas!
Era a Pré-Estréia das Rave, (reivi) e eu não sabia!
Chupa essa Manga, Mermão!
De tanto ir lá, (tinha virado vendedor de atabaques, fazendo trançados de Macramê nêles) acabei ficando amigo dos jovens, podendo escolher a côr do mesmo.
Neste atabaque tocaram:
Robertinho Silva famoso baterista, Bolão e Repôlho percusionista do Alceu Valença!
Talvez por causa deste Show fomos convidados para a abertura de um Show de Rock numa Discoteca da Barra ou São Conrado, por causa da passagem de um cometa. O ingresso dava direito a bebida gratis.Abrimos com uns movimentos de Capoeira, depois fizemos Maculêle.Em seguida Bebeto passou a cuspir fogo pela boca, mas causou certa apreensão entre os espectadores, pois varios pingos que não ardiam molhavam os presentes. Receando o pior o dono mandou que terminassemos.
A distância do local do Show e a expectativa de faze-lo tinham me deixado com fome. Não sou de beber mas a bebida oferecida era Ponche, que prá quem não sabe, é feita de vinho e frutas. Prá comer as frutas, tinha que beber o vinho, então:
Enchi o rabo de vinho!
O problema é que o vinho não era da Quinta, mas de quinta categoria!
Em meia hora estava com um Martelo de Thor martelando minha cabeça! Esperei até o Show de Rock começar prá depois me mandar. O anúncio do Grupo foi mais uma martelada na minha avariada cuca:
Barão Vermelho!
A Impressão que tive que o cantor naquele dia, (1980 por ai) era o Frejat e não o Cazuza!
Chave de Ouro!
Estava de serviço, andando pela Presidente Vargas no RJ, 12,30 quando encontro meu Professor o Lua Rasta! Ele me convida para ir a São Paulo, topo na hora. Fui no ônibus de janela aberta, vestindo camiseta sem manga e calça Lee. Cheguei lá resfriado!
A Missão era das mais honrosas possíveis:
Salvar o Teatro Oficina!
Ficamos na casa do famoso teatrólogo Zé Celso. Eu fiquei num quarto com um fanático da religião dos caminhoneiros, o Budismo! Ai 4-5 horas da madruga, o xiíta abre a janela e totalmente nu, na posição de Lótus virado para um invisivel Sol, e com aquele rabão côr de maizena virado pra mim, começou sua monótona ladainha imitando o motor de caminhão: HUUUUMMMM, HUUUUMMMM, HUUUMMMM, interminável!
Passamos a manhã de sabado sem fazer nada e de tarde a mulher do Lua e Bebeto chegam. A noite nos dirigimos para o Ginasio Ibirapuera, aonde seria um Super Show com grandes nomes da MPB!
Já na ida para o ponto do onibus, iamos tocando e cantando, animadissimos para uma noite que prometia. Entramos no coletivo e reiniciamos o batuque. Pra quê:
O motora parou o onibus e ameaçou:
Ou acaba o fuzuê, ou vai todo mundo pra delegacia!
Naquela hora caiu a ficha:
Eu estava em Sampa, a Terra da Garoa!
Já no Ibirapuera, enquanto o Show rolava para umas 5000 pessoas, nós e muitos outros, vendiamos posteres grandes e pequenos para a platéia. Não havia contabilidade, voçe pegava um tanto, vendia, entregava o dinheiro e pegava mais posteres. Aí, eu vi 2 ou 3 patifes embolsando parte do dinheiro e resolvi não "trabalhar" mais.
Foi a minha sorte! Fiquei atrás do Palco e vi e:
Dominguinhos tocar, Pepeu Gomes, Caetano Veloso e Gilberto Gil cantando a lindissíma Oração Musical: PRECISO FALAR com DEUS!
Fiquei com medo de fechar os olhos, tamanha a Interação-Elevação Espiritual que a musica me causou. Nisto Bebeto encosta e quem vai para o Palco:
ZEZÉ MOTA!
Zezé canta:
Tem Capoeira, na Bahia, na Mangueira!
Invadimos o palco com paus de Maculêle e batemos por cima dela, (ela ficou com receio) e na frente dela. Eram nossos 3 minutos de fama no Ginasio Ibirapuera! Saimos e fui pro vestiario tomar banho, (era quente) e dou de cara com Caetano e Gil a 1 metro de mim.
Não tive coragem de pedir autografo, mas depois apareceu Zezé Mota e eu consegui o dela!Não me lembro oque comi nestas 2 noites e 1 dia, só sei que na manhã de domingo amanheci com fome!Do jeito que eu estava comia até Cupim ao Môlho Madeira!
O céu de Sabado tinha sido totalmente cinzento, e a manhã de Domingo na mesma côr! Paisagem de outro Planeta, Avenida de largura gigantesca, sem uma Viva Alma. Nem carro, nem gente.Decá, avistamos do lado de lá, um Bar PS, que serve PF!Não tinhamos vindo do RJ, para comer Prato Feito num Bar Pé Sujo!
Só tinha um Restaurante aberto e era Japonês! A vitrine era de cair os cabelos, tripas, galinhas e coelhos abertos na barriga e provavelmente "chupados" por um Vampiro, tamanha a brancura dos mesmos!
Entramos, só um senhor uns 45 anos, e um jovem uns 15 anos comendo. Sentamos na frente deles e a garçonete nos trouxe o cardapio. Lua escolheu a famosa YAKISOBA que no RJ seria Y-AKI-SOBRA!
Era ruim só de olhar quanto mais de comer!
Era uma água branca, provavelmente maizena, com uns matinhos verdes, talvez couve retalhada, sem tempero ou sal. Encostamos e Lua pediu outra, nº 98! Vieram uns canos de massa de Pastel e dentro uns macarrõeszinhos com carne moida, pingando um oleo avermelhado em abundância.
Sal e Tempero: Abaixo de Zero!
Comi porque, pra quem comeu uma rapadura inteira, aquilo era galho fraco!
Aí, foi minha vez de escolher: Entre 100 pratos, meia dúzia em português, pedi:
Carne de porco agridoce!
Cada pedido nosso demorava meia hora para ser atendido. Enquanto isso a dupla de mortos de fome chinesa ou japonesa, nunca se sabe ao certo, devorava tigelas e tigelas de comida!
Meia hora depois chegou nosso prato, feito com pedacinhos de carne de porco, e pedacinhos de abacaxi no suco de laranja e açucar queimado!
Por isso o agridoce !
Na 1ª engolida, pensei que tinha tomado um sal de frutas, ou o famoso Sonrisal! Quase vomitei. Chupei devagar os minúsculos pedacinhos de carne, mas meu domingo tinha acabado."Lua" pediu a conta mas não queria pagar a yakissoba.
A garçonete disse que tínhamos mexido e era verdade, mas mesmo assim o Lua insistiu! Então, ela que era nordestina e falava chinês, chamou o cozinheiro. Desse eu não tive dúvida, era chinês mesmo!
Olhos bem abertos, 2 metros de altura por 1 de largura, 200 quilos mais ou menos.
Vinha com uma frigideirinha de ferro de 50 cm de circunferência, na possibilidade de ter que jogar tênis com nossas cabeças. Discute de lá, rebate de cá, Lua queria pagar com cheque do RJ. Chegou-se a um denominador:
Levamos a yakissoba para viagem!
Colocada na geladeira do "Zé" Celso junto a um tomate e meio saco de pipoca, a dita cuja resistiu 5 longas horas, (o tomate e a pipoca "tomaram Doril") hora em que saímos para o Teatro Oficina, sem que uns 15 zombies, que circulavam em sua volta, tivessem coragem e apetite para devorá-la. No Teatro Oficina lindas homenagens, culminando com o fechamento do filme "Rei da Vela" com os ícones dos tempos da Rádio Nacional:
Emilinha Borba e Marlene (na época, inimigas) agora cantando juntas esta magistral música:
Que meus inimigos tenham longa vida
Para verem de perto a minha vitória
E com razão, fazerem a louvação, da minha História
É a Lei que determina, Sou Povo, venho debaixo pra cima
Trabalhei e consegui lutar
Venci a maldade como um caracol
Para ver a Luz do Sol/Para ver a Luz do Sol!
Findo o espetáculo me arrumaram uma carona até a rodoviária. Na rodoviária a garota me deu um beijo de cinema, e olhe que eu nem a conhecia! Era umas 11 horas da noite e eu com a mesma roupa, camiseta e calça Lee. O ônibus da 1 hora era leito e eu só tinha dinheiro para o normal, às 3 horas da "madruga".
Enquanto eu estava no Teatro, iluminação de cinema, 30 pessoas em volta, logo entrei no carro, provavelmente motor quente, não senti nada! Mas, depois de uma hora numa rodoviária aberta, vento ártico soprando, comecei a congelar. Três dias de má alimentação, só de camiseta, 1 hora da manhã, já me sentia um pinguim.
A calça Lee estava sensivelmente dura por causa do frio! Aguentei até as 3 horas, mas não conseguia mais articular palavras, o queixo batia descontroladamente. Não deixei o preenchedor de bilhetes nem perguntar o meu nome, não ía conseguir falar mesmo!
Joguei minha carteira de identidade sobre sua mesa!
Adeus São Paulo, se um dia voltar, venho com duas malas: Uma de roupa e outra de comida!
Vão comer mal assim, lá no Inferno !
O "PATÉCO" FILIPE" !
A única vez que vi os olhos de Bebeto Monsueto brilharem por algo material, foi quando êle falou do relógio Patéco Filipe. Emocionou-se e emocionou-me, ao falar de quanto era caro e bonito o tal relógio. Tempo vai, tempo vem, lá estou no Posto 9 em Ipanema, tarde de sol morno, praia quase vazia, contando as horas, doido para ir pra casa.
Nisso passa por mim um turista, no braço direito um farol amarelo brilhante, e na minha mente:
É êle, o PATEK PHILIPPE (ou "Patéco Filipe") como dizia Bebeto.
Pulseira de 1ª, uma polegada de largura, o bojo do relógio tipo Maracanã. O turista passou e foi em direção à água, mais à frente um jovem de uns 20 anos por ai, levantou-se e o acompanhou paralelamente a uns 5 metros de distância.
A dupla seguiu em direção à água, e logo aparece no meu campo de visão, mais 2 jovens de uns 20 anos, uns 5 metros atrás da dupla e separados uns 3 metros entre si. O turista ficou com com a água na altura da barriga, e saltando ondas de 1 metro. O primeiro jovem, tendo se certificado de que o turista não sairia do lugar, nadou mais para a frente e voltou.
Voltou num certeiro "crocodilo", digo "jacaré", na primeira onda que pegou "atropelando" o turista.
Nesse meio tempo o jovem de trás e da direita tinha se aproximado e estava atrás do turista, e assim que o turista foi atropelado, êle mergulhou em cima do mesmo. Evolução de corpos espumantes, o turista emerge chacoalhando enérgicamente a linha, digo o braço, em cuja isca, digo, relógio, vinha pendurado um roubalo de uns 60 quilos, ou seja um dos jovens.
Apesar da insistência do patife a pulseira resistiu ao ataque. Êle largou o relógio e saiu da água, enquanto o turista estupefato o acompanhava com os olhos. Era a "dica' do Destino para o turista tirar o time, mas êle não ouviu.
Nisso o "jacaré" que já estava a uns 30 metros, vendo que o turista continuava no banho voltou e se juntou ao jovem da esquerda e, na 1ª onda que veio, voaram em cima do turista, se embolaram dentro d'água e arrancaram o troféu dourado.
Sairam andando tranquilamente como se não tivesse mais ninguém na praia.
E na minha mente: Caramba!
MORAL DA HISTÓRIA:"Quem dorme dentro d'água é pato"!
Sofro pela minha covardia, mas ja sofri por tantas outras coisas.....!
Covarde sei que me podes chamar
Porém trago no peito esta dor
Atire a primeira pedra oh iaiá
Aquele que não sofreu por amor!
Pequena Homenagem a Bebeto e Lua Rasta pelo muito que acrescentaram a minha Vida!
Embora algumas partes da História, possam não lhe ser favoravel, Bebeto pra mim foi um Ghandhi brasileiro, sempre pregando a Paz pelo canto e musica, com um copo na mão pra variar!
Pela pouca informação que tive antes dêle "sumir", sinto que ele foi vitimado por Banzo, pois nossa Amizade era muito forte!
Quem quer que lhê chame
Vai ter que gritar:
Êh, Camará, Êh, Camará!
Êh, Fuzuê, parede de barro não vai lhe prender!
Êh, Fuzuê, parede de barro não vai lhe prender!
Quem quizer saber algo sobre o Grande Cantor Monsueto, Pai de Bebeto, clic neste Link: http://www.overmundo.com.br/overblog/monsueto-mora-na-filosofia
Homenagem a Bebeto Monsueto!
A Capoeira me trouxe muitas coisas boas, e uma delas foi conhecer, ROBERTO MENEZES, o BEBETO MONSUETO.
Filho do famoso MONSUETO criador de varios sucessos, BEBETO como músico era pau pra toda obra. Nos 6 anos (1977-83) que andamos juntos, não houve instrumento que ele pegasse que não tocasse. Violão, Guitarra, Pandeiro, Atabaque, Sanfona, Flauta, Gaita, Berimbau, etc. Na adversidade mostrou-se um Pai exemplar, e principalmente me ensinou como fazer AMIGOS E INIMIGOS, com a mesma facilidade. Foram dezenas de musicas que ele cantou na minha presença, mas essa ficou na memória por me parecer Biográfica!
NA JANELA DESTE APARTAMENTO/
TINHA GENTE PRA CANTAR/
TINHA GENTE PRA DANÇAR/
TINHA GENTE PRA FALAR/
HOJE NINGUÈM CANTA/
HOJE NINGUÈM DANÇA/
HOJE NINGUÈM DIZ NADA/
HOJE TUDO É SÓ LEMBRANÇA!
BEBETO, assim como SURGIU, SUMIU, NINGUÈM SABE, NINGUÈM VIU!
Quem souber me avise!
SAUDADES, LEITEIRO
A Emy, a FM, Bebeto e Leiteiro
Dona Flor!
Bebeto conheceu EMY, uma canadense separada de um Argentino, na Cinelãndia, e foi "amor" (as aspas são necessárias pois nos anos que o acompanhei se mostrou totalmente desprovido de amor as coisas materiais) a 1º vista, até porque tanto EMY como Bebeto, foram projetados para serem tonéis, aonde se envelhecem uisque, e nasceram humanos por acaso!Nesta 1ª noite EMY já tinha bebido varias caipirinhas, quando nós encostamos para Hablar e demos sorte, por viver com um argentino ficou fácil o entendimento!
Ela estava acompanhada de sua filha, que Bebeto achou por bem chamar de FM, e assim nunca ficamos sabendo o verdadeiro nome da mesma!
Este encontro foi umas 9:00 da noite e ficaram bebendo ate 1:00 da manhã, sem dobrarem a lingua ou bambearem as pernas, pra uma mulher aquilo me impressionou, apesar de saber que o frio do Canadá, pode favorecer as bebedeiras.
Tempos depois precisaram de uma casa pra morar e eu tinha um barraco ao lado do da minha mãe, levei-os para lá. Se antes nós -eu e Bebeto- só nos encotrava-mos na praia, morando do meu lado foi agito de manhã, de tarde, e de noite.
O 1º lance estranho foi, por Bebeto ser novo no morro, não subiu pela estrada principal, subiu pela "exclusiva de moradores", ai os projetos de vagabundos resolveram cobrar pedagio do mesmo. Bebeto não tomou conhecimento, peitou os moleques -15-16 anos- e passou.
Pouco depois vem o Chefete de revolver em punho, tomar satisfação do Bebeto. Bebeto fala grosso com o vagabundo, em casa ouço o bate-boca e vou lá ver oque está acontecendo, chego no exato momento, em que Bebeto aparece com um terçado- facão com 3 palmos de lâmina- para encarar o Chefete.
Entrei no meio e consegui contornar o problema, ja que era conhecido no morro pela molecada.
O 2º lance aconteceu num ônibus. Era raro nós pagar-mos passagem, era eu vestido a moda hippye com um berimbau, e Bebeto com o pandeiro fazia-mos a inseparável dupla BEBE&LEITE. Numa volta da praia, depois de estar com o rabo cheio de refri com sanduba, já que passava-mos as horas na praia, tocando ao lado de barracas de vendedores de comidas e bebidas, quando eles não davam, os fregueses davam, conseguimos uma carona num ônibus sem muito esforço, éramos figuras exóticas.
Sentamos num banco pelo meio do ônibus, e pouco depois Bebeto diz:
Leiteiro quero mijar!
Eu disse:
Só vamos saltar daqui uns 30 minutos, ih agora. Bebeto era completamente destravado de regulamentos, puxou a mangueira para fora, encostou na parede lateral-estava na janela- e largou a "COBRINHA LÍQUIDA"!
A sacana partiu para cima do meu pé, levantei o pé e rezei para que ela seguisse por debaixo do banco, mas que nada, doida pra fazer sucesso, partiu lânguida para a passarela do coletivo. Imediatamente deu câimbra na minha nuca, que engessou todo o meu pescoço, e eu passei a olhar só com o canto dos olhos, para ver se alguém estava notando aquele terrível desfile.
Minha preocupação não era tanto com os passageiros, e sim com o motora, que de boa vontade nos dera carona. Sorte minha e nossa, que Bebeto resolveu descer logo depois da merda feita, e eu dei graças a Deus de ninguém notar. Depois deste dia passou a ser emocionante pegar carona, cada vez que a porta da frente do ônibus abria, meus olhos abriam mais ainda, e meu esfíncter fechava, que não passava nem meia agulha!
O amor é lindo mas nem eu, nem Bebeto sabiamos que o ex- marido de EMY era louco- doido varrido fica melhor- por ela, e ja a tinha perseguido por vários países. Como ele a achava, facil, quando acabava o dinheiro ela pedia, ai o dinheiro, digo o doido e o dinheiro vinham, e foi isso que aconteceu no Rio.
Ja que o ex era um emerito espancador, EMY pediu o auxilio dos 2 SUPER-AMIGOS, e como todo bom brasileiro não morre de amores pelos ARgentinos, fomos prontos pra oque der e vier. Chegamos, hotel na beira-mar, ele numa mesa do hotel no calçadão, ela vai ao seu encontro, e eles ficam batendo papo, Bebeto morrendo de ciumes e eu de umas aparentes ameaças dele.Tempos depois ela vem e da a má noticia, ele só da se ela...
Não tem jeito, nesta noite os SUPER-AMIGOS não entrariam em ação. EMY foi e tomou Doril, tomou e sumiu ninguém soube, ninguém viu.
Meses depois vem uma carta de EMY dizendo que estava na Argentina, Bebeto não contou até 3, fez as malas, MALAS?.
Na verdade nos anos que andamos juntos, ele só carregava uma bolsa de couro a tiracolo, aonde só tinha uma camisa colorida, o resto do espaço ele preenchia com o pandeiro e sua genialidade. Foi com a cara e a coragem e sem um tostão no bolso, -como ele chegou lá não sei- só ficou imaginando a cara da EMY quando ele bateu na porta e disse:
Bebeto acordou de "veneta" e disse:
Leiteiro eu vou prá Bahia!
Pensei comigo, mas como, não tinhamos um tostão no bolso.
Fechou o barraco e sumiu, dias depois voltou, tinha conseguido ir até Minas Gerais.
Esta parte só imaginando;
Toco um berimbau ganho um real, toco e canto legal ganho 2 real.
Cantando e tocando, ele foi torrando a PAZciência dos viajantes, que em Minas devem ter parado o coletivo e dado o ultimato:
Aparece um policial cortando um fumo de rolo e diz:
ÓIA, moço, nóis aqui não gosta disso não, nóis aqui gosta de tudo certinho, tudo direitinho, ou voçe vorta ou...
Bebeto voltou.
A Francezinha Cathy e Leiteiro
A Francezinha, a Francezona e o Nariz de Fé!
Saiamos da praia eu e Bebeto, mais ou menos as 3 horas da tarde. Eu saia azul de fome, pois sou abstêmio, e nessa época ser abstêmio, era se declarar:
Projetinho de Pastor ou em tratamento de DST!
Bebeto, a Esponja Ambulante, que era movido a malte,cevada e lupúlus, cereais encontrados na cerva bem gelada, não sentia nada. Saiamos pela rua Montenegro invariavelmente, para passar no Garota de Ipanema, na esperança do amigo dromedário, encontrar algum conhecido, ou mesmo desconhecido que lhe enchesse a 2ª corcova.
Aos domingos a Via-Crucis aumentava, pois passava-mos na feira hippye de Ipanema, para tocar, cantar, jogar Capoeira e/ou vender nossos instrumentos.
Em algum desses lugares que frequentava-mos, conhecemos as Francesas, ou melhor:
A Francesinha e a Francezona.
Uma delas se chamava Cathy!
Como de praxe no 1º encontro, levamos elas ao seu hotel, que ficava numa rua do Flamengo, que termina nos campos de Futebol. Provavelmente, antes do nosso 2º encontro, as francesas tiveram a infeliz idéia de visitarem os campos de futebol, e ai entrou na vida delas um jogador de nome Nariz de Fé!
Apesar de não falar-mos em françês, nem Vive La France!, (UI,UI pra mim é cumprimento de rato) conseguimos nos entender. No outro dia conforme o combinado, as 3 da tarde telefonamos e a francezona dá a terrível notícia:
Não poderia ir ao nosso encontro, pois teria que ir a um Rende-vóuz ou Rende-vú no bom português. Tremi na base, Rende-vú no meu Tupiniquês, era o mesmo que Ménage-a-trois ou ménage a troá, sendo que no ménage entra mais um, para evitar um provavel Coitus Interruptus. Convoquei uma reunião de emergência e elas toparam.
Tentei convence-las a não ir através de gestos, expressão facial e Tupiniquês, e consegui em parte, pois a baixinha não foi.
A Francezona foi, tomou doril e sumiu!
Terceiro dia, telefonamos no horário de sempre e a ouvimos - a Francezinha- desesperada no telefone. A Francezona não tinha dormido no hotel e nem telefonara.
Avoamos para o hotel e a consola-mos, garantindo que não ia acontecer nada.
A má notícia era que ela ficaria no hotel, esperando a Francezona ou um telefonema.
Saimos com o Sex-apeal ferido. Um PC qualquer tinha levado nossa conquista literalmente no bico. O PC não é Politico ou Policial Corrupto, é Pobre Coitado mesmo!
No 4º dia não fomos a praia, telefonamos cedo e a Francezinha atendeu desconsolada.
Nevú-Jamé de telefonê, nevu-jamé de presencê da Francezona.
Partimos para o hotel para consola-la, e conseguimos tranquiliza-la, insistindo que o cara não era doido de fazer alguma besteira.Conseguimos convence-la a relaxar e não perder a estada no Brasil, visitando o nosso desconhecido Morro dos Cabritos e descobrindo porque o cabrito caga redondo. Ademais o nosso cardapio era vacalhau, (carne-sêca) com arroz, e não custava nada melhora-lo com caviar.
Subimos pela famosa Ladeira dos Tabajaras, que cruza de cabo a rabo o Morro dos Cabritos.
Ela chegou lá em cima molhadinha, em parte pela subida, e por nós babando em cima dela igual cão de fila. Não iria-mos força-la a nada, queria-mos que ela por livre e espôntanea pressão abrisse a porta do baú da felicidade e dissesse:
Adentrê, Mon Chérry!
Isto não aconteceu. O diabo da Francezinha tinha parentesco com os Irmãos Lumiére, e só queria saber de fotografar. Fotografou até pulo de pulga no meio do barraco.
Não foi desta vez, o jeito era esperar a Francezona, talvez o PC a tivesse "desbloqueado", tornando-a aberta a propostas!
A impressão que tinha-mos, era de que ela viera só para controlar a esfuziante baixinha, para que ela não entregasse a rapadura. Voltamos a tarde para o hotel e nada da Francezona. Prometemos procura-la no Garota de Ipanema e Baixo Leblon e o fizemos.
Mais pelo Bebeto do que por mim, que lembrava das leituras nos livros escolares, sobre os invasões holandesas e francesas, e sabia que eles não tinham vindo ao Brasil só para fazer contrato de trabalho com os indios, tambem enfiaram a baguete nas nossas virgens maravilhosas. Se hoje eles voltassem, teriam dificuldades em encontrarem virgens até no buraco do ouvido, pois oque tem de tamandúa sexagenário, salivando as trompas de eustáquio das garotinhas, não esta no gibi!
E oque é que custa, anos depois, uma francesa experimentar o famoso Pau-Brasil!
A exarcebada libido francesa, deu a nós Cariocas, a pécha de Cabeça de Ovo!
Meu amigo carioca na França, esta preocupado com o novo governo.
Disse para ele:
Mostre sua raiz!
Tem Cidra, (Champanhe só nos Cariocas ricos) da mais vagabunda correndo no meio do seu sangue pretinho, seu Cabeça de Ovo!
Vale este adendo:
Os desenhos de Rugendas e Debret confirmam que havia vários tipos da Raça Africana.
Então na minha modesta opinião, essas raças Homogêneas, tipo a Oriental e a Indígena, tem o gene da Síndrome de Dawn na cadeia de DNA!
Continuando, chegamos ao Baixo Leblon, e de cara em cima de um capô de um carro, uma cerva estupidamente gelada. Ao lado um Play-Vaca (play-boy babaca) um daqueles que ajudaram a acabar com o Glamour do Baixo Leblon!
Bebeto saca de sua bolsa um copo e empurra no peito do Play. O Play balança a cabeça negativamente. Bebeto não dá a questão por perdida e repete o movimento e o Play irredutível!Bebeto perde a cabeça, dedo em riste no rosto do Play grita:
Voçe está me discriminando, Voçe está me discriminando! repetiu.
O camaleônico Play, trocou seu bronzeado por um amarelo-espanto, e eu o acompanhei trocando o meu por um branco-preocupado. Eu sabia, encostar um dedo num Play, era pedir pra ir pra cadeia sem direito a fiança ou visitas.
Eram todos filhos de Capetão pra cima, e ficava no Baixo Leblon, um camburão só pra esse servicinho sujo! Vai a noite, vem o dia, telefonamos e finalmente a boa notícia:
A Francezona tinha aparecido!
A má noticia éra que elas não sairiam do hotel naquele dia.Tambem pudera, 3 dias e 3 noites com a motoserra ligada derrubando pau brasil, deveria estar com a munheca inchada a bichinha. Dia seguinte toparam falar conosco.
Fui doido para saber se o Nariz de Fé, tinha conseguido meter o nariz aonde não fora chamado. Se ele tinha conseguido comer o Patê de Foiê da Francezona.
Isto ela não disse, e oque ela nos disse, que ele tentou fazer e não conseguiu, eu não posso dizer.
Só sei que a Francezona que era um mulherão, voltou um mulherão do pescoço pra baixo, do pescoço pra cima um sargentão, e do Corpo de Bombeiros. Qualquer manifestação de fogo na periquita da esfuziante baixinha, ela puxava um extintor invisivel e acabava com a nossa alegria.
Ela parecia dizer: Calmê, Frufruê, Calmê!
Ou no portugues castiço: Manera, Frufru, Manera!
Chegamos a conclusão que daquele mato não sai coelho, que elas não dançariam Can-Can a lá Molin Rouge para nós. Convidamos para irem a praia, doidos para vê-las num bikini, não toparam. Demos um tempo de vê-las, ai o Bebeto teve a idéia de leva-las, no Desfile de Abertura do Carnaval dos Filhos de Gandhi!
Sábado de Carnaval, de manhã estavamos na sede dos Filhos de Gandhi, para saber como nos inscreviamos, incluindo as francesas.
O Filhos de Gandhi, ja estava com a mesma filosofia da matriz Baiana:
Só Negros e seus Descendentes!
Pronto pensei, dançamos, eu e as francesas.
(Hoje é mais facil ser negro, basta dizer: Eu Sou!)
Bebeto que nunca aceitou um não como resposta, tirou 2 lençóis usados de casa e enGandhiou a francezinha. A Francezona se negou energicamente a participar da palhaçada. A Francezinha parece que tinha engolido uma pena de ganso, antes de embarcar para o Brasil, achava tudo engraçado. Bebeto apresentou-a fantasiada de múmia sexi aos Organizadores do desfile dos Filhos de Gandhi, que impediram-na de desfilar, sob os protestos veementes de Bebeto!
Assim terminou o encontro Brasil-França!
Bon Voiage, Cathy!
Adendo:
Nos vários anos que acompanhei Bebeto Monsueto, nunca vi ele perder a compostura. Bebeto tinha classe, não falava palavrão, não dizia gíria. Tinha um palavreado própio e hilário, e a mania de repetir algumas tiradas, seguidas de um riso infantil, puramente feliz!
Esse fato acima citado, foi o 1º e único.
Pereira:
Por culpa do Bebeto conheci Pereira. Bebeto e sua sociabilidade exarcebada me jogaram em lances sinistros!
Numa dessas Bebeto me apresentou Pereira, que não gostava nadinha de ser chamado assim, mas Bebeto insistia. Bebeto que não era maluco, não reconhecia o perigo, já o Pereira...
Pereira sem dúvida era um E.T, 1,90 por ai, magro, musculoso, cabeça raspada maquina 0, e a indefectível calça de Karate, a faixa preta, uma camiseta de boa qualidade. As vezes colocava um jaleco sem bolso por cima da camiseta, não sei se por influência da série de TV, Kung Fu ou se os golpes das aulas de Karatê tinham avariado um pouco a cabecinha do distinto.
O problema dele era:
O olhar extremamente magnético das cobras peçonhentas, aliado ao riso da Hiena mais vagabunda!
Não era companhia das mais agradáveis, também não incomodava. Não bebia, quase não falava, ficava vendo a gente tocando, cantando ou jogando Capoeira, parecendo um segurança, destacando-se com aquele uniforme!
O problema é que meu anjo da guarda não foi com o dele, e ele passou a querer me hipnotizar, me olhando um tempo longo demais pro meu gosto. E eu passei a fazer cara de mau, (ser ator ainda é o meu sonho) para intimida-lo.
Depois do olhar seca pimenteira, ele dava a risadinha histérica da hiena vagabunda.
A porcaria da risada, tinha o poder maléfico de minar meu positivismo!
No começo quando eu já antevia um provável pega entre nós, eu pensava:
Eu posso com ele brincando! É moleza!
Depois de uns 5 rangidos histéricos eu já pensava;
Eu posso, tenho certeza que posso com ele!
Eu não o temia, tinha apenas um "certo receio".
Certa noite ele me convida para beber um refri. O cara não bebia nem agua bical, pensei:
É hoje!
Ele sentou e nos serviu o refrigerante. Peguei meu copo e me afastei 1 metro do balcão e dele.
Ele esperou eu tomar 2 tensos goles e disparou:
Eu não acredito na sua Capoeira!
Gelei mais uns 5 graus, o refri do copo na minha mão e no meu estômago, mas artista é artista, fechei os olhos a lá o velho Japa de Karatê Kid, coloquei o copo pela metade em cima do balcão, me afastei uns 2 metros e cuspi:
Pra mim Kung Fu é coisa de bichinha!
Ele colocou copo no balcão e girou lentamente no banco. Meu esfincter virou hemorróida de botão, e senti o Puufff do ar excessivamente poluido, expelido!
Pronto, perdi uma cueca! pensei.
Ele acabou de girar e me lançou o "mau olhado', e eu ali dispuntando o Oscar em imitação, da cara do Japa de Karatê Kid! Ficamos cara a cara, olho no olho, 2 galos na rinha!
Como ninguém cedia ele apelou , lançou a sua nefasta risada.
Pedi o pinico, a vaca foi pro brejo!
A risada invadiu meu tímpano, desceu espinha abaixo e fez um estrago nos membros inferiores. Bambeei (será que ele pensou que eu estava gingando?) e me arrastei até o balcão. A praga da risada continuava e minha cara de Japa devia estar com a cara amarela do mesmo!
Sentei e senti a humidade nas nádegas, comprovando a "freada de bicicleta", na minha perdida cueca! Torci que ele não tivesse sacado que o grande Professor Leiteiro não aguentava nem intimidação, quanto mais meia-lua inteira!
Saí ileso deste episódio e não dei sopa pro azar, quando o via me escondia mesmo. Umas 3 semanas depois, soube que ele acabou com um baile na Rocinha. Torci que ele tivesse o mesmo destino do Pereira 1, um provavel irmão gêmeo dele, que tinha sido assassinado!
Oh, Cacilda!
Debate no Teatro Cacilda Becker, Bebeto tem a infeliz idéia de levar Pereira, aquela cópia adubada de Karatê Kid. Chegamos e eu me escondi no escurinho da arquibancada, longe do grupo de debatedores. Bebeto e aquela cópia fajuta de Chuck Norris juntos, era promessa de vexame na certa. Estavamos ali convidamos por Marcos com K, que tinha um espaço na Mostra de Teatro e Dança que aconteceria, e nos convidou para participar de sua apresentação.
Conversa vai, conversa vem, entra o tema Dança.
O coisa ruim pede um aparte e me entra com essa:
Quando Moisés desceu a enevoada montanha com as tábuas da lei, veio pé-ante-pé, com cuidado pra não pisar em falso nas pedras soltas, neste exato momento ele estava dando os primeiros passos da Dança Contemporânea!
Enquanto falava imitava os possiveis passos descendo a arquibancada. Deu um espaço esperando aplausos e deve ter ouvido uma môsca voando, se não ouviu, eu ouvi.
Continuou a sandice:
Quando a madame no supermercado vê a criança com o carrinho de compras, olha seus pés e lá vem o carrinho e a criança, em direção aos seus pés. Enquanto falava, encenava o possível choque e o pavor da madame.Terminou com a tenebrosa risada.
Foi um balde de agua fria no abalizado grupo. Quem estava esperando uma oportunidade de tirar o time, aproveitou. Com K, fuzilou Bebeto com um olhar tipo:
De onde veio essa múmia!
Seguido da expressão facial:
Aonde fui amarrar o meu burro!
Eu pedi a Deus que me transformasse numa tataruga, para poder enfiar a cabeça dentro do corpo!Me fiz de Ninja e sumi silenciosamente!
Nesta eu Dancei! A Mostra de Teatro se dividiu em 2 dias:
No 1º Música e Dança, no 2º Teatro.
Bebeto e eu tinhamos sidos contratados por Marcos Com K para dar-mos um toque afro com atabaque e berimbau, a sua performance. O 1º a se apresentar foi Marcos 100 k, com boa exibição. Depois um Mini E.T., invertebrado, que misturou Break, muita criatividade, plasticidade, merecendo até um clip da Plim-Plim!
Logo após um cantor negro, desconhecido, que com um violão e um chapéu de couro, cantou um Aboio, um senhor Aboio!
Era Raimundo Sodré que depois ganhou o Festival de Música com A MASSA!
Relembrando um pequeno trecho:
Quando eu vejo a massa na mandioca Mãe: A Massa!
A Massa que passa fome mãe: A Massa!
Le-lé, meu amor le-lé
No cabo da minha enxada não conheço Coroné!
Minha estréia de peso no Teatro começaria de cócoras. Com K viria, breu total, e só após eu tocar 7 badaladas num pedaço de trilho de trem, embaixo de uma escada, ele começaria a dança!Espaço exiguo, mal dava para puxar o braço pra bater no trilho.
Com K aparece com uma vela na mão e caminha para o centro do palco. A luz bruxeleante cria sombras fantasmagóricas impressionantes.
Esqueço da badalada. Silêncio denso, Com K estático, lembrei e dou uma senhora raquetada:
Peíiimmm!
Ferro com ferro, agudo longo, demorado. Dou-lhe a 2ª madeirada: Peiiimmm!
Na 3ª o inesperado:
A cada pancada o trilho ia balançado e na 3ª ele ja estava voando baixo, por isso errei a 4ª e a 5ª porradas, e só acertei a 6ª de raspão, saindo um Peim muito do michuruca.
Nervoso e irritado segurei o trilho pelo pescoço, digo pela corda e dei uma surra no FDP:
Peim, Peim, Peim!
Pego de surpresa Com K ficou mais duro do que ja estava, e eu, conforme o combinado, no atabaque e Bebeto no Berimbau nos dirigimos para o palco.
Bebeto tinha bolado um refrão Afro que me pareceu interessante:
Ô Muzenza keobata, Muzenzá! Ô Muzenza kapulê, Muzenzá!
O problema é que Com K estava demorando demais na performance. Comecei a achar a cantoria monótona, me perdi 2 vezes no atabaque, "senti" que não estava só "pagando o mico" estava "Recebendo" também, ou na giria Umbandistica, eu era o "Cavalo" ou seria o Burro.
Mesmo com Com K dançando bem, achei que Nós Dançamos também!
O Pôr-do-Sol no Amor do "Sol Nascente"!
Sabado era o dia mais esperado da semana, era o dia de saber aonde teria festa.
Neste sabado só tinha uma e era na contra-mão da história, na Usina depois da Tijuca.
Tijuca para nós era Zona Norte ou no popular, aonde o Judas perdeu as botas, na Usina ele perdeu as meias!
A noite atacamos tudo oque era bar, na esperança de encontrar alguém, que nos desse outro endereço e nada. Dez horas, entramos no onibus 415 Usina-Leblon, sabendo que seria um sabado daqueles! Sentavamos sempre na frente, de olho em qualquer movimentação na rua com som alto, indício de FESTA!
O onibus foi, foi, foi e nada. Quase no fim da linha saltamos. Iluminação Publica quase O, janelas todas fechadas, rua deserta, silêncio total. Estado de Sítio? Toque de Recolher? pensei.
Me veio na mente aquela frase de ARItmética que todos sabem o resultado, mas não ousam responder:
Tifo, Tifo, Tifo, quantos TIFO DEU?
Ou nos fu...!
Andamos mudos, desanimados, varios quarteirões, quando vimos uma luz no fim do tunel. Vinham 3 jovens no mesmo astral em nossa direção. Frente a frente a clássica pergunta; Aonde é a Festa?
É ali no 311, responderam.
Renovação do espiríto, elevação no astral, aceleramos, janela iluminada indicava o local, mas nada de som. Estranhei, mas era minha 1ª festa na Zona Norte, depois era cedo pra festa de rico, e tarde pra festa de pobre, onde os comes-e-bebes "evaporam" rapidamente.
Chegamos, porta aberta convidando. Entramos no corredor, no fundo do mesmo um casal de negros namorando. No meio do corredor ficava a sala que dava acesso aos comodos da casa.
De cara na direita 3 negras lindas, 1,60mts por ai, muito bem vestidas e "pregadas" na parede.
Na esquerda um Japônes em pé em frente a uma negra clara ( na verdade ela era da côr do sol japônes) sentada. Deduzi que seria a Festa de Noivado dos mesmos!
A coisa estava feia, nem velório em Bariloche era tão frio!
Me senti mais por fora que caroço de caju, mas Deus, bondoso me mandou um garçon a caráter, com um bandeja de maravilhosos sandubas!
Passou batido pelas lindas negras, foi até o casal no fundo, voltou e passou pelo Japa e sua musa e parou na nossa frente. Peguei 2 só para as lombrigas entrarem em campo, segui o garçon com o olhar e ele entrou na 1ª porta a esquerda. Entrou e saiu de mãos abanando.
Nem bem terminei meus 2 sandubas, e la vem o "pinguim" humano novamente, equilibrando outra espetacular bandeja de sanduiches. Passou batido pelas lindas negras, foi até o fundo, voltou, passou pelo Japa e parou na nossa frente.
Repeti a dose dupla, ouvindo minhas lombriga gritarem:
Manda mais um mão de vaca, penoso!
Intimei o "pinguim" a servir as jovens - elas educadamente negaram querer- mas insisti.
O "pinguim" sabendo que eu não era titica de frango, e já queria cantar de galo no terreiro alheio, virou a costa e sumiu numa outra porta no fim do corredor.
Saiu como sempre de mãos vazias. Revoltado, invadi a cozinha. Comida a dar com o pau na geladeira, bebida pra jogar fora no freezer. Ninguém que eu pudesse pedir, para poder servir as garotas. Resolvo entrar na 1ª porta que o garçon tinha entrado.
Abri e em volta de uma mesinha com a bandejona de sanduíches estavam uns 5 negros.
Me senti branco demais pra pedir esmola. Fui na porta do fundo, abri e levei uma facada pela costa no corasebo! Havia 3 alemães de olhos azul celeste e um negro esqueletico, 2,00mts, preto igual a um tizil!
Era o famoso capoeirista C.....!
Botei ele na minha lista negra ou preta, sei lá! Já não gostava dele mesmo!
Convenci Bebeto de que ali não arrumariamos nada e nos mandamos! Na volta pensando, achei que o Japonês tinha sido abandonado pela familia que não concordava com "Aquele Amor"!
Sandrinha, a 1ª Mestra de Capoeira!
Desde que entrei na Capoeira em 1975, que ouço falar na Mestra Sandrinha.
Sua Academia ficava no Morro do Pavãozinho, logo no inicio, após a escadaria. Fomos eu e Bebeto, uma noite na Academia dela e finda a escadaria ja encontramos os projetos de patifes fazendo-nos a classica pergunta:
Qualé?
Não dei a resposta correta:
Muita abelha e pouco mé!
Fingi que não ouvi, ignorei. Ai veio a 2ª pergunta:
Vai aonde?
Ai era perigo, se eu desse a resposta correta:
No ..U do Conde!
Seria pior, e ignora-la, seria afrontar o galo no seu terreiro. Certa vez meu irmão foi lá no Pavãozinho, e ignorou as 2 perguntas.
Queriam joga-lo lá de cima!
Dos morros que subi, Pavãozinho e Borel tem uma rampa de asa delta, aonde se empurram pessoas sem a asa delta.
Como a do Borel fica lá no fim, no alto do morro, a "viagem´" é bem mais longa, mais emocionante. Fomos 2 vezes e não a encontramos, aí não fomos mais. Num Carnaval em Ipanema, Sandrinha estava se esbaldando quando chegamos.
Bebeto encostou nela logo e eu que não bebo fiquei a distância. Não demorou nadinha para eles se "estranharem"!
Encostei a tempo de ouvir Sandrinha dizendo pro Bebeto:
Sandrinha com o "motor" bastante "envenenado" estava "em cima dos saltos" pronta prá "encestar" Bebeto!
Pedi:
Calma Bebeto enquanto ele berrava:
Bebeto, FM e Leiteiro em 1980 por aí!
Os 2 Bundões:
Ricardão era (era porque sai do RJ em 1983) um negro bonito, com barba e bigode, oque é rarisssimo em negros, 1,90 mts de muita personalidade. Ricardão é autor de uma música lindissima, que está num filme brasileiro e foi adotada pelos capoeiristas:
Lá, lauê, Lauê, Lauê, lá lá....
Bebeto era o Karma de Ricardão, era Ricardão chegar e Bebeto encostar, encostar e incomodar. Ricardão que ja estava cansado do "encosto", mas receando a fama da Capoeira nunca reagia. Chega Ricardão, lá foi Bebeto e não demorou nadinha o bate-boca.
Os 2 com copos na mão, Ricardão foi falando:
Tu é Capoeira é, Tu é Capoeira!
E se aproximando. Bebeto que não fazia fé, foi pego de surpresa, e levou uma senhora cabeçada no rosto! Brigada do deixa disso, entrou rapidamente em ação. No outro dia evento imprtante no Teatro Opinião, Bebeto me chega com o rosto, metade Africano, metade Chinês.
Um vai-e-vem doido de gente, encostamos num bar com balcão em forma de L para beber, e logo-logo quem me aparece.
A máquina de jogar Capoeira: Mestre Camisa!
Eu, que tinha uma questão não resolvida com ele, nem dei pelota, mas Bebeto "se vendeu".
Se dirigiu sorridente enquanto mostrava o rosto de Japa, dizia desavergonhadamente:
Me atropelaram, Camisa, me atropelaram!
Camisa deve ter pensado: 2 Bundas-Moles!
Confesso que se não fosse crime hediondo matar um amigo, eu o tinha feito!
As peripécias e desventuras de Bebeto&Leiteiro no RJ!
A Capoeira me trouxe muitas coisas boas, e uma delas foi conhecer, ROBERTO MENEZES, o BEBETO MONSUETO.
Filho do famoso MONSUETO criador de varios sucessos, BEBETO como músico era pau pra toda obra. Nos 6 anos (1977-83) que andamos juntos, não houve instrumento que ele pegasse que não tocasse. Violão, Guitarra, Pandeiro, Atabaque, Sanfona, Flauta, Gaita, Berimbau, etc. Na adversidade mostrou-se um Pai exemplar, e principalmente me ensinou como fazer AMIGOS E INIMIGOS, com a mesma facilidade. Foram dezenas de musicas que ele cantou na minha presença, mas essa ficou na memória por me parecer Biográfica!
NA JANELA DESTE APARTAMENTO/
TINHA GENTE PRA CANTAR/
TINHA GENTE PRA DANÇAR/
TINHA GENTE PRA FALAR/
HOJE NINGUÈM CANTA/
HOJE NINGUÈM DANÇA/
HOJE NINGUÈM DIZ NADA/
HOJE TUDO É SÓ LEMBRANÇA!
BEBETO, assim como SURGIU, SUMIU, NINGUÈM SABE, NINGUÈM VIU!
Quem souber me avise!
SAUDADES, LEITEIRO
A Emy, a FM, Bebeto e Leiteiro
Dona Flor!
Bebeto conheceu EMY, uma canadense separada de um Argentino, na Cinelãndia, e foi "amor" (as aspas são necessárias pois nos anos que o acompanhei se mostrou totalmente desprovido de amor as coisas materiais) a 1º vista, até porque tanto EMY como Bebeto, foram projetados para serem tonéis, aonde se envelhecem uisque, e nasceram humanos por acaso!Nesta 1ª noite EMY já tinha bebido varias caipirinhas, quando nós encostamos para Hablar e demos sorte, por viver com um argentino ficou fácil o entendimento!
Ela estava acompanhada de sua filha, que Bebeto achou por bem chamar de FM, e assim nunca ficamos sabendo o verdadeiro nome da mesma!
Este encontro foi umas 9:00 da noite e ficaram bebendo ate 1:00 da manhã, sem dobrarem a lingua ou bambearem as pernas, pra uma mulher aquilo me impressionou, apesar de saber que o frio do Canadá, pode favorecer as bebedeiras.
Tempos depois precisaram de uma casa pra morar e eu tinha um barraco ao lado do da minha mãe, levei-os para lá. Se antes nós -eu e Bebeto- só nos encotrava-mos na praia, morando do meu lado foi agito de manhã, de tarde, e de noite.
O 1º lance estranho foi, por Bebeto ser novo no morro, não subiu pela estrada principal, subiu pela "exclusiva de moradores", ai os projetos de vagabundos resolveram cobrar pedagio do mesmo. Bebeto não tomou conhecimento, peitou os moleques -15-16 anos- e passou.
Pouco depois vem o Chefete de revolver em punho, tomar satisfação do Bebeto. Bebeto fala grosso com o vagabundo, em casa ouço o bate-boca e vou lá ver oque está acontecendo, chego no exato momento, em que Bebeto aparece com um terçado- facão com 3 palmos de lâmina- para encarar o Chefete.
Entrei no meio e consegui contornar o problema, ja que era conhecido no morro pela molecada.
Sentamos num banco pelo meio do ônibus, e pouco depois Bebeto diz:
Leiteiro quero mijar!
Eu disse:
Só vamos saltar daqui uns 30 minutos, ih agora. Bebeto era completamente destravado de regulamentos, puxou a mangueira para fora, encostou na parede lateral-estava na janela- e largou a "COBRINHA LÍQUIDA"!
A sacana partiu para cima do meu pé, levantei o pé e rezei para que ela seguisse por debaixo do banco, mas que nada, doida pra fazer sucesso, partiu lânguida para a passarela do coletivo. Imediatamente deu câimbra na minha nuca, que engessou todo o meu pescoço, e eu passei a olhar só com o canto dos olhos, para ver se alguém estava notando aquele terrível desfile.
Minha preocupação não era tanto com os passageiros, e sim com o motora, que de boa vontade nos dera carona. Sorte minha e nossa, que Bebeto resolveu descer logo depois da merda feita, e eu dei graças a Deus de ninguém notar. Depois deste dia passou a ser emocionante pegar carona, cada vez que a porta da frente do ônibus abria, meus olhos abriam mais ainda, e meu esfíncter fechava, que não passava nem meia agulha!
O amor é lindo mas nem eu, nem Bebeto sabiamos que o ex- marido de EMY era louco- doido varrido fica melhor- por ela, e ja a tinha perseguido por vários países. Como ele a achava, facil, quando acabava o dinheiro ela pedia, ai o dinheiro, digo o doido e o dinheiro vinham, e foi isso que aconteceu no Rio.
Ja que o ex era um emerito espancador, EMY pediu o auxilio dos 2 SUPER-AMIGOS, e como todo bom brasileiro não morre de amores pelos ARgentinos, fomos prontos pra oque der e vier. Chegamos, hotel na beira-mar, ele numa mesa do hotel no calçadão, ela vai ao seu encontro, e eles ficam batendo papo, Bebeto morrendo de ciumes e eu de umas aparentes ameaças dele.Tempos depois ela vem e da a má noticia, ele só da se ela...
Não tem jeito, nesta noite os SUPER-AMIGOS não entrariam em ação. EMY foi e tomou Doril, tomou e sumiu ninguém soube, ninguém viu.
Meses depois vem uma carta de EMY dizendo que estava na Argentina, Bebeto não contou até 3, fez as malas, MALAS?.
Na verdade nos anos que andamos juntos, ele só carregava uma bolsa de couro a tiracolo, aonde só tinha uma camisa colorida, o resto do espaço ele preenchia com o pandeiro e sua genialidade. Foi com a cara e a coragem e sem um tostão no bolso, -como ele chegou lá não sei- só ficou imaginando a cara da EMY quando ele bateu na porta e disse:
OI DONA FLOR, ESTA AQUI SEU OUTRO MARIDO!
É provavel que ela tenha arrumado a casa de amigos para ele ficar, só sei que ele pegou uma bruta discriminação dos Argentinos na rua, e provavelmente na casa, ja que como disse, ele não seguia muitos as regras de convivência. Voltou, não sem antes passar por uma BLITZ da polícia Argentina no apartamento, doido para bota-lo no xadrez!Bebeto acordou de "veneta" e disse:
Leiteiro eu vou prá Bahia!
Pensei comigo, mas como, não tinhamos um tostão no bolso.
Fechou o barraco e sumiu, dias depois voltou, tinha conseguido ir até Minas Gerais.
Esta parte só imaginando;
Toco um berimbau ganho um real, toco e canto legal ganho 2 real.
Cantando e tocando, ele foi torrando a PAZciência dos viajantes, que em Minas devem ter parado o coletivo e dado o ultimato:
Ou vai nós ou vai ele, os 2 não vai!
Bebeto conta o resto:Aparece um policial cortando um fumo de rolo e diz:
ÓIA, moço, nóis aqui não gosta disso não, nóis aqui gosta de tudo certinho, tudo direitinho, ou voçe vorta ou...
Bebeto voltou.
A Francezinha Cathy e Leiteiro
A Francezinha, a Francezona e o Nariz de Fé!
Saiamos da praia eu e Bebeto, mais ou menos as 3 horas da tarde. Eu saia azul de fome, pois sou abstêmio, e nessa época ser abstêmio, era se declarar:
Projetinho de Pastor ou em tratamento de DST!
Bebeto, a Esponja Ambulante, que era movido a malte,cevada e lupúlus, cereais encontrados na cerva bem gelada, não sentia nada. Saiamos pela rua Montenegro invariavelmente, para passar no Garota de Ipanema, na esperança do amigo dromedário, encontrar algum conhecido, ou mesmo desconhecido que lhe enchesse a 2ª corcova.
Aos domingos a Via-Crucis aumentava, pois passava-mos na feira hippye de Ipanema, para tocar, cantar, jogar Capoeira e/ou vender nossos instrumentos.
Em algum desses lugares que frequentava-mos, conhecemos as Francesas, ou melhor:
A Francesinha e a Francezona.
Uma delas se chamava Cathy!
Como de praxe no 1º encontro, levamos elas ao seu hotel, que ficava numa rua do Flamengo, que termina nos campos de Futebol. Provavelmente, antes do nosso 2º encontro, as francesas tiveram a infeliz idéia de visitarem os campos de futebol, e ai entrou na vida delas um jogador de nome Nariz de Fé!
Apesar de não falar-mos em françês, nem Vive La France!, (UI,UI pra mim é cumprimento de rato) conseguimos nos entender. No outro dia conforme o combinado, as 3 da tarde telefonamos e a francezona dá a terrível notícia:
Não poderia ir ao nosso encontro, pois teria que ir a um Rende-vóuz ou Rende-vú no bom português. Tremi na base, Rende-vú no meu Tupiniquês, era o mesmo que Ménage-a-trois ou ménage a troá, sendo que no ménage entra mais um, para evitar um provavel Coitus Interruptus. Convoquei uma reunião de emergência e elas toparam.
Tentei convence-las a não ir através de gestos, expressão facial e Tupiniquês, e consegui em parte, pois a baixinha não foi.
A Francezona foi, tomou doril e sumiu!
Terceiro dia, telefonamos no horário de sempre e a ouvimos - a Francezinha- desesperada no telefone. A Francezona não tinha dormido no hotel e nem telefonara.
Avoamos para o hotel e a consola-mos, garantindo que não ia acontecer nada.
A má notícia era que ela ficaria no hotel, esperando a Francezona ou um telefonema.
Saimos com o Sex-apeal ferido. Um PC qualquer tinha levado nossa conquista literalmente no bico. O PC não é Politico ou Policial Corrupto, é Pobre Coitado mesmo!
No 4º dia não fomos a praia, telefonamos cedo e a Francezinha atendeu desconsolada.
Nevú-Jamé de telefonê, nevu-jamé de presencê da Francezona.
Partimos para o hotel para consola-la, e conseguimos tranquiliza-la, insistindo que o cara não era doido de fazer alguma besteira.Conseguimos convence-la a relaxar e não perder a estada no Brasil, visitando o nosso desconhecido Morro dos Cabritos e descobrindo porque o cabrito caga redondo. Ademais o nosso cardapio era vacalhau, (carne-sêca) com arroz, e não custava nada melhora-lo com caviar.
Subimos pela famosa Ladeira dos Tabajaras, que cruza de cabo a rabo o Morro dos Cabritos.
Ela chegou lá em cima molhadinha, em parte pela subida, e por nós babando em cima dela igual cão de fila. Não iria-mos força-la a nada, queria-mos que ela por livre e espôntanea pressão abrisse a porta do baú da felicidade e dissesse:
Adentrê, Mon Chérry!
Isto não aconteceu. O diabo da Francezinha tinha parentesco com os Irmãos Lumiére, e só queria saber de fotografar. Fotografou até pulo de pulga no meio do barraco.
Não foi desta vez, o jeito era esperar a Francezona, talvez o PC a tivesse "desbloqueado", tornando-a aberta a propostas!
A impressão que tinha-mos, era de que ela viera só para controlar a esfuziante baixinha, para que ela não entregasse a rapadura. Voltamos a tarde para o hotel e nada da Francezona. Prometemos procura-la no Garota de Ipanema e Baixo Leblon e o fizemos.
Mais pelo Bebeto do que por mim, que lembrava das leituras nos livros escolares, sobre os invasões holandesas e francesas, e sabia que eles não tinham vindo ao Brasil só para fazer contrato de trabalho com os indios, tambem enfiaram a baguete nas nossas virgens maravilhosas. Se hoje eles voltassem, teriam dificuldades em encontrarem virgens até no buraco do ouvido, pois oque tem de tamandúa sexagenário, salivando as trompas de eustáquio das garotinhas, não esta no gibi!
E oque é que custa, anos depois, uma francesa experimentar o famoso Pau-Brasil!
A exarcebada libido francesa, deu a nós Cariocas, a pécha de Cabeça de Ovo!
Meu amigo carioca na França, esta preocupado com o novo governo.
Disse para ele:
Mostre sua raiz!
Tem Cidra, (Champanhe só nos Cariocas ricos) da mais vagabunda correndo no meio do seu sangue pretinho, seu Cabeça de Ovo!
Vale este adendo:
Os desenhos de Rugendas e Debret confirmam que havia vários tipos da Raça Africana.
Então na minha modesta opinião, essas raças Homogêneas, tipo a Oriental e a Indígena, tem o gene da Síndrome de Dawn na cadeia de DNA!
Continuando, chegamos ao Baixo Leblon, e de cara em cima de um capô de um carro, uma cerva estupidamente gelada. Ao lado um Play-Vaca (play-boy babaca) um daqueles que ajudaram a acabar com o Glamour do Baixo Leblon!
Bebeto saca de sua bolsa um copo e empurra no peito do Play. O Play balança a cabeça negativamente. Bebeto não dá a questão por perdida e repete o movimento e o Play irredutível!Bebeto perde a cabeça, dedo em riste no rosto do Play grita:
Voçe está me discriminando, Voçe está me discriminando! repetiu.
O camaleônico Play, trocou seu bronzeado por um amarelo-espanto, e eu o acompanhei trocando o meu por um branco-preocupado. Eu sabia, encostar um dedo num Play, era pedir pra ir pra cadeia sem direito a fiança ou visitas.
Eram todos filhos de Capetão pra cima, e ficava no Baixo Leblon, um camburão só pra esse servicinho sujo! Vai a noite, vem o dia, telefonamos e finalmente a boa notícia:
A Francezona tinha aparecido!
A má noticia éra que elas não sairiam do hotel naquele dia.Tambem pudera, 3 dias e 3 noites com a motoserra ligada derrubando pau brasil, deveria estar com a munheca inchada a bichinha. Dia seguinte toparam falar conosco.
Fui doido para saber se o Nariz de Fé, tinha conseguido meter o nariz aonde não fora chamado. Se ele tinha conseguido comer o Patê de Foiê da Francezona.
Isto ela não disse, e oque ela nos disse, que ele tentou fazer e não conseguiu, eu não posso dizer.
Só sei que a Francezona que era um mulherão, voltou um mulherão do pescoço pra baixo, do pescoço pra cima um sargentão, e do Corpo de Bombeiros. Qualquer manifestação de fogo na periquita da esfuziante baixinha, ela puxava um extintor invisivel e acabava com a nossa alegria.
Ela parecia dizer: Calmê, Frufruê, Calmê!
Ou no portugues castiço: Manera, Frufru, Manera!
Chegamos a conclusão que daquele mato não sai coelho, que elas não dançariam Can-Can a lá Molin Rouge para nós. Convidamos para irem a praia, doidos para vê-las num bikini, não toparam. Demos um tempo de vê-las, ai o Bebeto teve a idéia de leva-las, no Desfile de Abertura do Carnaval dos Filhos de Gandhi!
Sábado de Carnaval, de manhã estavamos na sede dos Filhos de Gandhi, para saber como nos inscreviamos, incluindo as francesas.
O Filhos de Gandhi, ja estava com a mesma filosofia da matriz Baiana:
Só Negros e seus Descendentes!
Pronto pensei, dançamos, eu e as francesas.
(Hoje é mais facil ser negro, basta dizer: Eu Sou!)
Bebeto que nunca aceitou um não como resposta, tirou 2 lençóis usados de casa e enGandhiou a francezinha. A Francezona se negou energicamente a participar da palhaçada. A Francezinha parece que tinha engolido uma pena de ganso, antes de embarcar para o Brasil, achava tudo engraçado. Bebeto apresentou-a fantasiada de múmia sexi aos Organizadores do desfile dos Filhos de Gandhi, que impediram-na de desfilar, sob os protestos veementes de Bebeto!
Assim terminou o encontro Brasil-França!
Bon Voiage, Cathy!
Adendo:
Nos vários anos que acompanhei Bebeto Monsueto, nunca vi ele perder a compostura. Bebeto tinha classe, não falava palavrão, não dizia gíria. Tinha um palavreado própio e hilário, e a mania de repetir algumas tiradas, seguidas de um riso infantil, puramente feliz!
Esse fato acima citado, foi o 1º e único.
Pereira:
Por culpa do Bebeto conheci Pereira. Bebeto e sua sociabilidade exarcebada me jogaram em lances sinistros!
Numa dessas Bebeto me apresentou Pereira, que não gostava nadinha de ser chamado assim, mas Bebeto insistia. Bebeto que não era maluco, não reconhecia o perigo, já o Pereira...
Pereira sem dúvida era um E.T, 1,90 por ai, magro, musculoso, cabeça raspada maquina 0, e a indefectível calça de Karate, a faixa preta, uma camiseta de boa qualidade. As vezes colocava um jaleco sem bolso por cima da camiseta, não sei se por influência da série de TV, Kung Fu ou se os golpes das aulas de Karatê tinham avariado um pouco a cabecinha do distinto.
O problema dele era:
O olhar extremamente magnético das cobras peçonhentas, aliado ao riso da Hiena mais vagabunda!
Não era companhia das mais agradáveis, também não incomodava. Não bebia, quase não falava, ficava vendo a gente tocando, cantando ou jogando Capoeira, parecendo um segurança, destacando-se com aquele uniforme!
O problema é que meu anjo da guarda não foi com o dele, e ele passou a querer me hipnotizar, me olhando um tempo longo demais pro meu gosto. E eu passei a fazer cara de mau, (ser ator ainda é o meu sonho) para intimida-lo.
Depois do olhar seca pimenteira, ele dava a risadinha histérica da hiena vagabunda.
A porcaria da risada, tinha o poder maléfico de minar meu positivismo!
No começo quando eu já antevia um provável pega entre nós, eu pensava:
Eu posso com ele brincando! É moleza!
Depois de uns 5 rangidos histéricos eu já pensava;
Eu posso, tenho certeza que posso com ele!
Eu não o temia, tinha apenas um "certo receio".
Certa noite ele me convida para beber um refri. O cara não bebia nem agua bical, pensei:
É hoje!
Ele sentou e nos serviu o refrigerante. Peguei meu copo e me afastei 1 metro do balcão e dele.
Ele esperou eu tomar 2 tensos goles e disparou:
Eu não acredito na sua Capoeira!
Gelei mais uns 5 graus, o refri do copo na minha mão e no meu estômago, mas artista é artista, fechei os olhos a lá o velho Japa de Karatê Kid, coloquei o copo pela metade em cima do balcão, me afastei uns 2 metros e cuspi:
Pra mim Kung Fu é coisa de bichinha!
Ele colocou copo no balcão e girou lentamente no banco. Meu esfincter virou hemorróida de botão, e senti o Puufff do ar excessivamente poluido, expelido!
Pronto, perdi uma cueca! pensei.
Ele acabou de girar e me lançou o "mau olhado', e eu ali dispuntando o Oscar em imitação, da cara do Japa de Karatê Kid! Ficamos cara a cara, olho no olho, 2 galos na rinha!
Como ninguém cedia ele apelou , lançou a sua nefasta risada.
Pedi o pinico, a vaca foi pro brejo!
A risada invadiu meu tímpano, desceu espinha abaixo e fez um estrago nos membros inferiores. Bambeei (será que ele pensou que eu estava gingando?) e me arrastei até o balcão. A praga da risada continuava e minha cara de Japa devia estar com a cara amarela do mesmo!
Sentei e senti a humidade nas nádegas, comprovando a "freada de bicicleta", na minha perdida cueca! Torci que ele não tivesse sacado que o grande Professor Leiteiro não aguentava nem intimidação, quanto mais meia-lua inteira!
Saí ileso deste episódio e não dei sopa pro azar, quando o via me escondia mesmo. Umas 3 semanas depois, soube que ele acabou com um baile na Rocinha. Torci que ele tivesse o mesmo destino do Pereira 1, um provavel irmão gêmeo dele, que tinha sido assassinado!
Oh, Cacilda!
Debate no Teatro Cacilda Becker, Bebeto tem a infeliz idéia de levar Pereira, aquela cópia adubada de Karatê Kid. Chegamos e eu me escondi no escurinho da arquibancada, longe do grupo de debatedores. Bebeto e aquela cópia fajuta de Chuck Norris juntos, era promessa de vexame na certa. Estavamos ali convidamos por Marcos com K, que tinha um espaço na Mostra de Teatro e Dança que aconteceria, e nos convidou para participar de sua apresentação.
Conversa vai, conversa vem, entra o tema Dança.
O coisa ruim pede um aparte e me entra com essa:
Quando Moisés desceu a enevoada montanha com as tábuas da lei, veio pé-ante-pé, com cuidado pra não pisar em falso nas pedras soltas, neste exato momento ele estava dando os primeiros passos da Dança Contemporânea!
Enquanto falava imitava os possiveis passos descendo a arquibancada. Deu um espaço esperando aplausos e deve ter ouvido uma môsca voando, se não ouviu, eu ouvi.
Continuou a sandice:
Quando a madame no supermercado vê a criança com o carrinho de compras, olha seus pés e lá vem o carrinho e a criança, em direção aos seus pés. Enquanto falava, encenava o possível choque e o pavor da madame.Terminou com a tenebrosa risada.
Foi um balde de agua fria no abalizado grupo. Quem estava esperando uma oportunidade de tirar o time, aproveitou. Com K, fuzilou Bebeto com um olhar tipo:
De onde veio essa múmia!
Seguido da expressão facial:
Aonde fui amarrar o meu burro!
Eu pedi a Deus que me transformasse numa tataruga, para poder enfiar a cabeça dentro do corpo!Me fiz de Ninja e sumi silenciosamente!
Nesta eu Dancei! A Mostra de Teatro se dividiu em 2 dias:
No 1º Música e Dança, no 2º Teatro.
Bebeto e eu tinhamos sidos contratados por Marcos Com K para dar-mos um toque afro com atabaque e berimbau, a sua performance. O 1º a se apresentar foi Marcos 100 k, com boa exibição. Depois um Mini E.T., invertebrado, que misturou Break, muita criatividade, plasticidade, merecendo até um clip da Plim-Plim!
Logo após um cantor negro, desconhecido, que com um violão e um chapéu de couro, cantou um Aboio, um senhor Aboio!
Era Raimundo Sodré que depois ganhou o Festival de Música com A MASSA!
Relembrando um pequeno trecho:
Quando eu vejo a massa na mandioca Mãe: A Massa!
A Massa que passa fome mãe: A Massa!
Le-lé, meu amor le-lé
No cabo da minha enxada não conheço Coroné!
Minha estréia de peso no Teatro começaria de cócoras. Com K viria, breu total, e só após eu tocar 7 badaladas num pedaço de trilho de trem, embaixo de uma escada, ele começaria a dança!Espaço exiguo, mal dava para puxar o braço pra bater no trilho.
Com K aparece com uma vela na mão e caminha para o centro do palco. A luz bruxeleante cria sombras fantasmagóricas impressionantes.
Esqueço da badalada. Silêncio denso, Com K estático, lembrei e dou uma senhora raquetada:
Peíiimmm!
Ferro com ferro, agudo longo, demorado. Dou-lhe a 2ª madeirada: Peiiimmm!
Na 3ª o inesperado:
A cada pancada o trilho ia balançado e na 3ª ele ja estava voando baixo, por isso errei a 4ª e a 5ª porradas, e só acertei a 6ª de raspão, saindo um Peim muito do michuruca.
Nervoso e irritado segurei o trilho pelo pescoço, digo pela corda e dei uma surra no FDP:
Peim, Peim, Peim!
Pego de surpresa Com K ficou mais duro do que ja estava, e eu, conforme o combinado, no atabaque e Bebeto no Berimbau nos dirigimos para o palco.
Bebeto tinha bolado um refrão Afro que me pareceu interessante:
Ô Muzenza keobata, Muzenzá! Ô Muzenza kapulê, Muzenzá!
O problema é que Com K estava demorando demais na performance. Comecei a achar a cantoria monótona, me perdi 2 vezes no atabaque, "senti" que não estava só "pagando o mico" estava "Recebendo" também, ou na giria Umbandistica, eu era o "Cavalo" ou seria o Burro.
Mesmo com Com K dançando bem, achei que Nós Dançamos também!
O Pôr-do-Sol no Amor do "Sol Nascente"!
Sabado era o dia mais esperado da semana, era o dia de saber aonde teria festa.
Neste sabado só tinha uma e era na contra-mão da história, na Usina depois da Tijuca.
Tijuca para nós era Zona Norte ou no popular, aonde o Judas perdeu as botas, na Usina ele perdeu as meias!
A noite atacamos tudo oque era bar, na esperança de encontrar alguém, que nos desse outro endereço e nada. Dez horas, entramos no onibus 415 Usina-Leblon, sabendo que seria um sabado daqueles! Sentavamos sempre na frente, de olho em qualquer movimentação na rua com som alto, indício de FESTA!
O onibus foi, foi, foi e nada. Quase no fim da linha saltamos. Iluminação Publica quase O, janelas todas fechadas, rua deserta, silêncio total. Estado de Sítio? Toque de Recolher? pensei.
Me veio na mente aquela frase de ARItmética que todos sabem o resultado, mas não ousam responder:
Tifo, Tifo, Tifo, quantos TIFO DEU?
Ou nos fu...!
Andamos mudos, desanimados, varios quarteirões, quando vimos uma luz no fim do tunel. Vinham 3 jovens no mesmo astral em nossa direção. Frente a frente a clássica pergunta; Aonde é a Festa?
É ali no 311, responderam.
Renovação do espiríto, elevação no astral, aceleramos, janela iluminada indicava o local, mas nada de som. Estranhei, mas era minha 1ª festa na Zona Norte, depois era cedo pra festa de rico, e tarde pra festa de pobre, onde os comes-e-bebes "evaporam" rapidamente.
Chegamos, porta aberta convidando. Entramos no corredor, no fundo do mesmo um casal de negros namorando. No meio do corredor ficava a sala que dava acesso aos comodos da casa.
De cara na direita 3 negras lindas, 1,60mts por ai, muito bem vestidas e "pregadas" na parede.
Na esquerda um Japônes em pé em frente a uma negra clara ( na verdade ela era da côr do sol japônes) sentada. Deduzi que seria a Festa de Noivado dos mesmos!
A coisa estava feia, nem velório em Bariloche era tão frio!
Me senti mais por fora que caroço de caju, mas Deus, bondoso me mandou um garçon a caráter, com um bandeja de maravilhosos sandubas!
Passou batido pelas lindas negras, foi até o casal no fundo, voltou e passou pelo Japa e sua musa e parou na nossa frente. Peguei 2 só para as lombrigas entrarem em campo, segui o garçon com o olhar e ele entrou na 1ª porta a esquerda. Entrou e saiu de mãos abanando.
Nem bem terminei meus 2 sandubas, e la vem o "pinguim" humano novamente, equilibrando outra espetacular bandeja de sanduiches. Passou batido pelas lindas negras, foi até o fundo, voltou, passou pelo Japa e parou na nossa frente.
Repeti a dose dupla, ouvindo minhas lombriga gritarem:
Manda mais um mão de vaca, penoso!
Intimei o "pinguim" a servir as jovens - elas educadamente negaram querer- mas insisti.
O "pinguim" sabendo que eu não era titica de frango, e já queria cantar de galo no terreiro alheio, virou a costa e sumiu numa outra porta no fim do corredor.
Saiu como sempre de mãos vazias. Revoltado, invadi a cozinha. Comida a dar com o pau na geladeira, bebida pra jogar fora no freezer. Ninguém que eu pudesse pedir, para poder servir as garotas. Resolvo entrar na 1ª porta que o garçon tinha entrado.
Abri e em volta de uma mesinha com a bandejona de sanduíches estavam uns 5 negros.
Me senti branco demais pra pedir esmola. Fui na porta do fundo, abri e levei uma facada pela costa no corasebo! Havia 3 alemães de olhos azul celeste e um negro esqueletico, 2,00mts, preto igual a um tizil!
Era o famoso capoeirista C.....!
Botei ele na minha lista negra ou preta, sei lá! Já não gostava dele mesmo!
Convenci Bebeto de que ali não arrumariamos nada e nos mandamos! Na volta pensando, achei que o Japonês tinha sido abandonado pela familia que não concordava com "Aquele Amor"!
Sandrinha, a 1ª Mestra de Capoeira!
Desde que entrei na Capoeira em 1975, que ouço falar na Mestra Sandrinha.
Sua Academia ficava no Morro do Pavãozinho, logo no inicio, após a escadaria. Fomos eu e Bebeto, uma noite na Academia dela e finda a escadaria ja encontramos os projetos de patifes fazendo-nos a classica pergunta:
Qualé?
Não dei a resposta correta:
Muita abelha e pouco mé!
Fingi que não ouvi, ignorei. Ai veio a 2ª pergunta:
Vai aonde?
Ai era perigo, se eu desse a resposta correta:
No ..U do Conde!
Seria pior, e ignora-la, seria afrontar o galo no seu terreiro. Certa vez meu irmão foi lá no Pavãozinho, e ignorou as 2 perguntas.
Queriam joga-lo lá de cima!
Dos morros que subi, Pavãozinho e Borel tem uma rampa de asa delta, aonde se empurram pessoas sem a asa delta.
Como a do Borel fica lá no fim, no alto do morro, a "viagem´" é bem mais longa, mais emocionante. Fomos 2 vezes e não a encontramos, aí não fomos mais. Num Carnaval em Ipanema, Sandrinha estava se esbaldando quando chegamos.
Bebeto encostou nela logo e eu que não bebo fiquei a distância. Não demorou nadinha para eles se "estranharem"!
Encostei a tempo de ouvir Sandrinha dizendo pro Bebeto:
Emburaca! Cai dentro!
Tremi na base, sabiamos que Sandrinha era Agente Prisional do Presidio Masculino Frei Caneca, e se por acaso, Deus o livre e guarde, ela batesse no Bebeto, eu teria que ajuda-lo e 2 capoeiristas conhecidissimos batendo numa "dama" era um super baque na nossa Arte!Sandrinha com o "motor" bastante "envenenado" estava "em cima dos saltos" pronta prá "encestar" Bebeto!
Pedi:
Calma Bebeto enquanto ele berrava:
Vou rachar esta vagabunda!
Ela instigava-o com a palavra proibida:
Vem Mané!
Consegui botar agua na fervura, mas tenho certeza que foi a unica vez que vi Bebeto "amarelar"!
Bebeto, FM e Leiteiro em 1980 por aí!
Os 2 Bundões:
Ricardão era (era porque sai do RJ em 1983) um negro bonito, com barba e bigode, oque é rarisssimo em negros, 1,90 mts de muita personalidade. Ricardão é autor de uma música lindissima, que está num filme brasileiro e foi adotada pelos capoeiristas:
Lá, lauê, Lauê, Lauê, lá lá....
Bebeto era o Karma de Ricardão, era Ricardão chegar e Bebeto encostar, encostar e incomodar. Ricardão que ja estava cansado do "encosto", mas receando a fama da Capoeira nunca reagia. Chega Ricardão, lá foi Bebeto e não demorou nadinha o bate-boca.
Os 2 com copos na mão, Ricardão foi falando:
Tu é Capoeira é, Tu é Capoeira!
E se aproximando. Bebeto que não fazia fé, foi pego de surpresa, e levou uma senhora cabeçada no rosto! Brigada do deixa disso, entrou rapidamente em ação. No outro dia evento imprtante no Teatro Opinião, Bebeto me chega com o rosto, metade Africano, metade Chinês.
Um vai-e-vem doido de gente, encostamos num bar com balcão em forma de L para beber, e logo-logo quem me aparece.
A máquina de jogar Capoeira: Mestre Camisa!
Eu, que tinha uma questão não resolvida com ele, nem dei pelota, mas Bebeto "se vendeu".
Se dirigiu sorridente enquanto mostrava o rosto de Japa, dizia desavergonhadamente:
Me atropelaram, Camisa, me atropelaram!
Camisa deve ter pensado: 2 Bundas-Moles!
Confesso que se não fosse crime hediondo matar um amigo, eu o tinha feito!
O Baile da Optalis!
Bebeto não era viciado, se tivesse ele dava uns "tapinhas", mas quando ele tinha dinheiro gostava de se presentear. Foi assim que fomos parar na Cruzada São Sebastião no Leblon, umas 3 horas da tarde. Eu fiquei na entrada, não me interessava me envolver com esse tipo de transação.
Eu era um Hippie alienígena, não era "Hippie de Boutique" pois não tinha money, e também não fumava nem cheirava nada. Bebeto entrou uns 100mts lá no fundo uns 3 caras. Bateram um papo rapido e derepente entraram "numa"! Acharam que eu era X9 e estava esperando fechar a transação para chamar os "ÔME"!
Encostaram Bebeto na parede, deram uma geral, e oque estava de frente com a mão no bolso, fez um sinal para que eu me aproximasse.
Meu anjo da guarda disse no meu ouvido:
Negativo!Bote 10 no coelho, 20 no viado, passe sebo nas canelas e avoa, raspa!
Mas o Anjo da Guarda de Bebeto, que não era otário de acompanha-lo numa fria daquelas, replicou:
Se tu "cair fora" eles vão "apagar" seu amigo!
Não tive saída, tinha que ir e fui. Minha temperatura corporal caiu mais que avião da TAM, me senti um gelo sêco, evaporando medo por todos os poros!
Cheguei preocupadissimo, se eles fossem policias, a chance de morrer era de 50%, mas do contrário subia pra 90%! Não me fizeram nada, só queriam ter certeza que eu não era dedo-duro."Bateram" pro Bebeto que mais tarde chegaria uma partida de "manga rosa".
Bebeto comprou um "palha" mesmo e voltamos umas 9 da noite.
Entrei logo, não queria passar por aquilo tudo de novo.
Sinistro! Num breu total, meia duzia de tipos ameaçadores. Cruzada era a maior "robada"!
Só tinha uma entrada-saida, se os "ÔME" entrassem, quem quisesse sair tinha que abrir o caminho a bala!
Bebeto fechou a compra rapido, iamos sair, mas o som alto tomando conta do conjunto, nos fez subir ao 3º andar pra conferir:
Era o Baile do Optalis!
A bebida, vinho, era de graça, mas era "batizada"!
Naquele dia tinha 30 capsulas de Optalidon, dai o nome Optalis! Meses depois, o baile já famoso em varios bairros, voltamos lá e já eram 80 capsulas. Descendo as escadas pensei:
Muito cabaço já desceu rolando por elas!
Era a Pré-Estréia das Rave, (reivi) e eu não sabia!
Chupa essa Manga, Mermão!
Cometa Vermelho:
Faziamos, eu e Bebeto, uma espécie de Show no Posto 9 em Ipanema, com berimbau e pandeiro, cantando musicas de Capoeira e outras, com pulação de cordas, etc. Mais tarde comprei um grande atabaque, pois nas andanças com Lua Rasta tinha aprendido aonde era a fabrica, se não me engano em Brás de Pina! Eram 2 jovens produzindo atabaques para o Brazil inteiro.De tanto ir lá, (tinha virado vendedor de atabaques, fazendo trançados de Macramê nêles) acabei ficando amigo dos jovens, podendo escolher a côr do mesmo.
Neste atabaque tocaram:
Robertinho Silva famoso baterista, Bolão e Repôlho percusionista do Alceu Valença!
Talvez por causa deste Show fomos convidados para a abertura de um Show de Rock numa Discoteca da Barra ou São Conrado, por causa da passagem de um cometa. O ingresso dava direito a bebida gratis.Abrimos com uns movimentos de Capoeira, depois fizemos Maculêle.Em seguida Bebeto passou a cuspir fogo pela boca, mas causou certa apreensão entre os espectadores, pois varios pingos que não ardiam molhavam os presentes. Receando o pior o dono mandou que terminassemos.
A distância do local do Show e a expectativa de faze-lo tinham me deixado com fome. Não sou de beber mas a bebida oferecida era Ponche, que prá quem não sabe, é feita de vinho e frutas. Prá comer as frutas, tinha que beber o vinho, então:
Enchi o rabo de vinho!
O problema é que o vinho não era da Quinta, mas de quinta categoria!
Em meia hora estava com um Martelo de Thor martelando minha cabeça! Esperei até o Show de Rock começar prá depois me mandar. O anúncio do Grupo foi mais uma martelada na minha avariada cuca:
Barão Vermelho!
A Impressão que tive que o cantor naquele dia, (1980 por ai) era o Frejat e não o Cazuza!
Chave de Ouro!
Estava de serviço, andando pela Presidente Vargas no RJ, 12,30 quando encontro meu Professor o Lua Rasta! Ele me convida para ir a São Paulo, topo na hora. Fui no ônibus de janela aberta, vestindo camiseta sem manga e calça Lee. Cheguei lá resfriado!
A Missão era das mais honrosas possíveis:
Salvar o Teatro Oficina!
Ficamos na casa do famoso teatrólogo Zé Celso. Eu fiquei num quarto com um fanático da religião dos caminhoneiros, o Budismo! Ai 4-5 horas da madruga, o xiíta abre a janela e totalmente nu, na posição de Lótus virado para um invisivel Sol, e com aquele rabão côr de maizena virado pra mim, começou sua monótona ladainha imitando o motor de caminhão: HUUUUMMMM, HUUUUMMMM, HUUUMMMM, interminável!
Passamos a manhã de sabado sem fazer nada e de tarde a mulher do Lua e Bebeto chegam. A noite nos dirigimos para o Ginasio Ibirapuera, aonde seria um Super Show com grandes nomes da MPB!
Já na ida para o ponto do onibus, iamos tocando e cantando, animadissimos para uma noite que prometia. Entramos no coletivo e reiniciamos o batuque. Pra quê:
O motora parou o onibus e ameaçou:
Ou acaba o fuzuê, ou vai todo mundo pra delegacia!
Naquela hora caiu a ficha:
Eu estava em Sampa, a Terra da Garoa!
Já no Ibirapuera, enquanto o Show rolava para umas 5000 pessoas, nós e muitos outros, vendiamos posteres grandes e pequenos para a platéia. Não havia contabilidade, voçe pegava um tanto, vendia, entregava o dinheiro e pegava mais posteres. Aí, eu vi 2 ou 3 patifes embolsando parte do dinheiro e resolvi não "trabalhar" mais.
Foi a minha sorte! Fiquei atrás do Palco e vi e:
Dominguinhos tocar, Pepeu Gomes, Caetano Veloso e Gilberto Gil cantando a lindissíma Oração Musical: PRECISO FALAR com DEUS!
Fiquei com medo de fechar os olhos, tamanha a Interação-Elevação Espiritual que a musica me causou. Nisto Bebeto encosta e quem vai para o Palco:
ZEZÉ MOTA!
Zezé canta:
Tem Capoeira, na Bahia, na Mangueira!
Invadimos o palco com paus de Maculêle e batemos por cima dela, (ela ficou com receio) e na frente dela. Eram nossos 3 minutos de fama no Ginasio Ibirapuera! Saimos e fui pro vestiario tomar banho, (era quente) e dou de cara com Caetano e Gil a 1 metro de mim.
Não tive coragem de pedir autografo, mas depois apareceu Zezé Mota e eu consegui o dela!Não me lembro oque comi nestas 2 noites e 1 dia, só sei que na manhã de domingo amanheci com fome!Do jeito que eu estava comia até Cupim ao Môlho Madeira!
O céu de Sabado tinha sido totalmente cinzento, e a manhã de Domingo na mesma côr! Paisagem de outro Planeta, Avenida de largura gigantesca, sem uma Viva Alma. Nem carro, nem gente.Decá, avistamos do lado de lá, um Bar PS, que serve PF!Não tinhamos vindo do RJ, para comer Prato Feito num Bar Pé Sujo!
Só tinha um Restaurante aberto e era Japonês! A vitrine era de cair os cabelos, tripas, galinhas e coelhos abertos na barriga e provavelmente "chupados" por um Vampiro, tamanha a brancura dos mesmos!
Entramos, só um senhor uns 45 anos, e um jovem uns 15 anos comendo. Sentamos na frente deles e a garçonete nos trouxe o cardapio. Lua escolheu a famosa YAKISOBA que no RJ seria Y-AKI-SOBRA!
Era ruim só de olhar quanto mais de comer!
Era uma água branca, provavelmente maizena, com uns matinhos verdes, talvez couve retalhada, sem tempero ou sal. Encostamos e Lua pediu outra, nº 98! Vieram uns canos de massa de Pastel e dentro uns macarrõeszinhos com carne moida, pingando um oleo avermelhado em abundância.
Sal e Tempero: Abaixo de Zero!
Comi porque, pra quem comeu uma rapadura inteira, aquilo era galho fraco!
Aí, foi minha vez de escolher: Entre 100 pratos, meia dúzia em português, pedi:
Carne de porco agridoce!
Cada pedido nosso demorava meia hora para ser atendido. Enquanto isso a dupla de mortos de fome chinesa ou japonesa, nunca se sabe ao certo, devorava tigelas e tigelas de comida!
Meia hora depois chegou nosso prato, feito com pedacinhos de carne de porco, e pedacinhos de abacaxi no suco de laranja e açucar queimado!
Por isso o agridoce !
Na 1ª engolida, pensei que tinha tomado um sal de frutas, ou o famoso Sonrisal! Quase vomitei. Chupei devagar os minúsculos pedacinhos de carne, mas meu domingo tinha acabado."Lua" pediu a conta mas não queria pagar a yakissoba.
A garçonete disse que tínhamos mexido e era verdade, mas mesmo assim o Lua insistiu! Então, ela que era nordestina e falava chinês, chamou o cozinheiro. Desse eu não tive dúvida, era chinês mesmo!
Olhos bem abertos, 2 metros de altura por 1 de largura, 200 quilos mais ou menos.
Vinha com uma frigideirinha de ferro de 50 cm de circunferência, na possibilidade de ter que jogar tênis com nossas cabeças. Discute de lá, rebate de cá, Lua queria pagar com cheque do RJ. Chegou-se a um denominador:
Levamos a yakissoba para viagem!
Colocada na geladeira do "Zé" Celso junto a um tomate e meio saco de pipoca, a dita cuja resistiu 5 longas horas, (o tomate e a pipoca "tomaram Doril") hora em que saímos para o Teatro Oficina, sem que uns 15 zombies, que circulavam em sua volta, tivessem coragem e apetite para devorá-la. No Teatro Oficina lindas homenagens, culminando com o fechamento do filme "Rei da Vela" com os ícones dos tempos da Rádio Nacional:
Emilinha Borba e Marlene (na época, inimigas) agora cantando juntas esta magistral música:
Que meus inimigos tenham longa vida
Para verem de perto a minha vitória
E com razão, fazerem a louvação, da minha História
É a Lei que determina, Sou Povo, venho debaixo pra cima
Trabalhei e consegui lutar
Venci a maldade como um caracol
Para ver a Luz do Sol/Para ver a Luz do Sol!
Findo o espetáculo me arrumaram uma carona até a rodoviária. Na rodoviária a garota me deu um beijo de cinema, e olhe que eu nem a conhecia! Era umas 11 horas da noite e eu com a mesma roupa, camiseta e calça Lee. O ônibus da 1 hora era leito e eu só tinha dinheiro para o normal, às 3 horas da "madruga".
Enquanto eu estava no Teatro, iluminação de cinema, 30 pessoas em volta, logo entrei no carro, provavelmente motor quente, não senti nada! Mas, depois de uma hora numa rodoviária aberta, vento ártico soprando, comecei a congelar. Três dias de má alimentação, só de camiseta, 1 hora da manhã, já me sentia um pinguim.
A calça Lee estava sensivelmente dura por causa do frio! Aguentei até as 3 horas, mas não conseguia mais articular palavras, o queixo batia descontroladamente. Não deixei o preenchedor de bilhetes nem perguntar o meu nome, não ía conseguir falar mesmo!
Joguei minha carteira de identidade sobre sua mesa!
Adeus São Paulo, se um dia voltar, venho com duas malas: Uma de roupa e outra de comida!
Vão comer mal assim, lá no Inferno !
A única vez que vi os olhos de Bebeto Monsueto brilharem por algo material, foi quando êle falou do relógio Patéco Filipe. Emocionou-se e emocionou-me, ao falar de quanto era caro e bonito o tal relógio. Tempo vai, tempo vem, lá estou no Posto 9 em Ipanema, tarde de sol morno, praia quase vazia, contando as horas, doido para ir pra casa.
Nisso passa por mim um turista, no braço direito um farol amarelo brilhante, e na minha mente:
É êle, o PATEK PHILIPPE (ou "Patéco Filipe") como dizia Bebeto.
Pulseira de 1ª, uma polegada de largura, o bojo do relógio tipo Maracanã. O turista passou e foi em direção à água, mais à frente um jovem de uns 20 anos por ai, levantou-se e o acompanhou paralelamente a uns 5 metros de distância.
A dupla seguiu em direção à água, e logo aparece no meu campo de visão, mais 2 jovens de uns 20 anos, uns 5 metros atrás da dupla e separados uns 3 metros entre si. O turista ficou com com a água na altura da barriga, e saltando ondas de 1 metro. O primeiro jovem, tendo se certificado de que o turista não sairia do lugar, nadou mais para a frente e voltou.
Voltou num certeiro "crocodilo", digo "jacaré", na primeira onda que pegou "atropelando" o turista.
Nesse meio tempo o jovem de trás e da direita tinha se aproximado e estava atrás do turista, e assim que o turista foi atropelado, êle mergulhou em cima do mesmo. Evolução de corpos espumantes, o turista emerge chacoalhando enérgicamente a linha, digo o braço, em cuja isca, digo, relógio, vinha pendurado um roubalo de uns 60 quilos, ou seja um dos jovens.
Apesar da insistência do patife a pulseira resistiu ao ataque. Êle largou o relógio e saiu da água, enquanto o turista estupefato o acompanhava com os olhos. Era a "dica' do Destino para o turista tirar o time, mas êle não ouviu.
Nisso o "jacaré" que já estava a uns 30 metros, vendo que o turista continuava no banho voltou e se juntou ao jovem da esquerda e, na 1ª onda que veio, voaram em cima do turista, se embolaram dentro d'água e arrancaram o troféu dourado.
Sairam andando tranquilamente como se não tivesse mais ninguém na praia.
E na minha mente: Caramba!
MORAL DA HISTÓRIA:"Quem dorme dentro d'água é pato"!
AMIGO CACHORRO!
Tenho certeza que Bebeto veio a Belém me procurar, vi-o dormindo nas escadas do teatro da Paz, de costa para o bar do parque, cicatriz enorme, culpa da poliomiELITE, perguntei aos que conviviam com ele no infortunio, quem era aquele, e ouvi histórias iguais a estas, tive medo de olhar seu rosto e confirmar. Minha mãe tinha um ciume doentio de mim, além de ser racista por ter um trauma de um irmão negro na familia. Acho que ela não tomava café pra não correr risco! Para piorar moravamos no meio do mato sem lazer, nós sem dinheiro nenhum, eu minha mãe e meu irmão, caso levasse ele para lá e ele quissesse vir embora, como eu faria!Sofro pela minha covardia, mas ja sofri por tantas outras coisas.....!
Com SAUDADES LEITEIRO!
Covarde sei que me podes chamar
Porém trago no peito esta dor
Atire a primeira pedra oh iaiá
Aquele que não sofreu por amor!
Pequena Homenagem a Bebeto e Lua Rasta pelo muito que acrescentaram a minha Vida!
Embora algumas partes da História, possam não lhe ser favoravel, Bebeto pra mim foi um Ghandhi brasileiro, sempre pregando a Paz pelo canto e musica, com um copo na mão pra variar!
Pela pouca informação que tive antes dêle "sumir", sinto que ele foi vitimado por Banzo, pois nossa Amizade era muito forte!
Bebeto aonde estiveres:
Escrevi seu nome num fio de arameQuem quer que lhê chame
Vai ter que gritar:
Êh, Camará, Êh, Camará!
Êh, Fuzuê, parede de barro não vai lhe prender!
Êh, Fuzuê, parede de barro não vai lhe prender!
Quem quizer saber algo sobre o Grande Cantor Monsueto, Pai de Bebeto, clic neste Link: http://www.overmundo.com.br/overblog/monsueto-mora-na-filosofia
Renato, legal demais, suas memórias no Rio de janeiro. Quanta historia interessante. Dá um livro e tanto.
ResponderExcluirParabéns!
Abração!
Saudaçoes.
ResponderExcluirMuito admiravel o seu trabalho, Parabéns. Lhe comento que junto com dois amigos de juventude (Giancarlo Abreu Amici e Merreia -do Camoes-) fomos alunos da Sandrinha Capoeira, lá no Morro do Pavaozinho, aonde subíamos 2 ou 3 vezes na semana para tomar aula com ela. Corría os anos 78 ou 79, quando nos integramos ao Grupo Bantus de Capoeira. Tanto eles como eu fomos batizados por ela e outro contramestre de quem nao me lembro o nome. Havía outro alumno, un negao altíssimo e fraco, de nome Lissindro, também delá do Pavaozinho. Nunca tivemos nenhum problema com os vaporzinhos da área, todos sabíam que subíamos a aula com a Sandrinha e passávamos batido... Bons tempos, excelentes lembranças. Receba um forte abraço.
Luiz Eduardo Laufer M.
elaufer2012@gmail.com